Unanimidade, Getúlio Gideão foi um gigante "amoroso e altruísta"
Para os familiares, a covid que levou Getúlio não venceu, pois foi ele quem teve uma vida cheia de vitórias
Tem história que é difícil de contar, que as palavras parecem não representar a grandeza das pessoas. É assim que se sentem os familiares do ex-deputado constituinte, estadual e ex-prefeito de Nova Andradina, Getúlio Gideão Bauermeister, que falaceu aos 75 anos em decorrência da covid-19.
Quando digo grandeza, é literal, pois Gideão era grande mesmo, com quase dois metros – talvez fosse para caber a alma e seu coração. A sobrinha Genilaine Araújo, 41 anos, a "Geninha" como é conhecida, resume o tio em duas palavras: "ele era amor e altruísmo. Se tivesse que tirar a roupa do próprio corpo para dar aos outros, ele faria isso".
Psicólogo, ele fez parte do grupo de um grupo que prestou assistência no Haiti. Teve carreira política com relevância na história do estado e da região de sua cidade, Nova Andradina, distante 297 quilômetros de Campo Grande.
Descendente de alemães, Gideão adorava cozinhar comidas típicas do país. "Os almoços de domingo na casa do tio eram os mais esperados, ele fazia de tudo um pouco".
Quem conhece bem os dons de Gideão é sua esposa Neumann Francisca das Chagas Rodrigues Bauermeister. "Todos os dias ele fazia o meu café da manhã. Ele sempre carinhoso, um esposo presente amável, carinhoso. Amava cozinhar, fazer cuca alemã, tortas, bolo de fubá e pão de queijo", lembra.
Aliás, a história de amor dos dois é bem curiosa. Gideão a pediu em namoro em 2003, quando ela se recuperava de uma cirurgia. "Nesse ano eu estava internada, fui fazer uma cirurgia e tive complicação, fiquei muitos dias no hospital e ele foi me visitar. Foi lá mesmo que ele me pediu em namoro. Ele cuidou de mim por muitos dias no hospital. Assim, desde 2003 estamos juntos e nos casamos".
Gideão era muito ativo, nos últimos anos praticava corrida, fazia academia e pilates. "Foi um pai presente na vida dos filhos, são cinco filhos mais um filho do coração que é o meu filho, seu enteado. Ele amava cada um. Amava fazer arcos e flechas e até estava montando uma cutelaria, fazendo facas. Um esposo querido. O meu Amor! Sempre me chamava de Neuminha", recorda.
Outro sobrinho, Antonio César Bauermeister de Araújo, fala que o "tio Getúlio" sempre foi uma pessoa empolgada com projetos de vida e quando uma coisa era boa ele não queria somente para ele, mas sim buscava repartir com as pessoas.
"Por exemplo: não só fez o processo de dupla cidadania brasileira/alemã para ele, mas também para várias pessoas da família. Em outra oportunidade levou a minha mãe (irmã dele) e outro tio meu (irmão dele) no departamento para providenciar o cartão estacionamento de idosos... com muito bom humor chegou se apresentando como filho dos irmãos, dizendo que o cartão era para eles, os velhinhos, gerando uma cena cômica, onde todos os funcionários riram muito, dando uma aliviada no estresse do trabalho".
Outra lembrança de Antônio é a pipa que o tio o ensinou a fazer. "Um tipo especial de pipa quando criança, chamado de 'bidê', que até hoje poucos sabem fazer e fez sucesso no meio dos meus amigos, na época que eu morava em Coxim, na distante década de 80".
Getúlio Gideão era o sétimo de oito irmãos. Ele deixa cinco filhos, um enteado, sete netos e uma história linda. "Disseram que meu tio perdeu para a covid, não, ele não perdeu nada, teve a vida mais vitoriosa que vi", conclui Geninha.
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