Sorridente, "Cowboy" que perdeu pernas e braço tem alta após 102 dias
Braço direito, que estava comprometido, foi reconstruído em uma microcirurgia realizada por médicos especialistas na Santa Casa
Quem vê o sorriso aberto de Adryano não imagina os 102 dias de internação, a gravidade do acidente, nem tampouco acredita que depois de perder as duas pernas e um braço, ele já saiu da Santa Casa fazendo planos de entrar no mundo do esporte. Mas não seria diferente. Adryano Gabriel Quintana Medina, de 23 anos, sempre gostou de cavalgar, paixão exibida em fotos nas redes sociais.
Vítima de um choque elétrico em uma colheitadeira que queimou 50% de seu corpo, como já noticiou o Campo Grande News, ele teve que amputar as duas pernas, o braço esquerdo, e só não perdeu o direito graças à cirurgia de reconstrução complexa. O acidente foi quando ele mexia na fiação da colheitadeira, em uma fazenda na cidade de Porto Murtinho, no dia 13 de março.
Antes de receber alta, Adryano gravou um vídeo, onde fala animado de todos os planos. "Eu queria, primeiramente, andar de novo. Voltar a andar, estudar de novo, fazer algum esporte, alguma coisa que tem bastante aqui em Campo Grande para cadeirante, para quem tem prótese também, eu queria era voltar a andar mesmo", diz.
Mexendo no celular, com uma caneta touch conectada à parte do braço que ele perdeu, o rapaz já consegue se comunicar. "Mudou bastante coisa, eu primeiro estava mais triste, não passava a hora, essas coisas. Depois, comecei a mexer no celular, conversar com os amigos de novo, os amigos também davam bastante força para a gente", completa. Ao fundo, é possível inclusive ouvir o barulho de um WhatsApp.
Cirurgia que fez toda a diferença - Foi uma microcirurgia que não só impediu a amputação do braço direito de Adryano como trouxe a possibilidade de devolver movimentos ao jovem. Através da técnica microcirúrgica foram implantados espaçadores de silicone na mão que perdeu todos os tendões flexores e o nervo mediano.
O tratamento para a recuperação funcional do membro foi realizado na Santa Casa de Campo Grande após um longo processo. Quando chegou ao hospital, Adryano precisou amputar as duas pernas e o braço esquerdo. Ao todo, foram 12 cirurgias.
Médico especialista em cirurgia da mão, Gabriel da Costa Almeida, responsável pela equipe de microcirurgiões para reconstruir o antebraço e a mão direita do paciente, explicou que todos os nervos precisaram ser reconstruídos e, para a cobertura cutânea, foi utilizada uma técnica chamada “Groin Flap” - baseada na confecção de um retalho abdominal, onde a mão fica unida ao abdome por cerca de 3 a 4 semanas para a formação de novos vasos sanguíneos e, após esse período, o retalho é separado do abdome e ganha autonomia.
Para o processo de reconstrução foram definidas etapas a médio e longo prazo, e previstas outras microcirurgias, conforme informou o médico. “Primeiro, fizemos duas cirurgias para controlar a infecção. Depois, começamos a planejar a parte funcional da mão, terminamos agora a fase mais difícil do tratamento”, fala o cirurgião.
A expectativa da equipe é devolver ao paciente o movimento parcial dos dedos e da mão. “Nós vamos retirar um enxerto do tendão da fáscia lata (músculo da coxa) e vamos reconstruir a musculatura flexora dos dedos, além disso, iremos fazer uma transferência de nervos para devolver a sensibilidade das mãos. A ideia é que ele tenha uma pinça funcional para que no futuro consiga fazer higiene, levar um alimento à boca e até mesmo controlar uma cadeira de rodas elétrica. Assim nós mudamos a vida dele”, finalizou o especialista.
A próxima microcirurgia está prevista para daqui dois meses.
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