O corredor que mudou a vida do casal de camelôs
São 80 centímetros de largura, uma portinha na rua mais movimentada de Campo Grande. Quem passa apressado nem vê. Por isso o proprietário Airton Figueiredo fica em pé, em um banquinho, chamando a freguesia.
Lá dentro, a esposa Márcia Gomes atende quem vai chegando. Os produto forra as duas paredes de uma extremidade a outra, são centenas de pares de rasteirinhas multicoloridas, uma fotografia e tanto na paisagem tumultuada da 14 de Julho. “É apertadinho, mas a gente acostuma. Ali no final já tem um metro de largura”, brinca a dona.
O corredor apertadinho foi a mudança de vida para um casal de camelôs que se conheceu na rua, entre uma venda e outra. Ele, desde os 13 anos trabalha como ambulante. Ela começou um pouco mais tarde, mas também enfrentou a dureza da informalidade.
Há 4 anos uma oportunidade única surgiu, graças a camaradagem do dono de um dos imóveis da 14, justo no quarteirão mais caro do comércio central.
“Ele confiou na gente e liberou do pagamento adiantado de 3 alugueis. A gente mal tinha o do mês, mas ele foi muito gente boa e mudou nossa vida”, conta Airton.
Eles são a prova de que um gesto faz uma diferença... “A gente abriu no vermelho, mas a cada ano vai melhorando”, comemora Márcia.
O negócio do casal hoje dá emprego para a família. No Nova Lima, eles produzem os sapatos que são vendidos na loja.
Por R$ 10,00 a cliente leva um par, no máximo por R$ 20,00. Na tarde de dezembro, antes mesmo do quinto dia útil, as cinco funcionárias não param. Vira e mexe alguém entra, só ou com amigas e filhas. “O produto tem um preço popular, por isso o lucro não é grande, mas dá para viver”, diz Márcia.
Dá para viver com a família toda ao lado. Com o negócio formal, Airton conseguiu trazer os parentes do Rio de Janeiro, terra natal. “O próximo passo vai ser lançar a loja na internet”, planeja Airton.