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Comportamento

Vida anda tão difícil, que morar na rua Pindaíba já virou piada entre moradores

Morar na Pindaíba se divide entre sonho de ir embora e pesadelo para novatos, dizem moradores

Danielle Valentim | 06/01/2020 07:17
Rua fica no bairro Silvia Regina e virou motivo de piada para quem vive por ali. (Foto: Henrique Kawaminami)
Rua fica no bairro Silvia Regina e virou motivo de piada para quem vive por ali. (Foto: Henrique Kawaminami)

Viver na Pindaíba pode ter inúmeros sentidos e a única certeza é que passar o endereço para alguém nunca mais será a mesma coisa. Na rua do Bairro Silvia Regina com menos de 400 metros, a maioria dos moradores chegou quando “tudo era mato”. Mesmo assim, há quem acaba de se mudar.

Com a falta de dinheiro e a penúria como significados, só mesmo o prêmio da Mega da Virada tiraria essa galera da Pindaíba. A pensionista Maria Nonato, de 72 anos, mora na mesma casa há 19 anos. Viúva pela terceira vez, chegou ao bairro com os cinco filhos já criados e apesar de tantos anos no mesmo endereço, ainda guarda o sonho de deixar a Pindaíba. “Espero que um dia eu saia da Pindaíba”, caindo na risada.

Maria conta que não há uma pessoa sequer que não tire sarro ou ao menos pergunte mais de uma vez. (Foto: Henrique Kawaminami)
Maria conta que não há uma pessoa sequer que não tire sarro ou ao menos pergunte mais de uma vez. (Foto: Henrique Kawaminami)

Maria conta que não há uma pessoa sequer que não tire sarro ou ao menos pergunte mais de uma vez o nome da rua. Do banco a entrega de algum produto, sempre surge uma piadinha. “Uma vez em uma loja a atendente até me irritou, de tanto que ela achou graça”, lembra Maria.

Antes de ir parar na Pindaíba, a alagoana que chegou em Campo Grande aos 14 anos, morava com o último marido no Bosque da Saudade, bairro próximo ao Silvia Regina. Ela explica que o único truque para sair da Pindaíba é trabalhar muito. “Os moradores daqui só chegam à Pindaíba à noite. O segredo é trabalhar muito”, garante.

A via se estende por apenas duas quadras, mas no curto trecho tem até um motel. (Foto: Henrique Kawaminami)
A via se estende por apenas duas quadras, mas no curto trecho tem até um motel. (Foto: Henrique Kawaminami)
Aos 83 anos, outra pioneira na rua é Antônia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Aos 83 anos, outra pioneira na rua é Antônia. (Foto: Henrique Kawaminami)

A via se estende por apenas duas quadras, mas no curto trecho tem até um motel. A recepcionista Nely Oliveira, de 52 anos, mora na Capibaribe, mas trabalha na Pindaíba há 23 anos. “Todos esses anos a gente trabalha na Pindaíba, para sair da pindaíba (risos). É impossível escapar das piadas, principalmente, na hora de pedir alguma entrega”, frisa.

Aos 83 anos, outra pioneira na rua é Antônia Ramos Francisqueta Stein. Na mesma casa há 30 anos, a moradora garante que nunca encontrou uma explicação para a origem do nome, mas garante que sempre odiou.

“Ô nome feio de ficar falando, né? E olha que por aqui ninguém sabe porque ela se chama assim. Nesta rua, eu sou uma das primeiras moradoras. Era um brejo, só tinha mato. As coisas mudaram e acabei na Pindaíba até hoje”, conta.

Novatos – Entre quem vive há três décadas na Pindaíba, há quem muito tentou fugir, mas acabou encarando a realidade.

Greice atendia quando a reportagem chegou. (Foto: Henrique Kawaminami)
Greice atendia quando a reportagem chegou. (Foto: Henrique Kawaminami)
Izabel faz peças lindas infantis. (Foto: Henrique Kawaminami)
Izabel faz peças lindas infantis. (Foto: Henrique Kawaminami)

Uma delas abre seu comércio todos os dias para ganhar dinheiro em meio a Pindaíba. Enquanto conversava com o Lado B, a cabeleireira Greice Albuquerque, de 53 anos, atendia uma cliente.

“Eu morava e atendia na Júlio de Castilho e trocar a avenida pela rua do bairro foi um verdadeiro baque. Eu dizia: Não quero morar nessa rua. Mas acabei me mudando e hoje estou aqui, trabalhando para sair da pindaíba”, conta.

Há apenas dois meses na rua, a costureira Izabel Cristina Albuquerque, de 51 anos, também resistiu para não sair do Centro. A moradora confecciona roupas infantis sob medida e só de deixar a Rua Marechal Rondon já foi uma dificuldade.

“Eu enlouqueci quando fiquei sabendo o nome da rua. Não queria vir de jeito nenhum. Mas o pior de tudo isso, com certeza é deixar o Centro pelo bairro, isso é muito decepcionante”, conta.

Além dos moradores mais antigos, a reportagem não encontrou registros que expliquem a origem do nome. E você sabe o motivo desse nome?

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E você sabe o motivo desse nome? (Foto: Henrique Kawaminami)
E você sabe o motivo desse nome? (Foto: Henrique Kawaminami)
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