Patrimônio da Cohab, Rosa era a mãezona que abraçou vizinhança
Conhecida na região Universitária II, ela era uma das principais figuras que contagiava todos com sua animação
Rosalina Pereira Nantes, 57 anos, é uma figura que marcou a região Universitária II- Núcleo Habitacional (Cohab), em Campo Grande. Cheia de alegria e sempre disposta, ela abraçou a vizinhança e fez parte da vida de muitos moradores que a consideram o “Patrimônio da Cohab”. Na véspera do Dia das Mães deste ano, tia Rosa partiu devido a um infarto fulminante, e deixou um vazio no coração de quem a conhecia.
“Era uma mãezona, mas todo mundo a chamava de tia Rosa. Era tia de um bairro inteiro, onde morei a maior parte da vida. Liderava grupos de jovens da igreja, ensaiava quadrilhas de festa junina, peças de teatro religiosas, visitava doentes, rezava terços, novenas e estava sempre disposta a ajudar”, conta o jornalista Guilherme Soares Dias, 35 anos.
Ele conversou com o Lado B e falou sobre as lembranças que têm de Rosa, já que foram vizinhos por 24 anos. Ela, sempre disposta, era quem organizava os ensaios das festas juninas, catequese e sempre trabalhava de voluntária na comunidade Sagrado Coração de Jesus, o que aproximava ainda mais pessoas dela.
Infelizmente, Guilherme não tem fotos da época com Rosa, mas afirma que a tia de consideração fez parte de sua história e marcou sua infância. “Era leoa, brigava quando precisava, mas também era doce, divertida e tinha uma risada inconfundível. Quantas tardes com tereré passamos juntos. Era mãe de amigos que moravam na mesma rua que eu. Mas, agora que se foi, percebo que era a nossa amiga”.
As recordações de criança voltam à tona neste momento. “Não se esquivava de brincar na enxurrada formada pela chuva, jogar bete. Lembro das partidas de bozó, que vez ou outra ela roubava, virando um dado ou outro a seu favor ou de dar altas risadas sentada no chão chupando manga e se lambuzando toda”, diz ele, rindo das situações que passaram juntos.
Ela foi a primeira entrevistada de Guilherme, quando ainda estava na 8ª série. “Tinha uma atividade que era fazer uma entrevista com alguém e contar essa história por meio de perguntas e respostas. A minha foi com tia Rosa e a fiz enquanto ela passava roupa”.
Hoje a saudade aperta ao ouvir o nome “Rosa” novamente. “Tia Rosa vai estar sempre nas nossas histórias e lembranças. O coração grande não aguentou o peso de tanto amor e a levou para descansar. A gente fica por aqui, sentindo falta, mas com a missão de levarmos sua alegria e generosidade para o mundo”, diz.
Ricardo Nantes é o filho mais velho de Rosa e, ainda abalado, fala sobre o carisma e admiração pela mãe. “Era bem mãezona, dando conselho, me colocando para cima, me ajudou muito. Sempre brincalhona, se escondia atrás da porta para assustar e era assim mesmo com todos”.
Ele tem 39 anos, é motorista e comenta que a mãe era o alicerce da família e também o suporte para outras pessoas. “Escondia a dor dela para acalmar a dor dos outros. Era o patrimônio da Cohab, todos a conheciam. Fez de tudo um pouco, participou da construção da comunidade. Estava sempre envolvida em ações sociais”.
Da lição que deixou em vida, Ricardo diz. “Amor e perdão, ela acordava todo dia às 4h da madrugada para rezar e sempre falava de amor e perdão. Rezava por todos. Ainda não caiu a ficha, foi uma perda grande”, fala o filho.
A despedida de Rosa foi no domingo, marcada por tristeza e saudade. Devido a pandemia do novo coronavírus, a cerimônia não pode demorar e nem os familiares receber todos que a conheciam. Contudo, nas redes sociais, várias homenagens e mensagens de "adeus" foram postadas.
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