Rir e deixar a raiva passar é conselho de quem está casado há 76 anos
Lídia, de 90 anos, e Gabriel, de 94, se conheceram em fazenda e construíram vida juntos
Lá em 1948, a realidade era outra e pensar em namoro não fazia muito sentido para quem precisava lutar pelo cotidiano em fazendas. Nesse cenário, Lídia e Gabriel Sacamoto se conheceram, casaram e seguem juntos até hoje sem muitos mistérios. Isso porque, para a matriarca, a “chave” da história que já dura 76 anos é dar risada e deixar a raiva passar.
Aos 90 anos, Lídia segue sorrindo e é esse hábito que usa como resposta para explicar o casamento. “A gente nunca teve essas bobeiras”, diz rapidamente e, aproveitando a fala da mãe, Aurora (uma dos 12 filhos) explica que as “bobeiras” são brigas.
E, como a esposa conta, dar risada e deixar o outro respirar também sempre foi algo executado por Gabriel.
“Quando um queria brigar, deixava o outro para lá. Dá risada, deixa e depois é que resolve”, diz Lídia. Concordando com a esposa, o marido aproveitou para também rir.
Contando sobre suas histórias, Lídia comenta que ambos nasceram em fazendas e se conheceram por acaso. Seu Gabriel perdeu o pai cedo, foi criado pela mãe e, quando cresceu, precisou ajudar a manter o restante da família.
Logo cedo, começou a trabalhar na fazenda em que Lídia também vivia e ali se uniram. “Ele era cozinheiro, fazia a comida para peão porque precisava ajudar a família, os irmãos. Ele era o mais velho”, explica Lídia.
Com a memória já mais falha do que a esposa e problemas na audição, Gabriel ainda mantém lembranças da época. Narra que nasceu em Nioaque, mas que o pai era um imigrante japonês.
Inclusive, para se ter ideia das dificuldades da época, Aurora explica que até o nome da família foi registrado errado. “Eles reuniam vários recém-nascidos para ir registrar de uma vez. Quando chegou no cartório, quem foi registrar meu pai não lembrou o sobrenome dele e pensou em Sacamoto porque é japonês”, diz.
No caso de dona Lídia, sua família tem descendência indígena, mas por se vincular à necessidade de trabalhar em áreas de fazenda, nunca tiveram sua terra. Até por isso, o casal chegou a viver uma aldeia, mas saíram e, no fim das contas, passaram quase metade da vida em Campo Grande, nas Moreninhas.
“Depois que eles saíram das fazendas e vieram para cá, meu pai já fez de tudo. Vendeu picolé, foi ajudante de pedreiro, batalhou muito e minha mãe era responsável por cuidar da família”, descreve Lídia.
Hoje, os dois continuam lúcidos e, segundo a filha, seguem independentes no cotidiano. Ambos acordam cedo, antes mesmo das 6h para tomar café e chimarrão. E, diariamente, são exemplos de como tentar ver a vida com mais calma.
“Eles também têm isso de rir com a gente, são tranquilos e é um orgulho ver eles juntos há tanto tempo”, completa Aurora.
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