Com viagem comprada na sorte, casal faz fotos surreais no Jalapão
Já imaginou nadar nas águas cristalinas em que ninguém afunda? Esse casal de MS nadou e dá dicas para você conhecer o destino
O fotógrafo campo-grandense Nicolas Carrelo e a noiva Luciana Sá sempre ouviram falar das belezas do Jalapão e do destino como um dos locais mais bonitos do Brasil. Mas com preço das passagens aéreas para o Tocantins nas alturas eles desanimavam. Com a pandemia, o destino suspendeu a visitação de turistas desde março 2020, mas os rumores de reabertura no mês passado fizeram o casal viver junto uma das maiores aventuras.
“Em meados de setembro, lemos alguns rumores de reabertura do Jalapão para o turismo no começo de outubro, encontramos passagens com preços acessíveis e resolvemos fechar a viagem, mesmo na incerteza da reabertura. Só tivemos a confirmação da reabertura três dias antes de embarcarmos”, conta o fotógrafo.
O que para muitos é uma verdadeira loucura, para o casal foi uma baita sorte. Os dois embarcaram no início do mês para a região. Nicolas diz que se deparou com um povo muito receptivo à espera dos turistas após meses de fechamento. “Em todos os passeios era obrigatório o uso de máscaras, tanto por parte dos funcionários como dos turistas, havia álcool em gel e informativos de cuidados para prevenção a covid-19”, destaca os cuidados.
Para quem desconhece, o Jalapão é um ponto turístico famoso no País pelos seus fervedouros em que ninguém afunda. O que acontece nessas águas chama-se ressurgência, um fenômeno que faz com que simplesmente seja impossível se afundar na água. Ou seja, independente do seu peso e da pressão que o visitante exercerá na água, a pressão irá empurrar de volta para a superfície. Essa experiência também acontece em uma das regiões de Costa Rica, a 330 quilômetros de Campo Grande, que contamos sobre esse destino em reportagem do Lado B.
Nicolas escolheu um roteiro de cinco dias. Ele e a noiva passaram por três cidades diferentes, Ponte Alta, Mateiros e São Felix do Tocantins.
“Começamos nossa viagem por Ponte Alta, conhecendo a Lagoa do Japonês, um lugar incrível com águas cristalinas e cavernas. Almoçamos por lá e, no fim da tarde, seguimos para assistir ao pôr-do-sol na Pedra Furada, um conjunto de blocos areníticos que foram esculpidos há milhões de anos pelos ventos”, destaca.
No segundo dia o casal saiu rumo a Mateiros, pararam para conhecer o Cânion Sussuapara, depois a Cachoeira da Velha e aproveitou um banho na Prainha do Rio Novo, considerado o maior rio de água potável do Brasil. “Terminamos o dia assistindo o pôr-do-sol nas Dunas do Jalapão, simplesmente fantástico”.
Do terceiro ao quinto dia, Nicolas conheceu os fervedouros do roteiro. Os primeiros foram o Fervedouro Buriti e o Fervedouro do Rio Sono. “Também fomos conhecer a Cachoeira da Formiga, que é considerada pela maioria dos turistas, a mais bonita do Jalapão, devido suas águas de cor verde esmeralda”.
Continuou o roteiro pelo Fervedouro do Ceiça, o primeiro a ser descoberto no Jalapão, na opinião dele, o mais charmoso, pois para entrar no fervedouro você passa por um corredor de bananeiras dentro da água. “É lindo”, comenta. “Em seguida fomos o Fervedouro do Buritizinho, o menor fervedouro do Jalapão, mas com a água mais cristalina de todas. À tarde, seguimos para conhecer o Fervedouro das Macaúbas. E no No quinto e último dia, passamos a manhã no Fervedouro do Alecrim e no Fervedouro Bela Vista, o maior e mais bonito do Jalapão, nele foram gravadas cenas da novela da Globo, ‘O outro lado do Paraíso’”, descreve.
Nadar nos fervedouros é uma experiência incrível, define o fotógrafo. “É impossível entrar em um fervedouro e não dar uma gargalhada ou sorrir quando você percebe que está flutuando. A força que a água é jorrada do lençol freático faz com que a gente não afunde, mesmo que a gente tente. Alguns fervedouros chegam a ter 70 metros de profundidade, mas não é possível ver o fundo, pois fica uma fina camada de areia flutuando por cima do fervedouro. A água é uma delícia, não é gelada”, relata.
Mas encarar uma viagem como é essa é preciso ter estômago para viajar de carro e espírito aventureiro, diz Nicolas. “É cansativo. Durante os cinco dias percorremos quase 1 mil quilômetros, sendo apenas 300 quilômetros de asfalto. Os outros 700 quilômetros são de estrada de terra, chegamos a ficar 6 horas dentro do carro entre um passeio e outro. A estrada é bem ruim em vários trechos e somente carros 4x4 fazem essa viagem. Sinal de celular é apenas de uma operadora, e só em alguns locais”, conta.
Investimentos – Os custos para o pacote de cinco dias giram em torno de R$ 2.700 (em grupo) e R$ 3.700 (exclusivo). Neste valor está incluso o transfer, hospedagem em apartamento duplo, carro 4x4, combustível, guia, entrada em todos os passeios, seguro viagem, lanche de trilha, café da manhã, almoço e jantar. “Esse valor não inclui passagens e consumos à parte”, explica o fotógrafo.
Mas independente do investimento, Nicolas diz que a experiência é única e o cenário encantador, inclusive para um pedido especial. Ele, por exemplo, pediu a noiva em casamento dentro de um dos fervedouros.
Para quem sonha sair do Mato Grosso do Sul para conhecer as belezas cristalinas do Tocantins, o fotógrafo deixa 10 dicas; confira:
- Contrate uma agência: há infinitas opções e procure uma conceituada no mercado.
- As estradas são complicadas e a forma mais confortável de conhecer o Jalapão é contar com o apoio e comodidade de ter um guia por perto. Se optar por fazer a viagem por conta, a dica é: o carro deve ser 4x4, caso contrário, o passeio pode virar um pesadelo.
- Evite épocas de chuvas, o tom da água pode ficar escuro.
- Existem pacotes de 2 a 6 dias, o recomendado é o de 5 dias.
- A entrada nas dunas só é possível acompanhado de um guia credenciado.
- Fuja de feriados e férias escolares. Apesar de difícil acesso, o turismo é bem forte na região, então evite as épocas de alta temporada. Nestes períodos as pessoas chegam a ficar 3 horas na fila de espera para poder nadar apenas 15 minutos nos fervedouros.
- Hidrate-se bem, o calor é intenso.
- Não deixe de conhecer o trabalho dos moradores da região: artesanato em capim dourado. Trabalho incrível, tanto de qualidade quanto de beleza.
- O fervedouro Bela Vista (o mais famoso) tem uma pousada. Veja a disponibilidade de quartos com a agência que você vai fechar, pois se você estiver hospedado lá, poderá mergulhar no fervedouro à noite ou bem cedinho logo quando amanhecer.
- Ter uma GO PRO te dá a possibilidade de fazer fotos legais em baixo d’água também.
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