O "preço" do casamento é um valor que não se paga em dinheiro
Ao encontrar recibo do cartório de 2009, Wanick refletiu sobre o quão valioso é aprender a compartilhar a vida
Quanto custa um casamento? Pode ser que ao ouvir a pergunta, primeiramente venha à cabeça o valor de vestidos, ternos, buffet, alianças e tudo mais que envolve a cerimônia do matrimônio. Ao encontrar um antigo recibo do cartório, do ano de 2009, o mesmo questionamento surgiu na mente do quadrinista Wanick Correa.
Mas, indo além do valor material, o artista começou a refletir sobre o verdadeiro preço de uma união e das transformações pessoais que surgem ao casar: aprender a priorizar a família, abrir mão da individualidade e encarar os desafios que surgem ao longo do matrimônio.
Na época, o valor de pouco mais de R$ 400 era considerado muito dinheiro, principalmente para quem não tinha condições financeiras tão confortáveis, como era o caso de Wanick e a esposa, Priscila Muniz.
“Isso aqui foi um custo que, na época, foi muito dinheiro, e eu não tinha muito dinheiro na época para casar, mas a gente tinha certeza de que a gente ia ficar junto, que a gente ia casar e que nosso destino era ficar junto”, expressa.
O valor escrito no papel, no entanto, nem de longe, chega aos pés do custo real do casamento, que assim como ele expressou em sua publicação, tem um custo "tremendamente alto".
Calculando os “valores”
Wanick e Priscila se conheceram na escola. Eles estudaram juntos até a 8ª série, e depois que concluíram a etapa básica da educação, perderam o contato. Onze anos depois, o casal se reencontrou e começaram a namorar. Hoje, eles estão casados há 15 anos, e têm uma filha de 11 anos, fruto da união.
Nesses 15 anos, Wanick conta que os desafios da relação a dois não foram nada fáceis, mas o casamento foi uma escolha na época em que assinaram os papéis, e o casal continuou escolhendo um ao outro até hoje, principalmente diante de momentos ruins.
Em 2019 ela teve câncer, então a gente passou por um problema de saúde sério. Quando nossa filha nasceu, ela também teve um problema no nascimento, então a gente passou por um outro processo também. São várias experiências que nós vivemos.E essas experiências nos fizeram ficar mais juntos. O amor é um ato de serviço, o ato de servir a alguém ou a várias pessoas. O desafio principal é sair do egoísmo e trabalhar o altruísmo”, expressa.
O apoio, compreensão e atenção um com o outro também foram um dos vários fatores indispensáveis para incluir na “conta” do casamento. Isso porque, em sua experiência, o quadrinista revela que um dos principais desafios da vida conjugal é deixar o egoísmo de lado e se colocar no lugar do outro.
“Acreditamos que nós casamos para ser felizes, mas, na verdade, quando a gente coloca na cabeça que nós queremos fazer o outro feliz, acredito eu que temos mais sucesso em fazer algo pelo outro sem esperar muito em troca, sem esperar uma devolutiva imediata, porque eu acredito que o amor ele é ato de serviço, o amor não é sentimento”, comenta.
O nascimento da filha também foi um fator que, além de somar para o crescimento do casal, também está sendo um grande aprendizado. “Tem uma frase que diz que a gente só aprende a ser filho quando se torna pai, e só aprende a ser pai quando se torna avô. Então eu acredito que ainda vou passar por essa fase de aprender a ser pai, mas neste momento estou aprendendo a ser filho, sendo pai da minha filha. E para mim é muito importante esse aprendizado constante, de ser firme na hora que tem que ser firme, de ser presente e de ser muito forte”.
Abrir mão faz parte
Quando escolheu trilhar seu caminho por esse mundo acompanhado por outra pessoa, a decisão implicou que Wanick renunciasse a uma coisa que, para muitos, talvez seja difícil: a solidão e o tempo a sós.
Se dedicar a um casamento, principalmente quando ele vem com filhos de brinde, exige uma cota de presença maior e mais dedicada, e não dá para simplesmente se “fechar” em seu próprio mundo, o que pode ser um desafio.
“Eu ficava muito tempo sós, todo artista precisa de tempo sozinho. Precisa de tempo de maturação da sua arte, e eu abri mão disso. Hoje eu não sou mais sozinho, eu tenho uma família pra deixar um legado”, declara.
Dentro das vivências do quadrinista, a instituição ‘casamento’ também faz, mesmo que de forma indireta, os envolvidos abrirem mão da individualidade, e aprender a conviver em comunhão. A convivência constante e diária também é um desafio, pois com ela vêm os atritos e a necessidade de precisar se reconhecer como pessoa.
“Eu faço parte de uma comunidade que tá crescendo, então eu preciso saber quem eu sou. Então eu fui entendendo a minha família, quem eu era como filho, quem eu era como marido, quem eu era como pai. A construção da identidade vai depender do quanto eu estou apto a permanecer”.
Para quem planeja ou sonha em se casar, Wanick aconselha a buscar entender que o casamento vai muito além da procura pela felicidade ou de alguém para suprimir algo que sentimos que necessitamos. Para o quadrinista, a união matrimonial é uma ‘promessa’ de continuar perpetuando aquilo que o casal construiu e constrói todos os dias, em seus descendentes.
“Um casamento não é para te fazer feliz, não é para você sair da sua casa porque você não aguenta mais morar com os seus pais. O casamento é algo muito maior, porque você imagina que de um casamento, virá uma sociedade, virá uma civilização. O casamento tem uma promessa de que você vai continuar perpetuando aquilo que você fez, o que você é e aquilo o que você buscou ser, na outra pessoa, naquele que fica, nos seus filhos, nos seus netos. O casamento é uma unidade que move o mundo”, finaliza.
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