Taxado como “bruto”, rugby chegou à periferia e virou paixão da gurizada
Projeto começou há 2 anos e para levar time à competição rifas e ações são feitas para arrecadar dinheiro
Na contramão do que já existe por aí, o advogado Graziano Couto resolveu apresentar o rugby a crianças que moram nas imediações do Parque Ayrton Senna. Por experiência própria, ele decidiu dar oportunidade para os pequenos se encontrarem em novo esporte. Taxada como modalidade para “brutamontes”, o rugby, na verdade, ensina valores poderosos para a vida.
Junto às crianças, além da apresentação da modalidade inglesa, os professores repassam os cinco pilares do esporte que são integridade, respeito, solidariedade, paixão e disciplina. Conhecido pela força e contato intenso, Graziano esclarece que o esporte tem espaço para todos.
“Eu, por exemplo, não tinha habilidade com o futebol, mas no rugby eu descobri uma afinidade. O rugby é um esporte democrático, porque podem participam magros, mais gordinhos, altos, baixos. Todos terão uma posição e um lugar, funções que são essenciais, porque não é como no futebol que você consegue se destacar individualmente, se você não tiver um jogo coletivo não adianta. Aqui cabe todo mundo”, explica Graziano.
Por que no Aero Rancho? Graziano também é presidente do CGRC (Campo Grande Rugby Clube), o 1° time da modalidade no Centro-Oeste e a ideia surgiu assim que a Funesp (Fundação Municipal do Esporte) autorizou o uso dos campos do Parque Sóter e Ayrton Senna para treinos.
O CGRC tem 18 anos e a escolinha para as crianças completa dois, no segundo semestre de 2019. “Na tentativa de formar um time de base começamos dando aulas aos nossos filhos e fomos chamando as crianças nas quadras de futebol e basquete. Nossos filhos mesmo desanimaram, mas a criançada da região está firme. Temos tentado divulgar para o pessoal daqui”, pontua.
As aulas são gratuitas e acontecem todos os sábados. O projeto conta com professor responsável pelos treinos e educador físico. Com recurso do time, uniformes foram comprados para as crianças.
Assim como manda a tradição, em todo fim de treino é servido um lanche. “No Rugby, ao fim do jogo, as duas equipes confraternizam. Este é o chamado terceiro tempo”, conta Graziano.
A pequena atleta Thaila Fernandes Couto, de 9 anos, é filha de Graziano, mas garante que pratica porque gosta. “Meu pai me incentivou. Minha irmã praticava e agora sou a única menina. Eu ainda não sei dizer o que mais gosta, mas acho que as meninas devem praticar”, diz Thaila.
O atleta Luiz Felipe da Silva Bispo, de 13 anos, diz gostar de tudo no esporte. “Eu treino há um mês e gostei de tudo que tem nesse esporte. Quero competir”, conta.
Morador do Guanandi II, o jogador Thiago Padilha da Silva, de 15 anos, já teve oportunidade de praticar futsal e beach tênis, mas garante que o rugby ganhou seu coração. “Eu treino desde o início há dois anos. Tem que ter disciplina, força e eu prefiro rugby a outros esportes”, pontua.
Próximos passos – O time se prepara para um campeonato em agosto, em Três Lagoas, que será o primeiro desafio. “Eles cobram a participação em uma competição, eles querem, então, estamos fazendo rifa e bazar para conseguir fundos para conseguir leva-los”, conta.
A escolinha divulga os treinos e acções sociais no Facebook.