Paulo largou emprego e descobriu uma nova vida com a “doma índia”
Doma índia é uma técnica ancestral de doma de cavalos que também leva ao autoconhecimento
Em uma das pistas da Escola Hípica de Campo Grande, no Taveirópolis, um curso é oportunidade de aprender sobre a doma índia, técnica ancestral de doma e amansa de cavalos. Quem ensina é o gaúcho Paulo Augusto Vieira Pietry, de 23 anos, que compartilha o conhecimento que adquiriu ao longo do ano passado no assunto. “Esse curso é muito mais uma mensagem, uma técnica de vida do que apenas a doma índia”, detalha.
A doma índia que Paulo ensina é resgatada de índios sul-americanos, especificamente da região do Sul do Brasil. No final de 2019, Paulo se aventurou pelo continente depois de largar emprego na área de veterinária e bens materiais para trás, na sua cidade natal Monte Negro, no Rio Grande do Sul.
“Alguns chamam despertar espiritual, outros chamam de autoconhecimento, outros ainda de loucura”, ri. Com violão nas costas, viajou de moto pela América do Sul, até que na Argentina entrou em contato com a doma índia pelo mestre Oscar Scarpati. Quando voltou ao Brasil, no auge da pandemia em abril de 2020, começou a passar o conhecimento adiante e agora roda o país ministrando cursos.
O curso foi para qualquer pessoa que sentia uma conexão com cavalos de alguma forma. Paulo mesmo se diz apaixonado pelo animal. “Desde pequeno, tudo o que eu fazia, desenhos, poemas, envolvia cavalo”, lembra. Aos 13 anos ganhou o primeiro cavalo, o que abriu as portas para a área da veterinária, até que em 2020 embarcou na viagem.
Durante os dias, Paulo ensina como lidar com os cavalos e diz que a reação das pessoas tende a ser bem intensas, justamente por não se tratar apenas de ensinar uma simples técnica. “É um caminho do autoconhecimento por meio do cavalo, que inclusive começa sem o cavalo. A rigor, todo mundo quer ser feliz e aqui a gente vai direto ao ponto, deixa de projetar nossas carências no animal, é por isso que a gente acaba sucumbindo à liberdade desse animal, ao invés de buscar nele um processo de conhecimento e liberdade”, expressa.
Paulo é bem espiritualizado, fala com convicção sobre a busca de autoconhecimento ou constelação familiar. Confiança que na hora de lidar com os cavalos também transparece. Na pista hípica, ele chegou até de levar um coice, mas em pouco mais de 10 minutos, já estava deitado e abraçado com o cavalo na areia, convidando os participantes a se conectarem com o animal também.
“É mais do que ensinar, só sobre domar cavalos, é sobre como você se relaciona com o cavalo. E sobre ele em relação com a natureza, em relação com a gente, a gente em relação aos outros. É um curso para a vida”, expressa.
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