Para quem vive no interior, morar na Capital é privilégio para ser valorizado
Nesses 120 anos de história, o Lado B ouviu moradores de diferentes regiões do Estado, que falaram e opinaram sobre à Capital
Um local lindo, arborizado e com diversidade cultural. As opiniões de quem vive no interior são na maioria positivas quando a pergunta é qual a primeira coisa que passa pela cabeça ao lembrar de Campo Grande. Afinal, são 120 anos marcando a história dos sul-mato-grossenses.
O Lado B conversou com pessoas de Bonito, Jardim, Corumbá, Dourados, Aquidauana, Anastácio, Dourados, Sidrolândia e Terenos para saber a opinião delas sobre à Capital. Muitos comentaram sobre os pontos de lazer, as deliciosas comidas que só encontram por aqui. Os parques para passear com a família também não ficaram de fora. E os shoppings para fazer as compras? Esses são impossíveis de esquecer.
Quando se olha a cidade de longe, surgem, inclusive, detalhes que passam despercebidos, até mesmo pelos moradores de Campo Grande. Os comentários mostram que, às vezes, reclamamos de "barriga cheia", porque o que não falta são oportunidades e, em relação ao restante do Estado, a visão de quem vive no interior é de que somos privilegiados em quesitos fundamentais, como atendimento médico, por exemplo.
Dourados - A 233 quilômetros de Campo Grande, os moradores de Dourados comentaram sobre a diversidade de opções culturais, as oportunidades de lazer e até do povo bonito que tem por aqui.
Quando se fala em Campo Grande, a primeira coisa que vem à cabeça da engenheira agrônoma, Cassiane dos Santos Silva, é a famosa Feira Central. “É um lugar que tenho muita vontade de conhecer. A cidade é ótima, apesar de ter tido poucas oportunidades de visitar”.
Geralmente vem para cá a trabalho e, quando sobra tempo, revê os amigos da época da escola. Ela faz planos para visitar novamente a Capital e fazer um tour por aqui. “É um povo acolhedor mesmo morando na cidade grande e tendo uma vida mais agitada. São pessoas simples e alegres”.
Ela comentou sobre a diversidade cultural. “É diferenciada dos demais municípios, pois acolhe pessoas de vários locais, isso é característica daí. É uma mistura”, explicou. “Já no interior a gente encontra pessoas com os mesmos hábitos, costumes”.
Falar em Campo Grande é também recordar do Aquário do Pantanal. “Lembro quando anunciaram na TV sobre a construção, ia ter espécies do nosso Estado. Achei o máximo ter um aquário gigantesco que pudesse visitar sem sair do MS. Mas, infelizmente, acho que isso não vai ser possível”, declarou Cassiane.
Diego Batistoti Ferreira lembrou da principal avenida da Capital, a Afonso Pena. “Tudo que procuro ou preciso, encontro em Campo Grande. Sem dúvidas é o grande diferencial. Têm suas qualidades e defeitos como as outras”.
Aos 30 anos, ele é funcionário público e nos visita quatro vezes ao mês, geralmente a trabalho. Quando sobra tempo, gosta de aproveitar. “São muitos lugares para ir. As festas no Parque das Nações Indígenas me chamam atenção”, falou.
Para Solange Figueirôa Liebich, a Capital é hospitaleira. Ela é microempresária, tem 55 anos e comentou sobre a diferença entre as duas cidades. “Mais gente e povo bonito. Gosto das avenidas arborizadas, das araras que sempre vemos por aí”, disse. A cada dois meses visita Campo Grande. “Revejo os amigos, como sobá na Feira Central e jogo boliche”.
O servidor público, Marcelo Cunha lembrou-se de quando era criança. “Os prédios na infância me chamavam muita atenção”, recordou. “Tem mais oportunidade em todos os setores, desde aeroporto, shopping, lazer com inúmeros restaurantes e para quem necessita na área de saúde”.
Marcelo tem 43 anos e vem ao menos uma vez por mês. “Às vezes por necessidade em viagens que não tem voo saindo de Dourados, ou mesmo a passeio, aproveitando para visitar familiares e a trabalho”.
Meio-termo - Nas cidades de Anastácio e Aquidauana, 135 quilômetros da Capital, os moradores divergem nas opiniões. Tem aquele que gosta, como Júlio, a que vem sempre, igual à Rayssa, e aquela que até admira, mas prefere a vida pacata de interior que nem a Gabriela Ribeiro, 19 anos.
“Me encanta a paisagem da Avenida Afonso Pena, a Orla Morena e os shoppings. Aqui em Aquidauana não tem esse diferencial”, disse Gabriela. Ela é assistente de estética e esteve na Capital cinco vezes, porém não teve uma boa impressão dos moradores. “É meio-termo. Não gostei do atendimento nos comércios, motoristas imprudentes, trânsito perigoso e é tudo muito longe”, completou.
Rayssa Dias de Carvalho também é de Aquidauana, mas vem todos os dias para assistir as aulas na faculdade. É estudante de Direito, tem 18 anos e comentou sobre as diferenças entre as duas cidades. “Encaro a rodovia com outros universitários todos os dias, pois aqui tem universidade, mas existe limite [de alunos]”. “O que falta numa, é possível encontrar na outra”.
