Apesar da fama ruim, moradores do Nhanhá provam união em arraiá
Na 1ª festa junina do bairro, a turma trouxe barracas, brinquedos e shows para mostrar lado bom do Nhanhá
Pela primeira vez, o Bairro Jardim Nhanhá teve uma festa junina que juntou toda a comunidade. Na tarde de ontem (18), a Rua do Comércio ficou cheia de bandeirinhas, luzes, enfeites juninos e ganhou um espaço "instagramável". No lugar, famílias e crianças curtiam o arraiá e aproveitaram as comidas típicas vendidas por alguns dos moradores.
Organizado pelo Núcleo Humanitário da Nhanhá, a festa começou às 16h da tarde e contou com a presença dos músicos Maninho Gomes e João Pedro & Finati. Além do som ao vivo, o arraiá promoveu uma apresentação da quadrilha, além de proporcionais brinquedos infláveis para os pequenos. O evento seguiu durante o período noturno, sendo que o encerramento aconteceu às 22h.
Planejada há um mês, a festa foi idealizada por Cris Robert de Oliveira, de 23 anos. O morador é responsável pelo Núcleo Humanitário, que já foi matéria no Lado B. O amor pelo bairro é tão grande que neste ano, a palavra “Nhanhá” virou tema de uma tatuagem que Cris carrega com orgulho.
Cris comenta como e por qual motivo resolveu organizar o evento. "Eu idealizei a festa para poder ajudar no nosso trabalho de desmistificação do Nhanhá. Mandei ofícios para a Secretaria Municipal da Juventude para conseguir as tentas, os brinquedos, os banheiros químicos e para a Guarda Civil Metropolitana”, explica.
Além das autoridades, o jovem contou com o apoio de moradores que fizeram para vender o arroz carreteiro, cachorro-quente, pastel, espetinho, pipoca, sobá, milho cozido e doces. O valor arrecadado, conforme Cris, foi direcionado para os próprios moradores. “Eu mobilizei sete famílias para poder vender as comidas e gerar renda. O projeto ficou com três produtos para a gente também arrecadar recursos”, fala.
Ontem, o Lado B promoveu uma enquete para saber se os leitores acreditam que festas em bairros unem mais a vizinhança. Com 53% dos votos, o não venceu. Apesar do resultado, o pessoal que mora no Nhanhá provou que uma festa é capaz de unir mais a vizinhança sim.
Adriano Vasques, de 46 anos, fala sobre o sentimento de presenciar e contribuir com a primeira festa junina do bairro. "Faz quarenta anos que moro aqui, já vi muita coisa feia, mas hoje tá todo mundo junto aqui na festa. A Nhanhá tem muita fama de bandidagem, tem muita gente de fora que tem medo, mas hoje foi muito legal e tá super de boa. Ficou só a família e deu pra vender muita coisa", afirma.
As irmãs Rose Cândido, de 41 anos, e Elian Corrêa, de 50 anos, ficaram responsáveis pela barraca de doces. No local, elas venderam bala baiana, pirulito de chocolate, brigadeiro, pé de moleque, maçã do amor, canjica, bolo e outras gostosuras. Criadas no bairro desde criança, as irmãs sempre gostaram de festas juninas e frequentavam as realizadas nas escolas.
Rose diz que apesar da mudança do tempo, elas não desanimaram de contribuir com a festa. "Por causa da chuva ficamos com medo, mas não desistimos. A comunidade abraçou a ideia e o esforço que esse menino (Cris) faz por nós está causando diferença. Quando falam do Nhanhá é no negativo, mas aqui somos positivos e também temos um lugar bom", ressalta.
Moradora do Bairro Santo Amaro, Maura Nascimento ficou sabendo da festa através do projeto social e resolveu prestigiar o arraiá. “Eu conheci o projeto há um mês, vi a notícia, me interessei e vim. Aqui tá organizado, tá bonito e a comida está gostosa”, destaca.
Claudio Peixoto, de 48 anos, vive no Nhanhá desde criança e fala que nos últimos tempos a união entre o pessoal tem ficado mais forte. "A união não é perfeita, mas está se fortificando. Aqueles que são daqui se fortalecem, porque a maioria se conhece", reforça.
O morador expõe que muitos tem uma visão negativa do bairro, porém poucos tentar contribuir. "Todo mundo fala que é um problema, mas ninguém coloca a mão na massa para resolver. Tudo que puder ser feito para desmistificar a gente fica muito feliz", conclui.
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