Após os 50, grupo prova que vida é espetáculo com Rita Lee e Delinha
Participantes do Ativa Idade brilharam no teatro com performances em homenagens a grandes artistas
Delinha, Elza Soares, Gal Costa e Rita Lee inspiraram a performance de mais de 60 participantes do projeto Ativa Idade na noite de quinta-feira (26). O Teatro Glauce Rocha foi o palco onde os ‘jovens’ acima de 50 anos brilharam e receberam aplausos da plateia que acompanhou o espetáculo Divas Night.
A apresentação musical é tradição do projeto realizado através da FMB (Fundação Manoel de Barros), que tem 10 anos de história e o objetivo de elevar a autoestima e confiança do público da melhor idade. Entre as atividades desenvolvidas pelo FMB estão aquelas ligadas à arte, como dança e canto.
O resultado das aulas e ensaios praticados nos últimos meses foi o show que homenageou artistas brasileiras de renome. O diretor da fundação Marcos Henrique Marques, de 58 anos, fala sobre a escolha das cantoras com destaque especial para a Dama do Rasqueado.
“No começo do ano eu vi uma postagem de um amigo que postou as três divas juntas: Gal Costa, Elza Soares e Rita Lee. Eu cheguei para a coreógrafa, falei que o tema deste ano seria ‘Divas’ e aí nós falamos que teríamos que colocar uma diva nossa, a Delinha”, conta.
Conforme o diretor, as cantoras tem tudo a ver com as pessoas do projeto. “Elas estavam no palco, movimentando multidões, sendo pessoas idosas”, ressalta. Para além da performance, o espetáculo também é um reflexo da mudança de vida que cada homem e mulher envolvido no projeto.
Marcos Henrique fala que algumas pessoas chegam sem perspectiva, se sentindo inúteis e até mesmo distantes dos próprios familiares. “Quando ele vem trabalhar com a gente, como ele muda de comportamento, a família muda com ele. Aquela ideia de abandono não existe mais, aí existe a inclusão. O nosso trabalho é um serviço de convivência, fortalecimento ou restabelecimento de vínculo familiar”, destaca.
Divas Night - O espetáculo começou com a apresentação do coral da FMB. Gal Costa foi a primeira cantora a ser lembrada por meio das músicas ‘Balancê’ e ‘Chuva de Prata’. Seguindo a regência do maestro Marcos Alves, eles cantaram ‘Se Acaso Você Chegasse’ de Elza Soares e ‘Ovelha Negra’ e ‘Arrombou a Festa Nº 2 da roqueira Rita Lee.
A primeira parte da apresentação do ‘Divas Night’ seguiu no coro de vozes do coral formado majoritariamente por mulheres. Usando uma blusa preta com a grande estrela costurada no peito, elas brilharam até cederem a vez para o segundo ato do espetáculo
A parte dois trouxe para o palco o grupo de dança da FMB. Usando trajes de frevo, eles chegaram dançando ‘Festa no Interior’ da Gal Costa. As mulheres usavam saias cheias de longas fitas, enquanto os homens ostentavam gravatas coloridas nos mesmos tons. Seguindo o ritmo da música, eles dançavam com o guarda-chuva em mãos que ora ia para cima, ora para baixo.
Depois Rita Lee voltou em cena graças a clássica ‘Erva Venenosa’. Usando ternos verdes e calças pretas no estilo roqueiro, as mulheres seguiam os passos, se agitavam no refrão ‘Venenosa, ê/ Erva venenosa, ê/ É pior do que cobra cascavel/ Seu veneno é cruel”. Enquanto dançavam, o telão atrás delas exibia um fantoche no formato de cascavel. No fim da canção, as artistas terminaram imitando o som da cobra.
O palco do Teatro Glauce Rocha foi transformado numa sala de cinema. ‘Flagra’ composta por Rita Lee foi mais uma música resgatada para o espetáculo que trouxe no centro do palco um casal que se beijava toda vez que o grupo chegava na principal estrofe.
Outro momento especial ficou por conta de Elza Soares. Ao som de ‘Mulata Assanhada’ mais artistas entraram em cena vestindo blusas douradas. Os homens usavam chapéus, camisas brancas marcadas pelo dourado da gravata e seguravam mini pandeiros.
A noite de espetáculo proporcionou ainda um solo da participante de maior idade do projeto. Balbina Silveira, de 90 anos, se transformou na Rita Lee com direito a peruca ruiva, óculos e um terno bem elegante. Segurando uma guitarra, ela dançou enquanto vivia o momento roqueira.
O grande final de Divas Night não poderia ser outro senão com ‘Sol e a Lua’ de Délio e Delinha. Os mais de 60 participantes se uniram no palco junto com o maestro Marcos Alves e a coreógrafa Rosângela Caldas Luppi. Os artistas e professores seguravam fitas douradas e pratas que faziam referência ao sol e lua.
O espetáculo, assim como em cada apresentação anterior, terminou ao som de aplausos e gritos da plateia em pé. Depois de tanta emoção, o encerramento proporcionou o reencontro dos filhos e netos que foram prestigiar os pais, mães e avós. Alguns levaram flores, davam abraços e tiraram fotos com as estrelas da noite.
Marlene Divina da Silva, de 50 anos, foi uma que saiu da plateia para o palco onde estava Ozias Jorge da Silva, de 77 anos. Ela fala sobre o sentimento de acompanhar o espetáculo do pai.
“É uma emoção muito grande, eu fico muito feliz. Pra gente é uma emoção muito maior porque tem três meses que perdemos minha mãe. Graças a Deus, ele está aqui participando do projeto e se reconstruindo”, diz.
Essa não é a primeira vez que Ozias participa de uma apresentação ao lado dos amigos de projeto. Ele comenta que o projeto Ativa Idade tem papel fundamental no cotidiano. “Pra mim é importante, o projeto é muito legal. Todo mundo se sente bem, tem amizade, carinho, é muito legal, muito bom”, afirma.
Enquanto algumas famílias acompanham de longe tem aquelas que dividem aulas e os palcos. É o caso de Balbina Silveira, de 90 anos, e da filha Elida Silveira Nantes Coelho, de 68 anos. Elas estiveram envolvidas na apresentação do Divas Night.
Balbina conta que teve outras oportunidades de estar no palco do Teatro Glauce Rocha, porém foi a primeira vez que veio como Rita Lee. “Eu me apresento todo ano. Eu era da Vovó Ziza, depois mudei pra Fundação Manoel de Barros e todo ano apresento. Quiseram que eu apresentasse Rita Lee, ontem que comecei a ensaiar. Eu gostei, foi uma grande cantora ela”, destaca.
A filha, Elida, compartilha que a fórmula para esbanjar jovialidade e animação aprendeu com a mãe.“O segredo é viver a vida feliz, não pensar em tristeza, curtir muito. Ela é muito ativa, ela trabalha na máquina costurando todo dia, ela fala que a felicidade é ter o que fazer e só pensar em coisa boa. Ela pensa que o amanhã vai ser melhor que hoje”, pontua.
Quem quiser acompanhar o projeto, o perfil no Instagram é @fundacaomanoeldebarros
Confira a galeria de imagens:
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