“Aqui existe escassez de emprego, já em Campo Grande a oferta é maior, a saúde é melhor, pois minha mãe precisa fazer tratamento lá. As farmácias e supermercados são 24hs, são os diferenciais”. Quando não está estudando, gosta de participar dos eventos acadêmicos. “Coisa que não acontece em Aquidauana”. Já sobre os moradores, acredita que todos são muito ocupados, o que torna a população não tão receptiva assim. “As pessoas de Aquidauana são mais acolhedoras”.
Já Júlio Faria é campo-grandense, mas mora em Anastácio desde que tinha um ano de idade. Por alí, cresceu, se tornou professor de Educação Física, porém vem diariamente visitar a cidade natal. “Vi na Capital a oportunidade de encontrar cursos, pois também sou assistente social e instrutor de trânsito, e gosto de estar atualizado nessas áreas”, disse.
Para ele, os moradores de Campo Grande são acolheres e a cidade tem o ar de interior. “Proporciona qualidade de vida. Mas a diferença está na questão comercial, pois municípios pequenos têm deficiência em serviços como saúde, comércios 24hs, oportunidades de trabalho”.
Bonito - A 297 quilômetros, os bonitenses também mostraram seu ponto de vista. Os moradores da cidade turística comentaram sobre a beleza da Capital morena. Fizeram uma breve comparação entre os locais. “É um local que não perde esse ar interiorano. Um rústico moderno”, destacou o músico, Kalu Carvalho, 42 anos.
“É uma cidade linda e em constante expansão. Quando falam de Campo Grande me vem logo à cabeça o pôr do sol incrível. Gosto muito da gastronomia e dos parques. A Avenida Afonso Pena é um show à parte”, declarou.
Kalu veio poucas vezes pra cá, mas faz planos de morar três meses na Capital. “Vou aproveitar os shows, cinema, teatro, coisas que sempre faço quando estou por ai”, disse. Contudo, apesar de achar mil maravilhas, comentou sobre os boatos que ouviu sobre os moradores de Campo Grande. “Dizem que são metidos. Mas, me dou bem com muitos e tenho vários amigos aí”.
Já Maria Aparecida Dourados Alves conhece poucos campo-grandenses, pois vem à Capital apenas para atendimento médico. “Vou mais para levar minha filha ao médico. Ela faz tratamento contra o câncer. Quando vou, gosto é de visitar a casa de familiares e ir ao shopping”.
Ela tem 23 anos afirmou que a cidade é boa para se morar, porém não troca seu sossego do interior. “É um local bonito, com muitas culturas e tem comida boa. No entanto, em Bonito não tem trânsito, assalto, roubo. Nessa cidade posso sair de casa sem medo, e não preciso pegar ônibus para voltar. Não troco essa paz”, frisou.
Jardim - Sandra Acosta Lemes, 26 anos, está a 237 quilômetros de Campo Grande. Contou que várias pessoas que conheceu em Jardim, se mudaram para a Capital em busca de oportunidades. “Foram para conseguir emprego e hoje mudaram de vida”.
“Não conheço muita coisa na Capital, mas têm várias atrações culturais e até os alimentos são mais baratos do que no interior, que é o dobro do preço. Outra coisa é a saúde, temos que ir a Campo Grande para atendimento médico, ter tratamento, pois em Jardim não existe”, relatou. “Penso apenas coisas boas desse local. Tenho amigos maravilhosos aí, apenas elogios”, completou.
Corumbá - A corumbaense, Kyrlihan Wasouvicz, gosta de passear em Campo Grande. Mesmo estando a 426 quilômetros de distância, ela tem uma boa imagem da Capital e dos moradores. “As pessoas são calorosas, recebem a gente bem. Também são sortudas por terem um local com aparência linda”.
Ela é estudante e contou que sempre lembra do cinema, dos lançamentos de filmes e dos shoppings. “Penso nas coisas que posso fazer para aproveitar a Capital. A diferença entre as cidades, é que aí tem mais diversão, lugares para passear, diversidade de comida. Isso não se encontra em Corumbá. O que também me chama atenção é que tudo é limpo, as pessoas têm um zelo pelas casas delas. Logo na entrada, a gente já vê a cidade inteira”.
“Quando visito o local, aproveito para ir aos cinemas, mercados grandes porque o preço é mais em conta que o de Corumbá”, afirmou Kyrlihan.
Visitas - O empresário Helder Victor de Vasconcelos está mais próximo, a 32 quilômetros de distância. Ele morou na Capital por três anos, mas mudou-se para o interior para investir nos negócios da família. “Moro no Cachoeirão, zona rural de Terenos. Deu certo minha pousada por lá”, disse.
“Tem 25 anos que saí de Capital. Gosto da cidade e até comprei um terreno para construir uma casa e futuramente voltar a morar em Campo Grande”.
Vilmar Barce, 53 anos, e mora em uma chácara localizada no município de Sidrolândia, 71 quilômetros, mas todos os meses visita a Capital. “Aqui venho para ir ao médico, já fiz cirurgia na coluna. Quando venho pra cá gosto de ir na casa dos meus parentes nos bairros Caiçara e Los Angeles. Tenho muitos amigos. Tenho vontade de ficar mais tempo para conhecer os parques e outros pontos de Campo Grande”, concluiu.