Para desespero dos clientes, João da Linguiça morre todo dia
Há 1 ano circula a notícia que o famoso João da Linguiça do Pioneiros morreu de covid, mas ele esté muito vivo
É por volta de 16h30 da tarde, João Pedreiro, de 51 anos, mais conhecido como João da Linguiça do bairro Pioneiros, está no caixa de seu comércio.
Surge então um homem sem camisa na porta e o interpela: “Poxa João, não queria nem te falar, mais estou muito feliz de te ver aí, fiquei sabendo de uma notícia... Mas não vou nem te falar (repetindo). Só pra você saber que estou feliz de te ver”, e sai.
Este homem chama-se Antonino Nunes Santos, pedreiro de 67 anos. Ele, assim como outras dezenas de pessoas, achou que João estava morto. “Eu estou muito feliz de ver ele ali, moro aqui no Pioneiros e conheço João há 20 anos. Fiquei sabendo pelo povo aí na rua que ele tinha morrido de covid-19, mas graças a Deus é mentira. Ele está vivinho ali, só de ver já ganhei meu dia”, reforça o amigo emocionado que nem João lembrava que tinha.
Essa tem sido, com breves interrupções, a incômoda rotina de João desde março de 2020. Isso porque foi nesse mês que surgiu uma notícia falsa dando conta de sua morte por covid-19, que tomou o WhatsApp dos campo-grandenses.
“Pioneira está em luto! Ficou sabendo que morreu o João da linguiça?”, seguindo de um link falso com o título: “Hospital Regional de Campo Grande confirma óbito por covid 19 de empresário conhecido da cidade”. Nesse caso, ao abrir o link, a pessoa era levada à imagem de um homem nu. Essa é uma das mensagens. Algumas nem link tinham, apenas o texto “informando” a morte.
Eis que agora, pouco mais de um ano após início dessa cruzada para provar que não morreu, a fake news surge de novo. Sem parar de atender seus clientes no caixa de seu açougue, João tenta, frustrado, imaginar a razão de ter sido vítima da notícia falsa.
“Acho que é uma brincadeira de péssimo gosto. Usaram o carinho que as pessoas têm por mim, para disseminarem essa foto de mau gosto”.
Segundo João, assim como Antonino, muitas pessoas foram até o estabelecimento dele conferir se estava vivo. “É direto assim, gente vindo aqui, ligando, mandando mensagem nas redes sociais”.
João conta que a primeira vez que a notícia surgiu, em 2020, foi um desespero para família. “Eu estava pescando, sem sinal dois dias, diz que minha filha chegou gritando em casa, minha mãe idosa passou mal”.
Porém, agora, quase um ano após ter “morrido” pela primeira vez, João já está mais acostumado. “Ninguém dá mais bola, pessoal daqui do açougue, amigos e família já sabem que é mentira”.
João viveu aquilo que por um lado é o maior medo do ser humano, a morte, mas também teve a oportunidade de sanar uma curiosidade que permeia os corações de outros tantos: como as pessoas reagiriam a minha morte?
“Rapaz, eu vou te dizer que por uma lado fiquei feliz. Teve amigo meu que me ligou e quando atendi, antes mesmo de ele responder já estava chorando de alívio por constatar que eu estava vivo, então por esse lado percebi que sou muito querido, que muita gente se importa comigo”.
O empresário realmente teve covid em outubro de 2020, mas sem maiores complicações. Para desespero dos clientes e amigos, após um ano tendo que provar que não morreu, João vê esse advento como um sinal.
Acho, na verdade, que isso é um recado, que quer dizer o oposto; que vou viver muitos anos ainda”.
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