Com reencontro e aniversário, amigos de infância fazem festa julina em rua
A data da festa é escolhida especialmente para comemorar o aniversário de uma das moradoras mais especiais na turma de amigos. Juntos desde a infância, a festa julina da "Rua do Meio" é tradição que foi resgatada no bairro Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, após 10 anos.
A última edição aconteceu em 2006, recorda Karine Mareco, de 27 anos. Ela cresceu no bairro ao lado de amigos que compartilharam da mesma infância e, ontem, foi uma noite para matar a saudade com a rua repleta de bandeirinhas, fogueira e xadrez.
"Sempre foram os mesmos amigos e a maioria morava na rua do meio, que tem esse nome justamente porque ela fica no centro de tudo do bairro. E a gente acabou deixando de fazer a festa por conta dos compromissos, da família e porque muita gente acabou casando", justifica.
Ao todo foram cerca de 50 pessoas convidadas entre amigos, familiares e moradores do bairro. Para que a festa fosse ainda mais especial, o 1º de julho foi também para presentear a moradora Rosangela Maria da Silva que completou 58 anos.
"Ela é a mãe de uma amiga e acabou se tornando a mãe de todos. Por isso todo ano a gente buscava conciliar a data da festa com o aniversário dela", explica Karine.
Dona Rosângela é só alegria em ver os amigos reunidos. "Festa junina é uma coisa boa demais. Eu sempre amei e essa vizinhança era a melhor em fazer festa. Tanto que nunca tivemos problema, até um dos nossos vizinhos que é evangélico, não participa, mas dá todo apoio para nossa festa", explica.
Mãe de 3 filhos, Rosângela acredita que tem muito mais no coração. "Essa meninada cresceu na rua e na minha casa. Tudo quanto é tipo de festa acontece por aqui. É Carnaval, Natal e Copa do Mundo. Sempre que tem uma festa, os amigos entram sem bater", brinca.
Com música, quadrilha e brincadeira, toda diversão vale a pena, principalmente, para recordar os momentos de infância. "Eu me lembro do tempo de criança em que a gente brincava a todo momento. Naquele tempo os pais não tinham preocupação com quem ficava na rua até tarde. Hoje eu sou mãe e a gente sabe que não é a mesma coisa com os filhos", diz.
E como a união caipira é regada a diversão, Karina não poderia deixar de lado o casamento. "Sou noiva há 6 anos na quadrilha e dessa vez vou ser de novo. Até o noivo que é um amigo que não mora mais no bairro, veio só para participar da cerimônia. Porque tradição é tradição", brinca.
Para os vizinhos, a festa só fortalece a união em tempos que quase ninguém se conhece na região. "Aqui a gente nunca teve isso. Todo mundo se conhece e atende todo mundo. Acho que essa é a graça da Rua do Meio. A gente se diverte, brinca, sabe um da vida do outro e isso tudo faz parte da nossa união", explica o professor Raul Peralta.
De entrada, cada um trouxe um prato típico. Um dos vizinhos cuidou da preparação da fogueira e as meninas deram conta de agilizar a quadrilha. "Antigamente era diferente, as crianças iam de casa em casa arrecadando dinheiro e alimento para fazer a festa. Hoje com a correria tudo ficou mais simples, mas não perdeu o encanto. A gente continua querendo amanhecer na festa junina", diz Sângela Alvez Lima, de 33 anos.
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