Palestino que já viu guerra de perto espera família voltar para MS
Irmãos e sobrinhos dele estão na Cisjordânia, na zona de conflito,
Os olhos de Omar Faris já viram a guerra no Oriente Médio bem de perto. Nascido na Jordânia, ele estava na Faixa de Gaza quando estourou a dos Seis Dias, em 1967.
O palestino hoje mora em Corumbá, tem comércio em Campo Grande e agora só quer ver os irmãos e sobrinhos voltando para o Brasil a salvo do conflito militar, que ressurgiu no sábado (7). Eles planejavam voltar para a capital sul-mato-grossense no próximo dia 25, mas a guerra os surpreendeu.
Aos 71 anos, o próprio Omar recém-chegou com a esposa da Palestina. Ficaram por lá de junho até o início de setembro. Se tivessem adiado a partida em pouco mais de um mês, enfrentariam medo e dificuldade para voltar ao Brasil.
Da família de Faris, nem todos nasceram na Palestina. Os sobrinhos, por exemplo, são campo-grandenses. Mas é costume passarem uma temporada no Oriente Médio para "se restabelecerem financeiramente", conta Omar.
Como estão - Omar conseguiu contato direto com os familiares, que estão na Cisjordânia, bem na área de conflito. Confirmou que ninguém está ferido.
A notícia de que estão bem não diminuiu a apreensão sobre quando irão voltar, já que todas as entradas e saídas na região estão bloqueadas.
"A gente não sabe como vão chegar. Israel bloqueou todas as entradas e saídas das cidades, vilarejos e até a TV. Ninguém sai, ninguém entra. Há barreiras em toda parte", relata o palestino.
Parentes de Omar estão entre os mais de mil brasileiros que pediram à Embaixada Brasileira apoio para sair de Israel ou da Palestina. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro informou que negocia a entrada de aviões da Força Aérea no aeroporto de Tel Aviv para buscá-los e fazer a repatriação.
Seis Dias - É inevitável o comerciante relembrar como passou pela Guerra dos Seis Dias, que aconteceu há mais de 50 anos, entre 5 e 10 de junho de 1967. Nela, houve enfrentamento entre os exércitos de Israel, Egito, Síria e Jordânia.
Adolescente na época, não foi poupado de presenciar o horror:
"Eu assisti até uma cena: eles foram pegar alguém, não sei o que que aconteceu, na madrugada. Imagina, 4h da madrugada, você está na sua casa e daqui a pouco é surpreendido por 50 soldados com jipes militares e até tanque de guerra. Sabe?", começa Omar.
Eles fazem isso. Invadem as casas, entram já atirando nas pessoas morando nessas casas, não querem saber de criança ou idoso, mulher ou homem, não querem saber de nada disso", continua.
Ele lembra de uma época de paz. "Antigamente, eu podia atravessar a rua para falar com minha vizinha. Hoje, eles colocaram barreira, já não posso ir pra lá. Está muito triste a situação. Muito triste, muito delicada".
Por fim, Omar declara amor ao Brasil, que "divide a metade de seu coração" com a Palestina. "Com maior orgulho, maior satisfação, eu carrego o passaporte brasileiro". É o que o conforta em meio à espera pela família.
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