Sem o agito que muita gente procura, Campo Grande é chata por ser virginiana?
Carnaval com “toque de recolher”, perseguição à turma do rap nas ruas, música ao vivo cada vez mais difícil na noite, parques sem programação cultural, bares que fecham em poucos anos por falta de movimento... Será que Campo Grande é uma cidade chata? Muitos chegaram a essa conclusão há tempos e a Capital ganhou até fama de ser a “cidade das lojas de colchões e farmácias”. Tem gente que encontra a explicação nos signos. “Nascida” em 26 de agosto de 1899, Campo Grande é virginiana.
Nas ruas, as semelhanças com o signo vão aparecendo, considerando que o virginiano é alguém que leva tudo muito a sério, é extremamento organizado e perfeccionista. A vendedora Daniele Machado, de 36 anos, também é de virgem e se considera sistemática. Surpresa com o signo de Campo Grande, ela avalia a organização. “Eu não gosto muito de ser contrariada e gosto tudo no lugar, se alguém muda, isso já me deixa estressada. Isso parece um pouco com Campo Grande, acho que agora ela está se organizando”, conclui.
O aquariano Carlos Pereira, de 38 anos, demonstra empatia pelo signo de virgem também conhecido pela inteligência, mas sente falta da descontração na cidade. “Aqui ninguém trata o outro de um jeito leve. Eu tenho autoridade para falar porque sou do interior, lá todo mundo conversa, existe bom dia nas ruas. Aqui todo mundo anda de nariz empinado, mas não sei se tem a ver com o signo”, diz.
Há quem descreva a cidade como conservadora, como o cabeleireiro Bryan Moraes, de 20 anos, que acredita na influência do signo sobre as pessoas. “Acho que pode ser um motivo para ela ser tão conservadora”.
Daniela Soares, de 26 anos, cai na risada ao descobrir o signo de Campo Grande e revela ser virginiana. “Olha eu sou muito chata, sistemática e do contra. Se a cidade for um pouquinho disso tudo, imagina só?”, questiona. Mas ela discorda da chatice da cidade. “Eu acho que ela está melhorando, as pessoas estão se abrindo mais com as outras”.
A vendedora Camila Karavassilakis, de 25 anos, discorda. “Eu tive uma pessoa virginiana por perto e ela era muito xarope. Acho que as pessoas daqui estão do mesmo jeito, sinto que falta respeito, independente do que você é ou tem”.
Buscamos fazer o mapa astral da cidade de acordo com o exato momento de “nascimento” que exige data e horário. Mas na resolução, n° 255, de 26 de agosto de 1899, não há registro sobre a hora. “Certamente foi durante o dia, pois foi selada pelo Governo em Cuiabá”, explica o historiador Leandro Mendonça. “O horário de expediente das Assembleias Legislativas era pela manhã, das 8h às 11h. Assim, imaginamos que Campo Grande foi declarada emancipada entre este horário. Contudo, a data precisa será mesmo difícil saber”, acrescenta.
Ainda assim, foi possível fazer um mapa “geral” de Campo Grande com a astróloga Janice Drummond de Reynolds, que revelou que a cidade é canceriana de fundação, levando em conta que José Antônio Pereira se alojou em junho de 1872, e virginiana de ofício, porque só foi emancipada em 26 de agosto de 1899.
“É uma boa combinação do elemento água com o elemento terra. E é do equilíbrio entre estes dois elementos que podemos colher os frutos”, explica a astróloga. “A data de fundação proporciona à cidade grande impulso artístico e para acolhimento. Ainda que não tenha surgido de um planejamento combinado, como se houvera plano para que ali nascesse uma metrópole, seu mapa astral traz aspecto talismã que a brinda com a capacidade de ver suas questões resolvidas ao “toque do congo”, quando outros esforços não foram efetivos”.
Pela data de emancipação, segundo Janice, Campo Grande tem dificuldade com dinheiro, traduzida em muitas obras inacabadas da cidade, como o Centro Belas Artes e Aquário do Pantanal. “O dinheiro circula em grandes quantidades, saindo na mesma proporção que entra, o que sempre gera alguma instabilidade. E também traz consigo o risco dos exageros políticos, onde o falar e o planejar pode ficar muito mais na intenção que na materialização e o excesso de planejamento, pode perder-se no detalhismo prejudicando a realização” diz.
O signo também explica a dificuldade de Campo Grande com o que é novo. “Sua população é algo conservadora quando se trata de enveredar cegamente por tecnologias muito inovadoras. É um povo que confia em resultados comprovados através da vivencia, que não rejeita novidades, mas testa muito antes de assimilá-las”.
Mas nada disso, acredita a astróloga, impede Campo Grande de continuar crescendo. “Aqui é local propício para cura, sua natureza contém todo o necessário para isso e seus habitantes conhecem estes segredos. Esta tendência virginiana às questões de saúde e trabalho, sua qualidade ligada ao elemento terra, sua constante luta pela preservação, garantem. Será sempre uma cidade que se auto questiona, se reformula, recebe todo tipo de gente e pretenderá, em detalhes, ajustar”.