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Consumo

Casamento triplo custou R$ 10 mil, mas economia foi de menos para irmãs e prima

Paula Maciulevicius | 07/12/2015 06:23
Da esquerda para a direita, Laura e Gustavo, Janaína e Henrique e Alessandra e Flávio. (Foto: Antonio Ferreira)
Da esquerda para a direita, Laura e Gustavo, Janaína e Henrique e Alessandra e Flávio. (Foto: Antonio Ferreira)

O altar da Igreja São José, em Campo Grande, nunca esteve tão cheio. Eram seis noivos. Duas irmãs e uma prima que protagonizaram um casamento triplo. Proporcional ao número de noivas, era a chuva lá fora e a emoção das histórias de cada uma delas. A economia, claro, contou e muito. Igreja e festa dividido entre elas saiu por R$ 10 mil no total, mas as finanças ficavam atrás do amor e da cumplicidade que motivaram as três a dividirem o grande dia.

Alessandra e Laura são irmãs de sangue e de alma. Tem uma relação tão próxima que a mãe chega a brincar que elas viveram sem ela, mas não sem uma à outra. A ideia inicial, de um casamento comunitário em família, surgiu no chá de panela de uma prima, ano passado. Dos cinco casais que aceitaram a brincadeira, um se separou e o outro não conseguiu se ajustar à data. No final, cruzaram pelo corredor da igreja: Alessandra e Flávio, Laura e Gustavo e a prima Janaína com o noivo Henrique.

A organização para o "sim" tomou forma mesmo a partir de março deste ano, depois que os seis passaram a virada para 2015 juntos. "Como erámos em seis pessoas para pensar, com ideias bem diferentes, tinham momentos que era até difícil chegar num consenso", brinca Alessandra Vasconcelos Lopes Camy, de 37 anos. Nem ela e nem a irmã tinham o sonho de se casarem na igreja, mas a realização era importante para a mãe. As duas já são casadas no civil e moram com os companheiros há anos. 

Janaína puxou a fila das noivas e entrou com o pai. (Foto: Antonio Ferreira)
Janaína puxou a fila das noivas e entrou com o pai. (Foto: Antonio Ferreira)
Grávida de 34 semanas, ela e a menina Yanni, que espera, chegaram ao altar. (Foto: Antonio Ferreira)
Grávida de 34 semanas, ela e a menina Yanni, que espera, chegaram ao altar. (Foto: Antonio Ferreira)
Laura e Alessandra entraram juntas, de mãos dadas. (Foto: Antonio Ferreira)
Laura e Alessandra entraram juntas, de mãos dadas. (Foto: Antonio Ferreira)

As histórias - Laura Vasconcelos Lopes Pomini, de 33 anos, tem uma linda história de amor. Conheceu o marido na infância, logo que a família se mudou para o prédio onde ele morava. "O conheci quando tinha 10 anos e começamos com aquela paquera de criança, aí com 15 comecei a namorar com ele. Ele foi meu único em tudo, meu amigo, meu namorado, meu marido. A gente já passou por tanta coisa juntos..." As lágrimas começam a escorrer antes mesmo que ela o visse esperando no altar.

No salão, as irmãs se preparavam e a emoção já tomava conta de todos. "Ver que todo mundo que eu gosto vai estar ali, do meu lado, comigo", explica Laura. Ela e irmã tem uma química que não conseguem descrever e concordam que uma é a cara metade da outra.

Alessandra, a mais velha, está junto do marido há cinco anos. Primeiro eles eram amigos que resolveram "testar" a amizade num namoro. "Começamos a brincar de namorar, a gente sabia que corria um risco de perder a amizade..." Mas deu tão certo que trocaram votos de ficarem juntos na alegria e na tristeza.

Janaína, a prima e, Henrique já protagonizaram uma reportagem anterior no Lado B. Entre idas e vindas são 10 anos juntos, a luta dele contra a leucemia e um pedido de casamento feito no drive thru do MC Donald's. Considerado estéril por conta da doença, eles também deixaram isso para trás quando a notícia da gravidez de Janaína veio. Com 34 semanas, a noiva entrou com o pai pela igreja, acompanhada também da menininha Yanni.

"É muito especial para nós esse momento, proque uma já é espeical na vida da outra e estando ali, todas juntas. Não sei dizer o que é mais emocionante", resume a Janaína Vasconcelos Martins Paim, de 27 anos.

