Se arrependimento matasse...dizem lojistas do Shopping 26 de Agosto
Ao entrar no Shopping 26 de Agosto, logo de cara dá para perceber que alguma coisa vai mal. São várias lojas vazias, assim como os corredores sem movimento.
Algumas áreas do centro comercial nem sequer tiveram as salas montadas ainda, desde a inauguração, em setembro do ano passado, nunca abriram as portas.
O dono de um dos espaços conseguiu alugar o Box em novembro de 2011, mas em dezembro a “inquilina” já havia desistido do negócio e a placa voltou à fachada.
“A gente tinha expectativa de alugar rápido, mas está bem difícil, muito diferente do que imaginava”, diz o proprietário que se identificou apenas como Rafael. O aluguel de uma sala de 5 metros quadrados, por exemplo, custa 800 reais.
A decepção é tanta que em plena tarde de meio de semana, na véspera do feriadão de Carnaval, alguns comerciantes que deveriam estar trabalhando resolveram fechar, por falta de cliente.
Quem abriu, reclamava da paradeira generalizada. Abgail Magalhões, de 52 anos, gerente de uma loja de bolsas, diz estar indignada com a situação. O ritmo de vendas é tão lento que, segundo ela, não há como contratar funcionários. “Só olha esses corredores todos vazios. Você entra aqui e vê tudo vazio”.
Ela garante que as lojas têm investido bastante, mas sem retorno. “A gente investiu alto e não tem retorno. A gente sempre muda o estoque da loja, traz mercadorias boas. Tem dia que não vendo nada”, reclamou.
Neli Romeiro Silva, dona de uma loja de presentes, concorda, mas tem esperança que o shopping vingue. “Deveria ter mais divulgação, mas começo de ano é assim mesmo, o comercio é fraco.”
Outra empresária, que pediu para não ter o nome divulgado, já desistiu e agora ameaça acionar a Justiça para ter o que investiu na loja de roupas femininas ressarcido. “Se arrependimento matasse...é isso que todo mundo pensa aqui. Investi R$ 50 mil na loja, tenho de receber de volta”.
O superintendente do 26 de Agosto, Carmello Moidin, lembra do processo de maturação necessário para qualquer empreendimento se consolidar.
“Não é do dia para a noite, tem de ter paciência. Quando a feira mudou de lugar, todo mundo reclamou. Quando colocaram todos os ambulantes no camelódromo o lugar ficou tempos sem movimento. O Shopping Norte Sul enfrenta o mesmo problema e o Campo Grande demorou bastante para conquistar o público e hoje tem 22 anos”, argumenta.
Outro problema é a grande expectativa criada pelos empresários, a maioria "marinheiro de primeiro de viagem", diz Carmelo.
Para complicar o que seria um amadurecimento natural, ele lembra que algumas ações são prejudicadas pela irresponsabilidade dos comerciantes. O Fundo de Divulgação, por exemplo, criado para investimento em publicidade, está sem recursos. “A inadimplência aqui é de 80%. O próprio comerciante não paga o condomínio e depois reclama”, critica sobre o valor de R$ 125,00.
Quem aparece para conhecer o shopping, dá indicações do que pode contribuir para o fracasso do empreendimento. “Num calor desses, não tem ar condicionado, só ventilador. Outra coisa, os produtos parecem coisa de camelódromo e são mais caros”, reclama a funcionária pública municipal Ana Carolina Trindade.