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Consumo

Em casamento original, palhaços levam alianças e noivos pintam pés com tinta

Paula Maciulevicius | 21/11/2014 06:26
As pegadas formadas pela tinta vão lembrá-los do que foi comprometido naquele 22 de dezembro.  (Foto: Allan Kaiser)
As pegadas formadas pela tinta vão lembrá-los do que foi comprometido naquele 22 de dezembro. (Foto: Allan Kaiser)

Os primeiros passos como casal foram nas cores laranja e azul. Fernanda e Henrique deixaram, junto dos sapatos tirados no altar, a vida que cada um construiu até ali para caminharem juntos a partir daquele dia. As pegadas formadas pela tinta no pano ao longo do corredor da capela vão estampar a casa deles e lembrá-los do que foi comprometido naquele 22 de dezembro.

Fernanda Oliveira de Santa Rosa Rodrigues e Henrique Lucas Nogueira Rodrigues são estudantes de Jornalismo e Arquitetura, respectivamente, pais de Beatriz de 7 meses, têm 23 anos e uma criatividade que contagia e serve como inspiração.

A liberdade que os dois cultivam foi passada para a cerimônia, realizada na Estância Havaí, aqui em Campo Grande e hoje é contada no Lado B. "A gente adora compartilhar", disse Fernanda ao aceitar o convite. E a gente adora ouvir e escrever.

Depois de dois anos e meio de namoro, já estavam nos planos o noivado. Mas Beatriz se apressou e quis adiantar o "sim" entre os pais. E em dois meses eles organizaram a cerimônia. "Eu quase fiquei louca, foram dois meses e eu grávida, tudo era muito maior. Eu chorava por tudo. E o Henrique aguentou firme, percebi que ele me amava naquele momento", brinca. Os choros sem um motivo específico eram "culpa" dos hormônios. Mas o querer estar e ficar junto para sempre foi maior do que conseguir realizar todas as tarefas dentro de 60 dias. 

A liberdade que os dois cultivam foi passada para a cerimônia, realizada na Estância Havaí. (Foto: Allan Kaiser)
A liberdade que os dois cultivam foi passada para a cerimônia, realizada na Estância Havaí. (Foto: Allan Kaiser)

A escolha pela Estância foi porque Fernanda não queria se casar em igreja e nem em um local fechado e deveria ser ao por-do-sol, horário do dia que ela mais gosta. Mas o lugar também tinha de oferecer um plano B, se caso chovesse. E choveu.

"Lá é meio rústico, coisa que a gente gosta. Eu não queria um casamento convencional, não é a nossa cara flores, lustres e rosas. Não gostamos muito de clichê e eu queria um lugar que pudesse deixar bem com a nossa cara mesmo", explica.

Marcado para às 16h30, a cerimônia começou com 1h de atraso, mas ainda assim dentro do previsto. Henrique entrou depois dos três "best man", acompanhado dos pais, com Los Hermanos de trilha sonora. Em seguida entraram as três damas adultas. O sexteto foi escolhido a dedo pelos noivos. "Duas eram minhas melhores amigas e uma dele. Ele também dois eram melhores amigos dele e um meu", conta Fernanda.

A entrada da noiva foi com a música "In the morning", de Mallu Magalhães, mas a surpresa ainda estava por vir. No altar, Henrique esperava por Fernanda ajoelhado e com uma gérbera nas mãos. "Sempre foi a flor que ele me deu, desde a primeira vez que a gente saiu de casal. Eu odeio rosa, achava super clichê e sempre faziam piadinha com o meu nome. Da primeira vez, eu achei que ele fosse me dar uma rosa. Mas não e ficou como uma flor especial", descreve.

À primeira vista, diríamos que são palhaços. Na explicação deles, "clowns". (Foto: Allan Kaiser)
À primeira vista, diríamos que são palhaços. Na explicação deles, "clowns". (Foto: Allan Kaiser)

Emoção para a noiva, familiares e convidados. Quem realizou a cerimônia foi a irmã de Henrique, jornalista, blogueira e conhecedora do sentimento que unia o casal. Enquanto a cautelosa escolha de palavras conduzia a cerimônia. Uma das madrinhas, um best man e um padrinho deixaram o altar. Ana, Matheus e Marcos voltaram depois, mas não atendendo por estes nomes e nem vestindo as mesmas roupas. Eram agora Pirueta, "M" azul e "M" vermelho.

À primeira vista, diríamos que são palhaços. Na explicação deles, "clowns". "São personagens que eles já têm, que trabalham em cima. Eles são totalmente desligados das pessoas que são. Nós somos amigos deles e dos personagens também", pontua Fernanda.

Pirueta foi quem entrou como florista, anunciando a chegada das alianças. Na correria do planejamento, foram justamente as flores que a noiva se esqueceu. "Ela catou folha e grama de lá mesmo e entrou jogando", revela. Nas fotos, tudo parece ter saído como um combinado.

As alianças vieram pelas mãos do "M" azul e "M" vermelho. Adultos, homens e palhaços, eles foram o centro das atenção naquele momento, tarefa sempre incumbida às damas de honra. Como Fernanda já havia trabalhado em cerimoniais, se recordava das crianças que desistem de entrar ou então adentram forçadamente. As fotos, daqui uns anos, também poderiam revelar pequenos com os quais o casal não manteve contato ou que os próprios não se recordam da importância da entrada.

"Eu queria uma coisa diferente. Eles, os padrinhos e madrinhas, são pessoas bem importantes para a gente. Eles saíram correndo, trocaram de roupa, foi uma correria, mas deu muito certo. Foi do jeitinho que a gente queria. O Henrique já não tem muitos paradigmas para serem quebrados e eu, é só colocar pilha que eu vou", se explica Fernanda.

A cerimônia decorreu dentro do que esperavam os noivos. A irmã de Henrique falou, o que até hoje é considerado por Fernanda, as mais belas palavras já ouvidas. "Ela falou sobre o momento que Deus encontrou com Adão e usou como base da mensagem que eu estava escolhendo me despir para o Henrique, mas não no sentido físico e sim no espiritual e emocional. Que ele me veria como ninguém me vê, sem roupa e sem máscara e que eu estava escolhendo viver com os defeitos dele e vice e versa".

Os votos do casal também não seguiram nada do tradicional. Eles mesmos escreveram o que gostariam de falar. "Receber com abraço, dar o meu melhor inclusive, fazendo maquete que sou péssima de trabalho manual", reproduz a noiva. Ele, pelo contrário não prometeu nada e sim se comprometeu. A segurar minha mão e não soltar nunca. Eu estava quase morrendo de chorar na hora. Ele é demais", descreve Fernanda.

O fim da cerimônia era apenas o começo. O casal tirou os sapatos. Ela pisou na tinta laranja e ele na azul. "E a gente foi pisando até o final. Todas as nossas pegadas estão neste pano. Nós entendemos que no casamento a gente se torna um e saímos pisando para registrar este momento".

Pirueta foi quem entrou como florista, anunciando a chegada das alianças. (Foto: Allan Kaiser)
Pirueta foi quem entrou como florista, anunciando a chegada das alianças. (Foto: Allan Kaiser)
Emoção para a noiva, familiares e convidados.  (Foto: Allan Kaiser)
Emoção para a noiva, familiares e convidados. (Foto: Allan Kaiser)
Eles adoram compartilhar e nós ouvir e escrever. (Foto: Allan Kaiser)
Eles adoram compartilhar e nós ouvir e escrever. (Foto: Allan Kaiser)
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