Com dança por R$ 5 e público elegante, clube reproduz noite em Buenos Aires
Depois de uma noite animada com tango, professor de dança quer realizar uma "Noite Carioca", com a presença de Carlinhos de Jesus
Do flashback ao bolero, a música que saia da caixa de som era só um esquenta para agradar os convidados que chegavam à mesa. Mulheres de vestido longo, salto alto e um perfume que dava para sentir de longe, revelavam que a noite era especial. Apesar dos diversos ritmos no palco, o tango foi o protagonista do evento "Noite em Buenos Aires" realizado pela primeira vez, no Clube Estoril.
A noite foi uma iniciativa do professor de dança Sidney Brito, de 46 anos, dono de uma escola na Capital que trouxe um casal argentino para um workshop de tango na cidade. Para aproveitar a presença dos profissionais, ele escolheu festejar em novembro uma noite argentina no clima das noites de tango em Buenos Aires. "É uma oportunidade de se divertir, ter liberdade para dançar e curtir a elegância que o tango proporciona. É um jantar dançante que o nosso público conhece e gosta", explica o professor.
Apesar de alguns rostos jovens pelo ambiente, evento agradou mesmo ao público da terceira idade. Na pista, a justificativa é o interesse por um "público mais maduro", diz a aposentada Fátima Vargas, de 61 anos, uma apaixonada por dança. "Quem gosta mesmo de dançar sente muita falta de eventos como esse. Hoje é o dia que a gente pode curtir uma boa música, se vestir bem e dançar à vontade".
Antes das apresentações de tango, a noite começa com bolero e ritmos mais lentos que dá um clima romântico à festa. Muitos casais escolheram o baile como opção para se divertir na sexta-feira. "Eu sou do tempo que o baile reinava", brinca a farmacêutica Therezinha Zardo, de 70 anos, que foi ao baile na companhia do marido, o médico e advogador Ricardo Leão de Souza Zardo, de 71.
Ambos fizeram aula de dança durante quatro anos, conta a esposa. "A gente sabia dançar o básico, mas precisávamos cuidar da saúde e escolhemos a dança. Aprendemos todos os ritmos, mas a nossa paixão é o tango".
Mas se engana quem acha que não ter par é motivos para ficar sentado à mesa. Alguns homens mais jovens ficam disponíveis para serem personal de dança, contratados pelo evento e com direito à ficha no caixa. Se quiser dançar basta pagar R$ 5,00 com direito a duas músicas na pista. É assim que muitas convidados dão um show na pista.
Entre os dançarinos que conduzem a dança está Chrysthyam William, de 18 anos, que chega a dançar 40 músicas por noite. "Compensa, a gente ganha e se diverte", afirma. Ele é dançarino desde à adolescência, trabalhou em duas companhias de danças, mas em breve diz que vai precisar dar uma pausa no ofício. "Fui chamado para o quartel, vou servir em 2019, então não vou poder seguir somente a com a dança, por isso, aproveito bastante", diz.
A noite também agradou o casal convidado Laura Grandi e Paulo Bidart, ambos argentinas e dançarinos profissionais há mais de 20 anos. Essa foi a primeira vez de Laura em Campo Grande, que ao lado do parceiro admirava os passos dos convidados na pista. "Ficamos muito felizes com o convite de mostrar o nosso trabalho e aproveitar essa noite tão bonita, são eventos que não são produzidos todos os dias, então gera uma expectativa e torna a noite muito mais especial", diz a dançarina.
A noite seguiu até de madrugada com tango, uma diversidade de ritmos e um jantar com massas italianas. O ingresso custou de R$ 50,00 a R$ 90,00 por pessoa com direito ao jantar. Quem quisesse levar a própria bebida, pagava rolha de R$ 50,00 ou apenas se divertia com os dançarinos por "cincão".
O organizador adiantou que o próximo evento será divulgado com uma "Noite Carioca". "Estamos tentando negociar o Carlinhos de Jesus", revela.