Ronny não aprendeu a ler e escrever, mas achou em Zezé di Camargo uma vocação
Aos 7 anos de idade, Ronny Moreno precisou cortar os longos cabelos escuros para cumprir a promessa que sua mãe havia feito logo após o nascimento.
Ainda bebê, o cantor sofreu de uma doença pouco explicada pela ciência, que ele chama de Mal de Simioto, um tipo de desnutrição causada pela alergia ao leite de vaca. Na época, “só pele e osso”, os pais recorreram a Deus para salvar o menino mais novo de sete irmãos.
Fraco e com problemas de relacionamento, “eu era muito nervoso e brigava na escola”, Ronny acabou recluso aos concursos de canto onde começou a carreira aos nove anos de idade e a convivência no bairro Nova Lima, onde morou parte da infância e adolescência em Campo Grande.
“Eu tive que aprender a música de ouvido, porque tive uns problemas quando era criança, o Mal de Simioto, seu pai e sua mãe sabe o que é, alguns chamavam de Doença do Macaco. Infelizmente, isso me afastou do colégio, eu era só couro e osso e minha mãe fez uma promessa para me salvar, era coisa da época e eu acabei melhorando”, relembra.
Mesmo com o milagre, Ronny nunca mais voltou para a sala de aula. Os imprevistos da vida e a correria para conquistar o grande sonho, ser cantor, o afastaram das letras e dos números.
“Frequentei pouco a escola, tenho pouca leitura, acho que sou o único artista assim. Deus colocou esse dom para eu me virar na vida, sei não o que eu faria sem a música, ela me salvou”, acredita.
Com bom humor ao relembrar de todas essas fasses da vida, Ronny que no registro de nascimento chama Claudinei da Silva Fonseca, brinca que “comeu o pão que o rapaz amassou”, mas deu a volta por cima.
“Não é fácil, morei em Goiânia, São Paulo, capital, isso na década de 1997, durante cinco anos, cantei em tudo que casa noturna que você imaginar, sempre o sertanejo, conheci muito nome importante. Mas, o custo de vida é alto e preferi voltar”, explica.
De volta à Campo Grande há dez anos, ele tinha uma dupla antes de tentar a carreira-solo. Verão e Ventania chegaram a aparecer no Fantástico em uma reportagem sobre nomes exóticos de duplas sertanejas, o que encheu o coração de Ronny de alegria.
“Achei que aquela era a oportunidade de fazer sucesso, de tentar a carreira, mas eu e meu companheiro nos desentendemos e desfizemos a dupla. Com isso, entrei em uma depressão. Foram dois anos, tomando remédio, mas graças a Deus consegui melhorar”, diz, revigorado.
Agora, com o projeto solo como cover do Zezé Di Camargo ele está no período de divulgação e até já mandou material para o programa do Ratinho. “Estamos nessa fase de divulgação”.
Mesmo com as dificuldades em ler as mensagens do whatsaapp, que ele prefere que sejam enviadas por voz, Ronny se adaptou a vida cotidiana e as mudanças tecnológicas do novo século.
“Se não enviar por voz, eu tento entender, bem devargarzinho ainda vai”, brinca. As placas de rua e até os endereços ele aprendeu a memorizar, assim como os números. “Consigo passar um telefone para alguém e sei assinar meu nome. Tenho um canal no Youtube e acho que um site em breve”, diz, confirmando com a produção.
Apesar de tão por dentro de tudo, Ronny tem o desejo de voltar a estudar, até por pressão do empresário. “Um pouco é preguiça mesmo, a música ela tem uma coisa de vício, eu fiquei muito focado na música, tem dia que eu tiro 10, 15 só de ouvir. Acho que as coisas mais importantes que é estudar, abrir a mente, acabei deixando de lado. Mas o pessoal já disse para eu resolver esse meio de campo porque o resto eles fazem”, ri.
Por tudo isso, hoje ele é a atração do Música pra Ver