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Comportamento

Rainha da Bagaceira, Bruanda abre discussões sérias com arte drag

Com cores intensas e expressões teatrais, drag queen surgiu como alguém sem limites até no escracho

Aletheya Alves | 25/06/2022 07:25
Performances de Bruanda levam cores fortes e características teatrais. (Foto: Arquivo pessoal)
Performances de Bruanda levam cores fortes e características teatrais. (Foto: Arquivo pessoal)

“Só de sair de casa de salto e peruca já estamos levantando uma grande discussão”. A frase é de Bruno Andraguel ou Bruanda,  a drag queen que vai do humor até a acidez para levar críticas sociais através de suas performances. Com cores intensas e expressões teatrais, a Miss Povão MS 2021 chama atenção ao se montar e adora dizer que é “Rainha da Bagaceira”.

Seja direta ou indiretamente, Bruno, de 26 anos, conta que a criação de Bruanda veio para levantar discussões. E, através de suas postagens nas redes sociais, não há como negar que as performances geram questionamentos.

Por chamar mais atenção, uma das performances em específico cativa tanto pela criatividade quanto pela presença da crítica. Retomando uma referência de 2010, Bruanda recriou com ovos o polêmico vestido de carne usado por Lady Gaga no VMA, uma premiação musical que ocorre nos Estados Unidos.

Nas fotos, além da roupa que remete aos ovos, uma plaquinha para deixar a mensagem ainda mais clara acompanha a obra: “Sorry Gaga, a carne está cara d+”. Conforme Bruno explica, a performance surgiu após ser convidado a trabalhar como hostess, recepcionando o público na entrada de um evento, com a temática dos anos 2000.

Look que recria o vestido de carne com ovos é uma das críticas sociais. (Foto: Arquivo pessoal)
Look que recria o vestido de carne com ovos é uma das críticas sociais. (Foto: Arquivo pessoal)

Querendo usar a referência de Lady Gaga, Bruno detalha que sempre que usa uma ideia, a recria no perfil mais “Bruandra”. “Sempre converto para uma versão mais Bruanda, que é mais cômico e sarcástico, e com o momento que a gente enfrenta. E enfatizo que fiz o look todo a mão, da cabeça aos pés”, completa.

E, pensando já no próximo vestido, Bruno acrescenta que a ideia vai precisar ser atualizada. “Pois esse já está supervalorizado, já que até o preço do ovo está nas alturas”.

Ao explicar tanto sobre as críticas indiretas quanto em relação ao vestido dos ovos, Bruno detalha que, mesmo sabendo sobre o ato político de existir, levar discussões mais objetivas é necessário.

Acho importante transmitir uma mensagem mais direta que tenha efeito imediato, como foi o caso da minha montação com um vestido de ovo frito, fazendo referência de quando a Lady Gaga usou um vestido de carne, mas com a crítica em cima da inflação dos preços do mercado, conta.

Já sobre a parte humorística e teatral dos looks, ele conta que a comédia está presente em Bruandra desde o começo, assim como os efeitos do teatro.

Para Bruno, Bruanda veio como uma possibilidade sem limites. (Foto: Arquivo pessoal)
Para Bruno, Bruanda veio como uma possibilidade sem limites. (Foto: Arquivo pessoal)

Entrando no universo drag

Parte do mundo das drag queens desde 2020, Bruno conta que Bruanda nasceu na pandemia. Mas, antes disso, seu contato com a arte drag já havia acontecido há muito tempo.

Ele relembra que o primeiro acesso às referências foi com Dicesar, na 10º edição do Big Brother Brasil. “Ele é o artista por trás da Dimmy Kieer, mas a minha paixão veio com o sucesso de RuPaul Drag Race, que todo ano mostra dezenas e dezenas de drags pelo mundo, cada uma com identidade única. Ver essa versatilidade da arte me fez querer experimentar e desde a primeira vez que me vi montada já foi amor eterno”.

Variedade das performânces sem se importar com padrões está presente desde o nascimento de Bruanda. (Foto: Arquivo pessoal)
Variedade das performânces sem se importar com padrões está presente desde o nascimento de Bruanda. (Foto: Arquivo pessoal)

Especificamente sobre Bruanda, Bruno detalha que ela surgiu quando estava com tempo extra em casa. Assim, conseguiu treinar maquiagens, ver tutoriais e novas referências, “na época, eu tinha outros amigos que também estavam querendo praticar e a gente marcava chamadas de vídeos para se maquiar juntas e à distância”, conta.

Desde então, Bruanda veio como uma “caixa de Pandora”, pronta para inovar e ir até espaços e identidades que não parecem possíveis. “Eu auto-elegi a Bruandra como Rainha da Bagaceira desde seu nascimento e muitos não entendem isso, acham que estou rebaixando ela, mas não é isso!”, ele comenta.

Por sair dos padrões, Bruno relata que a arte drag não possui limites e, por isso, pode usar até do escracho, como faz com Bruandra.

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