Com sarau e yoga, chácara surge como novo ponto de cultura a 15 km da cidade
A natureza é parte integrante dos quase 2.500 mil metros quadrados de uma chácara, próxima à Uniderp Agrárias, em Campo Grande. Dentre as árvores, o espaço do redário é um convite ao relaxamento. Em dias de eventos o quintal vira casa de shows, com fogueira e como poltrona, pallets e pneus velhos.
Inspirado na metodologia da permacultura, que alia a perfeita comunhão entre o homem e a natureza, o recanto a 15 quilômetros do Centro de Campo Grande surge com a proposta de se tornar o mais novo ponto cultural da cidade.
Desde 1994 o local é propriedade do senhor Ervino João e dona Heloisa Helena, mas há pelo menos dez anos, quem mora no endereço é o filho do casal, o ator Luiz Claudio Schueda. A estruturação do lugar, batizado de chácara "Namatta", foi feita por ele, mas até então era usada somente como residência e local de lazer para a família.
“Fui fazendo algumas melhorias aos poucos e ampliando os espaços, para que se tornasse um lugar agradável para receber a família. Mas também fui amadurecendo uma ideia”, comenta.
Luiz quis abrir as “porteiras” da propriedade, para fazer do local espaço para encontros de artistas, artesãos ou quem apenas procura um local fora do agito da cidade, com variedade cultural e paz.
A estrutura para eventos é simples e sustentável, feita com caixotes, pallets, rendas, tecidos e todo tipo de material reciclável. A maior parte da iluminação é a luz de velas ou com fios de energia reutilizados, e até o banheiro é ecológico.
Com o incentivo de amigos ele criou o Sarau Namatta que esta na terceira edição, com dezenas de demonstrações artísticas na música, teatro e artesanato. O palco é aberto e a proposta é proporcionar eventos em contato com a natureza, sem som alto ou qualquer tipo de ostentação.
“Percebi que havia certa carência em Campo Grande de lugares onde os artistas pudessem expor sua arte e notei que com a chácara, eu podia contribuir nesse sentido”, ele conta. As apresentações são democráticas, mas com foco no som autoral de cantores como Wesley Paz, Felipe Ceará e Lucas Lutiero, três importantes parceiros na concepção do sarau.
Luiz Claudio explica que a intenção é proporcionar um evento multicultural, mas sem perder o tom intimista do local. Com exposições de artistas plásticos, apresentações de circo e relaxamento para toda a família. Até retiro de yoga o espaço já recebeu.
“É um ambiente familiar, uma espécie de mini centro cultural rural construído com base na filosofia da permacultura, voltado para agradar da criança até o adulto. Além de proporcionar a residência artística e intelectual, sempre em contato com a natureza”, explica.
Mas não só eventos o ator pretende promover na chácara Namatta. O local se tornará sede do Flor e Espinho Companhia de Teatro, onde Luiz é membro fundador e pode até servir de local para oficinas de teatro.
Da experiência adquirida no teatro em turnês dentro e fora do estado, Luiz ainda estuda tornar o local, uma espécie de hospedaria de artistas.
“Eu percebia que em muitos festivais, os artistas em turnê sentem falta de um local para se hospedarem, com alimentação, lazer e que fornecesse espaço para ensaios e permitisse esse intercâmbio artístico, com um preço acessível”, comenta.
Mas por enquanto, os novos projetos ainda estão em fase de amadurecimento. A chácara Namatta é mantida por Luiz Claudio e os pais e também, com o dinheiro que é arrecado durante os eventos.
Mas a intenção para o futuro é sustentar a chácara como ponto colaborativo, seja por meio de permutas, cooperativa de artistas ou a contribuição de quem acredite no conceito de vida sustentável. Independente dos rumos do projeto, o ator já comemora as vantagens do contato do público com a natureza.
“É um espaço intimista que permite esse contato próximo do público com o artista e a natureza. As pessoas saem de lá revitalizadas, com uma outra energia e se sentido bem”, conclui.