Primeira delegada mulher de MS, Lourdes dedicou trabalho às crianças
‘Dama de Ferro’ lutava contra câncer e faleceu no início da semana em decorrência de insuficiência pulmonar
“A melhor maneira de resolver um problema é começar a resolvê-lo”.
A frase era o lema de Lourdes Rondon, primeira mulher a assumir um cargo como delegada no Estado de Mato Grosso do Sul. Lourdes atuou na Delegacia da Criança de 1977 a 1979, e deixou em seu legado o título de pioneira na promoção de ações sociais e terapias ocupacionais para crianças em situação de rua.
Lourdes lutava contra um câncer, e faleceu aos 79 anos em decorrência de uma insuficiência pulmonar, após ser internada na última sexta-feira (11), após ter uma crise de dor e passar mal. Ela morava em Campo Grande, e passou seus últimos dias acompanhada pela sobrinha, Janaína Rondon, e por sua irmã, e mãe de Janaína, Joaquina Rondon, de quem era bastante próxima.
Citada na imprensa na época como ‘Dama de Ferro’, o sobrinho, o radialista Francisco Rondon, de 44 anos, explica que a tia recebeu o título por “dar um jeito na criançada” e também por romper as barreiras do preconceito, ao ser a primeira mulher a ocupar o cargo.
“Tem até uma fala dela, que ela diz que na época ela rompeu barreiras, inclusive no preconceito com esse cargo [ser ocupado por uma mulher], porque até então isso não existia, então ela passou por cima disso e abriu esse caminho”, detalha.
Lourdes foi a primeira delegada a se preocupar em implantar ações sociais para pequenos infratores, ao promover, junto à Prefeitura de Campo Grande, o direito às crianças de receberem auxílio psicológico, educacional e alimentação.
A ideia foi muito positiva, pois em vez de sofrerem com repressão e detenção, os menores infratores tinham a oportunidade de regeneração social, por meio de pena paga com serviço de gari mirim.
“Os menores infratores incomodavam muito, então ela tomou a frente e fazia questão de conversar com cada um. E é claro que ela era muito rígida, mas não na parte de punição, rígida na parte de ressocialização”, completa.
Pelos entes queridos e amigos próximos, Lourdes é lembrada como a mulher que dedicou a vida aos familiares e amigos, e uma trajetória marcada por um árduo trabalho e dedicação, sempre fiel aos seus ideais.
Lourdes era viúva de Valdir dos Santos Pereira. O casal não teve filhos, mas ela deixou oito sobrinhos, que criou como se fossem filhos. O radialista Francisco Rondon, de 44 anos, descreve que a tia era “uma pessoa que amava a vida, sempre um conselho positivo para dar, uma pessoa alegre e de bem com a vida”.
Francisco relata que, pelo fato de Lourdes não ter tido filhos, a ex-delegada acabou adotando toda a família, principalmente os sobrinhos, dos quais ela cuidou para que se formassem na faculdade e sempre tinha um bom conselho para oferecer.
Além disso, o radialista detalha que a tia também promovia as melhores festas na chácara da família, e adorava receber a todos em datas especiais.
“Lourdes era uma mulher dedicada e comprometida com seus ideais, sempre de bem com a vida, adorava promover festas onde recebia familiares e amigos da melhor forma possível. Pagou a faculdade dos sobrinhos, cursos complementares, tratava a gente como filho”, descreve.
A notícia foi recebida por todos com muita dor, mas, nas palavras de Francisco, a tia “descansou”, após lutar bravamente contra a doença.
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