Paula trocou sala de aula pelas unhas e venceu inúmeros pesadelos

Todos nós somos clientes de alguém, mas sabemos a importância da nossa posição para aquele prestador de serviço? Na história da Paula Morandi, de 32 anos, cada uma das suas clientes e alunas de nails design são parte do seu processo de superação, que inspira e motiva a transformação de outras pessoas.

Cada fase da vida da Paula já rende um roteiro de filme! Ela é a quinta de sete filhos da sua mãe biológica, a Maria de Lourdes, lá na zona rural de Naviraí - a 359 km da Capital. A situação de extrema pobreza que vivia motivou uma vizinha a retirá-la da mãe e “doar” para uma família que não podia ter filhos. É importante destacar que os pais não sabiam da situação, pensaram ser algo legal e de espontânea vontade da genitora.

“Fui levada para os meus pais adotivos com uma latinha de leite em pó, uma mudinha de roupas e uma fraldinha. Quando minha mãe entendeu que nunca mais me veria, ajoelhou e pediu a Deus que eu fosse cuidada com amor, por uma família boa”. E foi isso que aconteceu.

Paula cresceu em um lar onde a sua adoção era uma assunto muito bem resolvido e que nunca impediu de receber todo o amor que precisava. Fez faculdades de Letras e Pedagogia, seguiu o caminho dos pais adotivos e o trabalho na sala de aula também foi sua realidade por muito tempo. Casou, conquistou a casa própria e tudo que a fase adulta pede, mas quando o filho nasceu sentiu a necessidade de “encontrar suas raízes”, motivada pelo medo de doença genética.

“Na época eu contratei um detetive, que localizou a minha família biológica lá em Itajaí, Santa Catarina. Quando eu os conheci, eles viviam em uma favela atrás do porto, em uma situação totalmente precária, a maioria sem estudos e com dificuldades sérias. Não julguei minha mãe, mas entendi que aquela atitude desesperada mudou minha vida e me proporcionou um futuro melhor.  Agora eu sou uma pessoa com condições de colaborar com eles de alguma forma, mesmo a distância”, compartilhou Paula.

Anos mais tarde, um câncer de pulmão levou sua mãe adotiva e, na sequência, veio a pandemia com as aulas remotas. “Por muitas vezes eu dividia aquele ambiente escolar com a minha mãe. Não suportei enfrentar a sala de aula sem ela”.

Foram inúmeras as tentativas de se recuperar, já que a doença levou a situações extremas, como tentar tirar a própria vida. O diagnóstico de borderline chegou após muitos exames e retornar para as aulas não seria a melhor opção para sua plena recuperação.

“Eu fazia unhas para mim mesma, mas não era algo profissional. Meu esposo e sogra sugeriram de eu estudar e fazer para ajudar na recuperação, nem que cobrasse apenas um valor simbólico. E foi aí que a minha vida se transformou! Encontrei nas unhas o meu lugar de paz, a ponto de me emocionar com cada cliente que consigo fidelizar”, diz Paula com os olhos cheios de lágrimas.

Claro que não foi fácil trocar de profissão. Ela enfrentou a recusa do pai, a falta de compreensão de muitos que a conheceu sendo professora, mas Paula valoriza o que realmente lhe faz bem e a sustenta em meio a tantas dificuldades que os caminhos da vida podem levar.

“As pessoas que querem começar uma nova profissão, quero dizer: estudem muito e não tenham ou desistam. Pede pra Deus ajudar, não tenha vergonha das suas orações, peça para Ele, que vai dar tudo certo”, termina a nails design. Ela atende no espaço da própria casa, no Bairro Pioneiros.

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