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Diversão

Com "Viva Nhanderú", Mamão leva quem não via TV "golpista" a assistir BBB

Família e amigos de militância se reuniram no bar onde Mamão foi descoberto para assistir estreia no confinamento

Paula Maciulevicius | 25/01/2017 00:28
Irmã e mãe de Mamão, junto dos amigos viram a estreia do BBB no bar onde Mamão foi descoberto, Drama. (Foto: Alcides Neto)
Irmã e mãe de Mamão, junto dos amigos viram a estreia do BBB no bar onde Mamão foi descoberto, Drama. (Foto: Alcides Neto)

Ainda que a gritaria do lugar onde familiares e amigos de militância acompanhavam a entrada de Ilmar Renato ou o falatório no próprio programa impedisse de ouvir, Mamão deixou bem claro qual é seu papel na casa nos primeiros segundos lá dentro. O candidato a milionário de Mato Grosso do Sul entrou dizendo "Viva Nhanderú", Deus dos guarani.

Ex-garçom, advogado e militante de esquerda e causas indígenas, Mamão estreou no programa mudando o comportamento dos amigos de bandeira. A torcida foi em peso para o Drama Bar, lugar onde ele cozinha, foi descoberto por um olheiro do Big Brother Brasil e acabou selecionado para a 17ª edição. Amigos, simpatizantes e a família revelaram que se antes não ligavam a TV na temporada do reality, hoje estavam ansiosos.

A expectativa é que o BBB se transforme, pelo menos nesta edição, em palco de políticas e acabe emplacando algumas das mazelas sul-mato-grossenses.

De camiseta #SomostodosMamão, dona Dulce Granja, de 60 anos, se dizia cansada e ao mesmo tempo agitada. A ansiedade era para ver o filho, ainda que seja pela TV. Desde o último dia 15, quando foi levado pela produção, Ilmar Renato estava confinado.

"O nosso nervoso é que já tem uma prova e a gente não sabe como ele vai reagir. Se for de resistência, ele vai de boa. De conhecimento, também vai bem, porque ele é muito inteligente", coruja Dulce. 

A prova do líder parece ser mesmo de resistência. Mamão formou dupla com a para-atleta Marinalva e precisava provar que consegue passar o maior tempo possível em pé, com uma haste pressionada no poste para que a luz não se apague. Quem deixasse a luz piscar ou apagar, estava eliminado.

Mamão na primeira prova do líder.
Mamão na primeira prova do líder.

Provas à parte, dona Dulce relata o que tem ouvido nos últimos dias. "Só por causa do Mamão, olha o que esse Mamão vai fazer a gente assistir", reproduz. Na análise da mãe, Ilmar tem mexido com muita gente antes mesmo da primeira aparição. "Eu vejo pelo Facebook dele, gente de fora, de outros estados. Eu acho que se ele souber jogar, vai se sair bem. Ele vai fica muito surpreso de saber que está sendo admirado por tanta gente. Apesar de ser polêmico nesse negócio de política, ele é fácil de pegar amizade", descreve. 

Professor e militante LGBT, Ben-Hur Barbosa, de 52 anos, é um dos que jura de pé junto que nunca assistia, mas agora teve de ceder. "Só por causa do Mamão, que é um parceiro e amigo, por ele ser militante e do mesmo grupo da gente 'Fora Temer'. A gente está curtindo agora", conta. 

Se antes ele via o programa como um "crime". "Para mim aquilo lá é um crime de confinamento, as pessoas tinham que processar a Globo", argumenta. Hoje, a espera é para saber o discurso e a estratégia do candidato do Estado. "Ele está com uma miss lá e uma senhora que fez campanha nacional do Fora Dilma. Então vamos ver que estratégia ele vai ter para projetar e defender as nossas ideias dos trabalhadores, da CUT e de questões sociais", discorre o professor.

Carolina e Ísis Marques nunca tinham acompanhado, mas pelo amigo, vão assistir BBB. (Foto: Alcides Neto)
Carolina e Ísis Marques nunca tinham acompanhado, mas pelo amigo, vão assistir BBB. (Foto: Alcides Neto)

Mãe e filha, Carolina e Ísis Marques, também grudaram os olhos no programa pela primeira vez na noite da estreia. "Em solidariedade ao Ilmar Renato, porque ele sempre foi um companheiro em todas as causas", explica a professora Carolina Marques, de 55 anos. Ligada ao Partido dos Trabalhadores, Carolina se lembra de Mamão 'menino de tudo'. 

Contrárias ao programa, as duas justificam que nunca viram no BBB discussão de pautas sociais. "Ultimamente o que a gente vê é um monte de meninas e meninos deslumbrados. Eu acho que não tem uma discussão social que seja importante para a sociedade", completa Carolina.

Sem saber o que será permitido ou não no programa, a professora acredita que de repente Mamão pode usar o BBB como palco. "Ele pode pautar tanta coisa que tem acontecido, tantas perdas de direitos sociais, porque ele defende todos os movimentos: indígenas, da mulher, LGBT", ressalta. 

Camiseta #SomostodosMamão vestida pelo professor e militante, Ben-Hur. (Foto: Alcides Neto)
Camiseta #SomostodosMamão vestida pelo professor e militante, Ben-Hur. (Foto: Alcides Neto)

No vídeo de apresentação, Mamão puxou a fila dos candidatos da região Centro-Oeste dizendo que em tudo "você tem que fazer o melhor possível para que possa aprender e deixar alguma coisa para este mundo". O advogado também rasga elogios ao filho de 13 anos e que por ele dá o melhor de si. Também pelo menino que Mamão começou a cozinhar e depois de se apegar, acabou experimentando ser chef do Drama. 

"Eu sou uma pessoa que dou mais valor ao ser do que ao ter e busco ter relações humanas verdadeiras pautadas sempre pelo princípio da verdade", disse o BBB. Com mestrado em Estudos Fronteiriços, Ilmar destacou que gosta de mediar conflitos, é um cara do bem, mas não abaixa a cabeça.

Terena da aldeia Bananal, Dionedison fez questão de assistir o programa no bar, contraindo um costume que não tinha. "Como indígena, não acompanhávamos mesmo, é uma coisa que não trazia nada de bom para nós, mas o que me faz mudar de ideia é o meu querido amigo Mamão", conta.

Advogado voluntário das causas indígenas no Estado, a expectativa crescente ao redor de Mamão é de que ele consiga encontrar um momento oportuno para denunciar. "Lá eu me sinto representado e acredito que o Mamão não vai deixar de citar algo em relação à população indígena, principalmente o sofrimento que o nosso povo vem passando neste Estado".

Sobre o que significa "viva Nhanderú", Dionedison explica "viva o nosso Deus" em guarani. Dos índios, independentemente do resultado que Ilmar obtenha, a festa de recepção na aldeia está garantida. 

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