Sexo compulsório como servidão ao homem nos fez netas do estupro
Convenceram a gente que é assim que funciona. É a vontade divina. É a natureza. É tudo, menos violência.
Forte, né? Mas é real. As feridas comumente escancaradas a cada 8 de março, sempre estiveram presentes.
O corpo da mulher nunca lhe pertenceu. Nossas avós, bisavós, mães e nós mesmas somos vítimas de violências diárias e para isso nem precisamos sair de casa.
O sexo é algo imposto. Satisfaça seu companheiro ou ele buscará o que quer na rua. Não importa se você não esteja com vontade, não importa se vá te machucar física e mentalmente.
Não importa se você disse NÃO. Esse é o papel da esposa. Essa é a finalidade da mulher. Existimos para isso. Homem precisa de sexo para viver. É natural.
E assim fomos nascendo. Concebidas muitas vezes num ato obrigatório, de servidão, de satisfação masculina acima de qualquer coisa.
Se submetam! Não escapamos. Nem em casa, nem no trabalho, nem na rua. Do nascer ao morrer. Do conceber ao parir
De todas as formas. Aceite, fique calada, esteja em sã consciência ou desacordada. Algo você fez para merecer isso. Você é quem está errada.
Convenceram a gente que é assim que funciona. É a vontade divina. É a natureza. É tudo, menos violência.
Jéssica Benitez é jornalista, mãe do Caetano e da Maria Cecília e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae