No improviso, Feira da Troca promove sustentabilidade e desapego
É em meio ao quintal, com clima de improviso, que neste domingo (18) acontece a Feira da Troca entre um grupo de amigos e simpatizantes, no bairro Jardim Leblon, em Campo Grande.
A ideia é simples: qualquer um pode participar e trocar todo produto que é usável, mas está largado em algum canto da casa.
Pode ser aquela roupa que você ganhou e ficou esquecida no guarda-roupa, um objeto artesanal que aprendeu a fazer, um livro que já enjoou e até uma mudinha de alguma planta. Vale de tudo, basta ter imaginação e praticar o desapego.
“Às vezes tem um objeto que você tem há anos, mas tá parado, ninguém usa, aí você troca na feira e outra pessoa dá um novo uso para o produto. A ideia é dar movimento as coisas. Mudar a ideia do apego ao valor material, trocar”, define um dos participantes da feira, Elder Alves Severino, de 44 anos.
Mas além dos objetos reutilizáveis, a Feira tem espaço para troca de serviços, músicas, gentileza e até olhares. O lanche durante o evento também funciona na base da troca entre os participantes.
“Rola troca de abraço, olhares, massagem e serviços. A pessoa pode oferecer um serviço que sabe em troca de outro”, diz a estudante Ana Carolina Arantes, de 19 anos.
Elder, por exemplo, diz que iniciou o troca-troca da feira com o seu serviço de decoração em troca da fraternidade dos amigos. A Feira só termina às 22h, com um Sarau feito com a troca de música entre os participantes.
Valor da troca - Em meio ao objetivo de reaproveitar os objetos e incentivar o respeito ao meio ambiente, a Feira conta com o bom-humor dos participantes e a disposição para brincar.
A estudante de biologia Sara Maria Sguissardi, de 19 anos, explica que as trocas não podem ser escolhidas com base no valor material, o que vale mais é a brincadeira de trocar.
Ela lembra da troca que mais gostou: um cachecol por um insenso e da mais interessantes que viu: um violão por dois livros e um lenço. “É claro que você não vai trocar um violão por uma presilha de cabelo, mas as pessoas também não ficam presas no valor do produto”, diz.
Gostou, trocou - A troca dos produtos na Feira começa com a apresentação de cada um e seus respectivos objetos. A partir daí, cada participante vê o que mais gostou e parte para negociação.
Sara mostra a blusa que ganhou da mãe, a caixa artesanal e a revista Rolling Stones. “Usei umas duas vezes essa blusa e acho que outra pessoa pode fazer mais uso que eu”, diz.
Para facilitar a troca, Elder dá a dica de levar produtos unissex e que servem para decoração. “Sempre querem trocar”, diz.
Ele levou luminárias feitas artesanalmente com fibra de mandioca e improvisou mais um uso para o objeto, com a intenção de atrair mais interessados.
“Você coloca essa luminária em algum local e todo dia olha para ela e faz uma oração para Santo Antônio pedindo uma esposa ou esposo. Em 7 dias aparece, mas se quiser um companheiro de qualidade aí pode demorar mais”, garante em tom de brincadeira.
Até produtos ainda na embalagem são levados para troca, como o porta-treco levado pela estudante Ana. Já Aurora Gonçalves, de 21 anos, preferiu desapegar das pulseiras de strass que aprendeu a fazer recentemente.
Permacultura - A iniciativa da Feira da Troca surgiu entre os integrantes do movimento de Permacultura, que visa criar e incentivar o uso de iniciativas sustentáveis, que promovam a interação com o meio ambiente.
O Instituto oferece cursos e promove eventos, como a Feira de Trocas. Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho pode acessar o blog http://permaculturams.blogspot.com.br .