Profissão adia casamento e médicos dizem "sim" para convidados virtuais
Risco pesa ainda mais para quem vivencia o coronavírus dentro de hospitais, por isso Thais e Gabriel casaram só no civil em casa
O dia 23 de maio era para ter sido de festa, abraços nos convidados, e muitas testemunhas para o "sim" de Thais e Gabriel. Médicos, por viverem dentro de hospitais, eles sabem mais do que ninguém a importância do isolamento social e o quanto uma aglomeração pode ser fatal.
Thais é campo-grandense e Gabriel, mineiro. Os dois se conheceram no final de 2016, quando ela cursava o quinto ano de Medicina e ele estava na residência de Cirurgia Geral.
"Minha família toda é daqui de Campo Grande, desde sempre eu sabia que queria voltar para ficar perto dos meus pais e irmãs. No total, foram oito anos fora de casa", conta Thais Wolff dos Santos Lauar, de 27 anos.
Ela saiu aos 18 para fazer cursinho fora e no ano seguinte entrou na faculdade em Belo Horizonte. Já formada, foi uma oportunidade de trabalho que a trouxe em novembro de 2018 de volta para casa. O então noivo só veio em março de 2019.
"Tínhamos planejado a festa para o dia 23 de maio, mas por conta do coronavírus teve que adiar, porque não pode aglomerar, a Thais trabalha em hospital, eu também, e a gente fica muito preocupado pela questão de transmissão, de aglomeração", explica o noivo, Gabriel Martin Lauar, de 30 anos.
Eles adiaram a festa e o casamento no religioso para janeiro de 2021, mas mantiveram a cerimônia no civil, só com os "de casa". "Foi uma coisa bem pequena mesmo só com o juiz de paz, mas sempre tomando o cuidado para não ter nenhum contágio e contaminação, até porque a gente é médico, entende dessa parte e fica muito preocupado", ressalta Gabriel.
Para os familiares e amigos mais próximos, o casamento foi transmitido pelo Google Meets, através de um link criado pela cunhada. "Muito bacana, porque mesmo a distância as pessoas puderam participar, foi uma forma diferente de casar e comemorar, mas deu tudo certo", comenta o noivo.
A troca de votos, aliança e a assinatura como casados foi na casa dos sogros, com fotos do casal como decoração. Sem convite ou formalidades, foi no boca a boca e nas mensagens de WhatsApp que Gabriel e Thais anunciaram que fariam a transmissão. De convidados, foram em torno de 30 pessoas.
"Não dá para interagir com todo mundo, mas eles conseguiram participar apesar de não estarem fisicamente presentes, conseguiram escutar o juiz de paz e os votos", pontua Gabriel.
A cerimônia foi relativamente rápida, levando mais ou menos 30 minutos. "Foi diferente, não imaginava que passaríamos por isso. Como meus pais falam “com a Thais tudo tem que ser diferente”, e dessa vez foi bem diferente e especial. Nossos familiares e alguns amigos estavam presente mesmo longe, através da transmissão, ficamos bem felizes de ver todos reunidos", resume a noiva.
O casamento estava pronto, mas diante da situação, o casal não tinha o que fazer a não ser adiar. "É uma doença de fácil e rápido contágio por isso hoje a melhor coisa a se fazer é manter o isolamento social", diz a noiva médica.
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