Irmãs dividiram a festa e fizeram recepção em buffet infantil. (Foto: Antonio Ferreira)
Irmãs dividiram a festa e fizeram recepção em buffet infantil. (Foto: Antonio Ferreira)

"Vaquinha" - Juntas, elas dividiram as flores, decoração e os músicos da igreja, além das roupas das damas e pajens. Como Janaína e Henrique estão prestes à se mudar para Cuiabá, a prima decidiu não participar da festa e as duas irmãs dividiram sozinhas a recepção dos convidados.

De início, elas procuraram por buffets que atendem de modo tradicional e também numa churrascaria, a média ficaria R$ 80,00 por convidado, por mais simples que fosse o casamento. Como Laura recém tinha feito a festa da filha, resolveu perguntar ao buffet infantil se seria possível receber os familiares e amigos depois da igreja.

A surpresa foi o preço, apenas R$ 28,00 por pessoa. Como o cardápio é todo de festa infantil, com salgadinhos e batata frita, elas pensaram em fazer a festa com tema comidinha de boteco. Somente a cerveja era à parte. "A nossa ideia era de celebrar, interagir com os nossos convidados e tomar uma cervejinha", resume Alessandra.

A decoração se manteve como de uma festa de criança, só que mais clean e sem balões. Nos doces, elas entraram com alguns mais "elaborados" na mesa do bolo, afim de decorar o espaço. Para 130 pessoas e quatro horas de festa, as duas gastaram pouco mais de R$ 3,6 mil juntas.

"Por mais que tenha a questão da economia, o que vale para a gente é dividir a lembrança. Queremos comemorar até a renovação de votos juntos, daqui 10 anos", brinca Alessandra.

Na igreja, padre revezava na hora dos votos entre os três casais. (Foto: Antonio Ferreira)
Na igreja, padre revezava na hora dos votos entre os três casais. (Foto: Antonio Ferreira)

Na igreja - Marcado para às 19h30, as noivas entraram com um atraso de apenas meia hora. Os noivos cruzaram o corredor seguindo a ordem alfabética dos nomes: Flávio, Gustavo e Henrique. As primeiras notas da marcha nupcial foram tocadas para que todos soubessem que era hora das três noivas entrarem. Janaína puxou a fila, levada pelo pai, parou por segundos no meio do caminho para se abanar, na tentativa de segurar o choro. De trilha sonora, ela e as irmãs dividiram a música "oficial" dos últimos casamentos: "Pra sonhar", de Marcelo Jeneci.

Alessandra e Laura não têm contato com o pai e gostariam que a mãe delas fizesse realmente só o papel de mãe de noivas. De início, elas entrariam com os filhos, mas Gustavo, um dos noivos, sugeriu que elas chegassem ao altar de mãos dadas, juntas. Uma levando à outra.

Quando a porta se abriu novamente, Alessandra pediu à Laura que não chorasse. Em vão. As duas entraram emocionadíssimas porque iriam, lá na frente, entregar a irmã para o cunhado. A cena foi linda e deixou convidados com lágrimas nos olhos.

No altar, da esquerda para a direita ficaram: Flávio e Alessandra, Henrique e Janaína e Gustavo e Laura. O padre do casamento, Antônio Leandro, anunciou que era o primeiro triplo que conduziria e por vezes, revezava entre as perguntas, ora começando da ponta direta, ora pela esquerda. Cada um dos casais tinha dois padrinhos e os pajens e damas também eram individuais.

De entrada de alianças, foram três. Assim como as repetições do "sim", de quem se comprometia a ficar junto, na saúde e na doença, até que a morte os separe.

Se casar com chuva dá sorte? O céu de Campo Grande disse que sim aos três casais. Choveu por todos os noivos diante do altar e a cerimônia religiosa terminou num lindo abraço dos seis.

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Essa é uma sugestão de pauta do jornalista Elverson Cardozo.

Enfim casadas, trio de noivas saem pela porta da igreja. (Foto: Antonio Ferreira)
Enfim casadas, trio de noivas saem pela porta da igreja. (Foto: Antonio Ferreira)
"Podem beijar as noivas". (Foto: Antonio Ferreira)
"Podem beijar as noivas". (Foto: Antonio Ferreira)
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