Luto pelo filho dói menos desde que Lu passou a fazer bordados
Ela faz bolsas, mochilas e necessaires com material reciclado
Lucienne Lopes achou que nada mais iria viver depois de o filho caçula morrer de pneumonia. Esposa de militar, ela morava num residencial reservado aos membros do Batalhão do Forte Coimbra, no meio do Pantanal sul-mato-grossense, na época em que isso aconteceu.
"Nada tinha mais sentido" é a frase que usa para resumir o começo de uma depressão. Nem mesmo o paraíso natural que a cercava era remédio para a dor de perder o menino, que partiu com apenas 2 anos e três meses de idade.
Felizmente, a fase difícil do luto de 18 anos ficou para trás. E o motivo que renovou o sentido da própria vida foi aprender a fazer bolsas, mochilas e necessaires que carregam um pouco do Pantanal, de onde acabou se mudando anos após, inclusive.
A paixão pelo artesanato a fez seguir em frente e, ainda, ajudar a divulgar a causa da proteção aos animais do bioma. "Eu amo, eu adoro, eu fico muito feliz fazendo isso. Você não tem ideia", conta sobre o trabalho.
Curso e parceria - Lu, como gosta de ser chamada, saiu do Forte Coimbra para morar com o marido e os dois filhos mais velhos na área urbana do município vizinho, Corumbá. Foi numa instituição social de lá, o Moinho Cultural, que fez um curso gratuito e começou a confeccionar os acessórios.
Logo se mudou de novo, para a Capital. Já em Campo Grande, fez outros cursos na incubadora municipal do Bairro Zé Pereira para saber mais sobre o artesanato e entender de negócios.
Além disso, na nova cidade, conheceu o atual parceiro nas artes gráficas, Frank Dioner. Ele é quem a ajuda a fazer o download de imagens de animais do Pantanal no computador, que depois viram bordados e são aplicados nas peças.
Lucienne tem carinho especial pelos bordados das capivaras tomando tereré e andando de bicicleta por serem fofas e alegres. Há outras opções como os tuiuiús voando, tamanduás andando e onças empoleiradas em galhos.
Internacional - Ela se orgulha de ter clientes internacionais, que levaram bolsas e mochilas para os Estados Unidos. Os acessórios feitos pela pantaneira também viajaram para França, em Paris, junto a uma brasileira.
O material usado para as bolsas, mochilas e necessaires é a lona do malote dos Correios. Ela pega a doação do que o órgão descarta, faz um tratamento artesanal, modela e costura. Assim, reaproveita e contribui mais uma vez com a conservação ambiental. "São muito resistentes. Todos gostam", acrescenta.
Hoje, aos 55 anos e com os filhos crescidos, Lu se orgulha da dedicação ao artesanato em seu ateliê, que fica em casa. Ela vende os produtos em feiras da Capital, como a do Bosque da Paz e a da Praça Bolívia, por exemplo.
Os acessórios de Lucienne podem ser conferidos no instagram dela @lulopesatelie e nas feiras.
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