Poema perdido há 30 anos é reencontro com juventude "sombria"
Jornalista reencontrou poema que escreveu na adolescência e ainda tenta "desvendar" a si mesmo após viagem no tempo
Viagem no tempo, um dos maiores fetiches da humanidade. Fisicamente ainda é impossível, mas emocionalmente não. A nostalgia talvez seja nossa única viagem no tempo possível, e que traz consigo uma série de sentimentos meio anuviados.
O jornalista Clayton Sales, de 46 anos, viajou no tempo. Ele encontrou o Calyton poeta, um adolescente de 17 anos. A máquina por meio da qual ele se transportou para o passado foi um poema escrito por ele mesmo nesta idade, quando ainda era aluno do tradicional Colégio Latino Americano.
Em uma postagem em suas redes sociais, o jornalista explica a pequena saga até encontra o texto escrito em 1991.
"Não faço ideia do meu estado de espírito na época. Eu era um garoto de 17 anos, ansioso pela maioridade e por escapar do serviço militar. Garoto crescido no Rio de Janeiro tentando se adaptar à Campo Grande de MS, para onde não queria se mudar. Garoto terminando o ensino médio sem a menor ideia de vestibular e carreira a seguir. Era novembro de 1991 quando o Colégio Latino Americano publicou uma coletânea de poemas selecionados entre alunos e alunas. Assim que soube da inscrição, corri para o caderno e tratei de rascunhar versos. Bati o resultado na máquina de escrever elétrica. Poema entregue. Clayton Sales, 3° ano. Título: 'A Corda Bamba'. Assim ficou".
O convite para a noite de autógrafos do livro de poemas foi encontrado por Clayton há cinco anos. "A partir daí eu lembrei que tinha escrito u poema num livro e que esse livro foi publicado. Comecei uma pequena saga para encontrar o poema".
Há cerca de um mês, um amigo de infância, também poeta, descobriu o desejo de Clayton e resolveu presenteá-lo com o livro, cujo o poema "A Corda Bamba" estava publicado.
"Eu fiquei muito feliz com esse reencontro comigo mesmo. Me trouxe muita nostalgia, apesar de ser um poema sombrio (risos). Acho que era porque passava por um momento complicado, era meu primeiro ano em Campo Grande, não queria ter me mudado, mas confesso que até hoje tento entender o que estava pensando,fico meio intrigado".
Clayton completa em sua postagem: "Tenho relido a poesia e tentado dialogar com esse moleque amargo. Que melancolia é essa, guri? Que revolta é essa, rapaz? Ele é enigmático. Observei a estrutura do texto e deduzi que a intenção era ser uma canção. De rock, talvez. O Clayton de 17 anos não confirmou. Nem negou. Quero fazer esse menino sisudo me revelar mais. O poema é a voz com que ele se comunica comigo. O tempo é o ruído. Como ele sou eu, é fácil imaginar o trabalho que vai dar. Comecei uma pequena e deliciosa nova saga".
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