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Consumo

Sem universitários, bares da região do Escobar correm risco de fechar

Boatos de que o Batata + Bar das Atléticas iria fechar causou alvoroço entre os univeristários, mas dona ainda estuda o que fazer

Lucas Mamédio | 27/05/2020 06:21
Bar Escobar, geralmente aberto já na parte da manhã, ficou fechado até o almoço pelo menos nesta terça (26) (Foto: Marcos Maluf)
Bar Escobar, geralmente aberto já na parte da manhã, ficou fechado até o almoço pelo menos nesta terça (26) (Foto: Marcos Maluf)

Dizem que o rolê do universitário nunca acaba, mas em Campo Grande, o ponto de encontro mais famoso para tomar uma cerveja e jogar conversa fora depois da aula, a região do Bar Escobar, nos cruzamentos da Rua Montese com a Rua Júlio Anffe, está sofrendo com a falta de movimento dos jovens.

São vários bares tradicionais e conhecidos da galera, principalmente alunos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que fica ao lado e está com as aulas suspensas, que mudaram totalmente suas rotinas e correm até o risco de fechar, como é o caso do também conhecido Batata + Bar das Atléticas.

Essa última terça-feira (26) foi de muita apreensão e questionamentos entre os estudantes que se viram em meio a vários boatos no Twitter de que o Batata iria fechar. Nós conversamos com a proprietária do estabelecimento, Graziele Soares Neves, por telefone, que confirmou sim a possibilidade do fechamento, mas disse que não há uma decisão concreta até então.

“Essa informação do fechamento procede e não procede, mas ainda não posso passar nada. Estou conversando com várias atléticas e cada uma quer uma coisa, quer ajudar de um jeito. Devo fazer ainda algumas reuniões pra decidir qual será o nosso futuro”, explicou Graziele.

Proprietária do Batata + diz que ainda estuda seu futuro, mas vê fechamento como saída (Foto: Marcos Maluf)
Proprietária do Batata + diz que ainda estuda seu futuro, mas vê fechamento como saída (Foto: Marcos Maluf)

O Lado B conversou com representantes de duas atléticas que ficaram sabendo do boato, mas também estavam tentando obter mais informações com a própria Graziele.

Sendo o Batata um dos casos mais sérios, os outros pontos tradicionais ali da região, como o Bar da Tia, por exemplo, estão amargando prejuízos nunca antes vivenciados.

“Meu filho, ontem eu vendi duas cervejas o dia inteiro. Em um dia bom numa sexta-feira com tudo normal, eu chego a vender 10 caixas de cerveja”, lamenta Lenir dos Santos Soares, de 62 anos, conhecida como Tia, que dá no ao bar.

Tia está conseguindo absorver o buraco nas contas do comércio aos trancos e barrancos. Ela não paga aluguel, porque o imóvel é da mãe, mas paga a energia e água. Para diminuir esses gastos deixou apenas um freezer ligado e controla a utilização de água no imóvel. “Também estou vendendo alguns produtos cosméticos, não dá pra ficar parada”.

Subindo a rua está o trailer de hambúrgueres Two Brothers. O estabelecimento é mantido pelo casal Oderban Rodrigues e Diane Rodrigues, que montaram o trailer em frente da casa alugada em que vivem.

Tia diz que vendeu apenas duas cervejas em um dia inteiro aberta (Foto: Marcos Maluf)
Tia diz que vendeu apenas duas cervejas em um dia inteiro aberta (Foto: Marcos Maluf)

“Tivemos uma queda de 80% no número de vendas. Sorte que existem os aplicativos de delivery, é o que dá uma aliviada pra gente”, informa Diane.

O casal também transferiu o local onde preparam os lanches para dentro da casa. “Tá tudo tão deserto que ficamos com medo de cozinhar aqui no trailer, na rua”, completa Diane.

O próprio Bar Escobar, mais famoso do reduto, está sofrendo seriamente os impactos da pandemia. No momento da reportagem, seu Escobar, o dono, não estava, mas seu filho, Orivaldo Escobar, dono do Restaurante Madacari, que fica cruzando a rua na diagonal, afirmou que houve queda de 70% a 80% no movimento nos dois estabelecimentos.

Se por um lado os comerciantes lamentam e correm sérios riscos com os impactos da pandemia, alguns vizinhos se dizem aliviados pela diminuição do fluxo de pessoas.

O autônomo Carlos Alberto Arruda, de 42 anos, é vizinho do Escobar há mais de 15 anos. Ele diz que sempre sofreu com o barulho causado pelos estudantes, principalmente quando ligam som de carro. Em comparação ao período normal, antes da pandemia, ele diz que está muito melhor, mas reclama que algumas pessoas insistem em ir ao bar.

“Nem se compara a como estava antes, mas é impressionante que pra algumas pessoas não existe quarentena, esses dias mesmo a polícias fez uma batida aqui”.

Oderban e Diane tiveram queda de 80% nas vendas de hamburgueres (Foto: Marcos Maluf)
Oderban e Diane tiveram queda de 80% nas vendas de hamburgueres (Foto: Marcos Maluf)

Outro vizinho que mora perto dos bares há 18 anos e não quis se identificar, diz que agora está uma “paz”. “Os bares em si não incomodam, o que incomoda é a bagunça”.

Conhecida por não ter muitas papas na língua, a Tia propõe uma solução aos vizinhos que reclamam da bagunça e não ligam muito para o futuro de seu comércio. “É fácil acabar com os bares da região e com a presença dos estudantes, muda a Universidade Federal inteira de lugar”.

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