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Comportamento

Juliana se redescobriu após diagnóstico próprio de TEA e do filho

Diagnóstico foi “libertador”, mas desafio ainda é encarar o dia a dia sendo atípica e mãe atípica

Por Idaicy Solano | 18/01/2025 07:39
Juliana se redescobriu após diagnóstico próprio de TEA e do filho
Mãe ao lado do filho em atividade escolar (Foto: Arquivo Pessoal)

Há dois anos, a professora Juliana Teixeira da Silva, de 35 anos, embarcou uma jornada de redescobertas sobre si mesma, ao receber um diagnóstico tardio de TEA (Transtorno do Espectro Autista), ao mesmo tempo em que aprendia a lidar com o filho, Arthur, de três anos, também autista.

Juliana levou quase uma vida inteira para entender o que se passava dentro de sua mente e por que possuía uma visão de mundo e comportamentos “diferentes” do restante das pessoas. Durante a infância e adolescência, e uma parte da vida adulta, Juliana relata que não conseguia sentir que fazia parte de nada, nem sequer da própria família. Até suas amizades eram bastante seletas, que expressa que possuía uma forma “diferente” de interpretar o mundo ao seu redor.

O laudo de TEA (Transtorno do Espectro Autista) veio quando ela completou 33 anos, e o diagnóstico, nas palavras da professora, foi “libertador”, principalmente por preencher lacunas para as quais ela não tinha explicação ou meio de entender como lidar, por conta da falta de diagnóstico.

“Toda essa bagunça na minha cabeça, hoje eu consigo entender. Faço terapia para minha idade e tem me ajudado muito a me conhecer e compreender. Ao longo dos anos, desenvolvi psoríase e ansiedade generalizada. Saber que sou autista está me ajudando em meus tratamentos, pois conseguimos adequar medicamentos e terapias para melhorar todas as comorbidades associadas ao TEA”, detalha.

Ser atípica e mãe atípica 

Após passar praticamente toda sua vida, até agora, no “escuro” em relação a si mesma, o diagnóstico acendeu uma luz na criação do filho, Arthur, que também recebeu o diagnóstico de TEA, mas diferente da mãe, terá a oportunidade de receber o tratamento adequado.

Hoje, ela identifica no filho muitos comportamentos semelhantes aos dela durante a infância, como, por exemplo, a sensibilidade em relação à luz, cheiro e som e a dificuldade para dormir

“Isso muitas vezes nos limita nos ambientes, mercados e lugares. Isso é realmente muito incômodo, até no ambiente de trabalho. Mas estamos conseguindo melhorar a cada dia com terapias corretas e assertivas. Desde criança me lembro de passar noites em claro, e até hoje, só durmo com remédio, pois tenho insônia crônica e isso se repete com meu filho, que também toma remédio para dormir”, relata.

Juliana se redescobriu após diagnóstico próprio de TEA e do filho
Diagnóstico veio tanto para ela quanto para ele. (Foto: Arquivo Pessoal)

Autismo não tem cor, rosto ou forma 

“Nós autistas, passamos por diversas situações, desde não acreditarem que somos autistas, por não ‘parecer autista’, mesmo sabendo que o autismo é uma deficiência oculta. Isso até as pessoas duvidarem também de nossa capacidade, e pensarem que não somos capazes de desenvolver bem nossas funções”.

As situações descritas por Juliana acima, vão desde dúvidas acerca da capacidade dos autistas, até o ‘incômodo’ da população acerca dos direitos que as pessoas que se enquadram nesse aspecto recebem.

As situações são simples, mas enfrentá-las diariamente acabam se tornando uma verdadeira dor de cabeça. “As pessoas nos locais olham de cara feia, não gostam que estacionemos em vagas preferenciais, filas de mercado, etc. Mas elas não veem como é o nosso dia a dia com uma criança autista e seus desafios”, desabafa.

Mas, mesmo com as adversidades, Juliana diz que o acompanhamento vem lhe ajudando a superar suas próprias dificuldades, além de poder proporcionar o mesmo para Arthur.

A cada conquista dela, como passar em concurso público, ter bom desempenho nos estudos e até ter tido a chance de ir em um podcast relatar sua experiência, é também a certeza de que seu filho, no futuro, poderá trilhar o mesmo caminho, assim como outras crianças autistas.

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