Quando o feminicida foi preso, veio o abraço da delegada na mãe da vítima
"Enquanto mulher e policial, mesmo há quase 18 anos lidando com crimes dessa natureza, um caso como o ocorrido atinge todas nós"
No plantão do primeiro fim de semana de março, a delegada Sueili Lima Rocha e sua equipe 'pegaram' um caso de duplo homicídio e tentativa de homicídio que já configura um daqueles a ser lembrado por muito tempo. Ele dominou as manchetes da semana até que, na sexta-feira, o responsável, um homem da lei, foi preso. Nas linhas abaixo, Sueili conta um pouco do que a gente não costuma ouvir: sobre o sentimento de que está acostumado a lidar com crimes assim.
"Durante o depoimento da mãe da vítima Maxelline eu lhe perguntei se podia abraçá-la. E foi um abraço de obrigada por confiar em nós. E também de sinto muito.
Esse obrigada por confiar em nós foi por conseguirmos prender o autor e levá-lo a julgamento, como tem ser. E sinto muito pela perda irreparável.
Enquanto mulher e policial, mesmo há quase 18 anos lidando com crimes dessa natureza, um caso como o ocorrido nos últimos minutos do mês de fevereiro deste ano atinge a todas nós. Ceifou a vida de duas pessoas inocentes, deixou outra gravemente ferida, sendo toda a motivação de gênero: ela perdeu a vida pelo simples fato de ser mulher. Seus amigos foram atingidos por estarem juntos a ela.
Sem dúvida, abala. Era o início de um mês de comemorações pelo Dia Internacional da Mulher e infelizmente esse caso emblemático nos fez refletir que já avançamos muito no enfrentamento a esse tipo de crime, mas temos ainda muito trabalho pela frente.
O sentimento de tristeza e dor das famílias que perderam seu entes é sentido por nós porque somos humanos.
Porém, isso só nos dá mais forças para continuarmos firmes na nossa luta de servir e proteger, e a prisão do autor foi o reflexo de todo esse empenho, também buscando amenizar a imensa dor das famílias".