Agulha salvou arquiteta, que hoje transforma até avós em arte
Silmara é uma das muitas pessoas que hoje se dedicam ao bordado, arte que voltou a ocupar espaço na decoração
Já foi o tempo em que o bordado era "coisa de vó". Hoje, é uma forma de decoração afetiva e um artesanato que resgata bons momentos da vida, especialmente para quem se sente cansado da correria do dia a dia. Para a artesã Silmara Jacques, de 29 anos, o bordado foi mais do que um novo ofício: foi a arte que a salvou de um trabalho no qual não se encaixava.
Formada em Arquitetura, ela percebeu que não se identificava com a profissão e sentia falta de criar algo com as próprias mãos. "Depois de me formar, fiquei um tempo travada, porque não conseguia me adaptar à área. Sentia falta de trabalhar manualmente, já que isso sempre foi importante para mim", conta.
Durante a pandemia, decidiu explorar um novo hobby. Inicialmente, pensou em pintura, mas, morando em apartamento, o cheiro forte das tintas se tornou um obstáculo. Foi então que começou a se interessar pelo bordado.
Aproveitando as linhas e tecidos da mãe, que é costureira, Silmara deu os primeiros pontos, experimentando técnicas e descobrindo formas de expressar sua criatividade. "Minha mãe me ensinou os pontos básicos, e, depois de alguns testes, decidi bordar algo que tivesse significado para mim. Tenho três gatos, então resolvi começar por eles", relembra.
No início, Silmara relata que fazia tudo seguindo a intuição, até descobrir a técnica da pintura com agulha. Essa técnica consiste em "pintar" com as linhas, levando em consideração aspectos como sombra, reflexo e iluminação para reproduzir no bordado uma imagem fiel ao original.
"É uma técnica bem minuciosa, que exige bastante paciência. Muita gente diz que nem parece bordado, mas sim pintura, e é exatamente essa a proposta. Dá para criar todos os tipos de desenhos, realistas ou não, mas eu gosto de seguir para esse lado mais realista", detalha.
Após transformar o bordado em sua fonte de renda, Silmara conseguiu se livrar da rotina de escritório e do tempo excessivo em frente ao computador. Agora, eterniza rostos, animais e histórias por meio das linhas, criando chaveiros, porta alianças, enfeites de maternidade, retratos e "tudo o que a imaginação e a confiança permitirem", já que gosta de se desafiar no trabalho.
"A gente quer que todo mundo veja e se lembre dos nossos gatinhos e cachorrinhos o tempo todo, e eles merecem. Mas também há casos em que eles já se foram, e os donos pedem uma lembrança especial. Geralmente, esses pedidos são homenagens", conta.
A bordadeira Raisa Vieira, de 32 anos, também foi uma das pessoas que aproveitou o período do isolamento para voltar se dedicar ao trabalho manual. Ela conta que sempre gostou de aprender coisas novas, então começou a bordar por contra própria em 2016, e transformou a atividade em uma fonte de renda em 2020.
Raisa detalha que gosta de fazer bordados autorais, inspiradas em músicas, arquitetura, cinema e tudo que vier à cabeça. Ela utiliza a técnica do bordado livre, destacando diversos tipos de pontos que dão diferentes tipos de preenchimentos e texturas, incluindo também a técnica da pintura com agulha.
A bordadeira relata que, além dos bordados, também trabalha como maquiadora e penteadista, então gosta de ocupar seu tempo com trabalhos manuais e artísticos. Na hora de pegar a agulha e a linha, ela expressa que a imaginação é o limite. "Qualquer ideia é bem-vinda. Faço tudo que minhas ideias e tempo permitirem".
E quanto custa?
O trabalho é minucioso e leva tempo e dedicação, então as duas bordadeiras adiantam que não é um trabalho simples, portanto, cobram de acordo com a complexidade de cada demanda.
No caso de Silmara, os produtos custam a partir de R$ 90, e você pode conferir o trabalho dela no Instagram @silrams. Já Raisa oferece produtos a partir de R$ 50, e você pode conferir o trabalho dela no Instagram @oficinapanca.
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