Dá para fazer uma matinê sem colocar a criança em risco?
Na pandemia, jeito é trocar carnaval de rua pela folia dentro de casa; veja orientações de infectologista e dicas de brincadeiras
Em 2021 não tem Carnaval, pelo menos não é para ter, já que a pandemia continua. E justo na época em que a criançada mais se diverte com os amiguinhos e familiares, vestem suas fantasias e caem nas tradicionais matinês, será que é possível adaptar toda essa folia para dentro de casa sem aglomerações e garantindo diversão?
Para Silvia Naomi de Oliveira Uehara, médica infectologista de 45 anos, não é só praticável como extremamente necessário.
"Na hora da brincadeira, é muito difícil as crianças manterem distanciamento entre elas mesmas. Não tem como! Se tratando das matinês, são as mais pequenas que costumam frequentar e interagir. Nessas situações, mesmo com a proteção da máscara, o riso, o falar alto, o ato de encostar em outro alguém aumenta ainda mais a probabilidade das gotículas que carregam o vírus viajarem distâncias maiores", explica.
Silvia dá um exemplo: "imagina a situação daquelas famílias com os avós dentro de casa. Se os pais e a criançada participarem de alguma festinha, mesmo que seja só com os 'íntimos' – amiguinhos de praça, vizinhos do condomínio, etc. –, pode acontecer dos pequenos infectarem de forma assintomática e adoecer os mais velhos, que têm o dobro de risco de adquirirem problemas respiratórios e serem internados em CTI".
Em bebês e crianças, os sintomas da covid-19 podem surgir de forma muito leve, quase imperceptível. "Não necessariamente apresenta um quadro de febre ou queixa respiratória", alerta Silvia. Desde diarreia, reações alérgicas e até vermelhidão pelo corpo podem disparar o sinal de uma possível infecção pelo novo coronavírus. "Então é bom ficar esperto", adverte aos responsáveis.
Mãe de dois filhos gêmeos de 3 aninhos, ela sabe que não é fácil lidar com a situação de mantê-los presos em quatro paredes, mas que com a chegada do carnaval vai ser possível sim curtir uma folia improvisada e segura.
"Aqui em casa, tentamos ao máximo fazer com que eles não se sintam aprisionados. Damos atenção quando pedem, brincamos juntos e somente vamos à pracinha que seja totalmente aberta, sem aglomeração de outras crianças. Ao final, nós adultos higienizamos os brinquedos, os pequenos lavam a mão e também passam álcool em gel. Assim que chegamos em casa, todo mundo vai direto pro banho. Eles dois já estão craques nisso", diz.
Por isso, o jeito é manter o distanciamento, ficar em casa e criar maneiras de se divertir com os pequenos na segurança do lar.
Brincadeiras – Não faltam opções carnavalescas para se fazer com a criançada durante a pandemia. De forma improvisada, dá para montar um baile de máscara dentro de casa, desfiles dos "campeões, utilizar materiais recicláveis para brincadeiras e até criar uma caça ao tesouro em que o prêmio final é o título de rei ou rainha do carnava. Confira:
- Oficina de máscaras – Monte a sua própria com materiais de papelaria que todo mundo tem em casa. Dá para prender no rosto com fita crepe ou elástico. Ainda, que tal a sugestão de pintura facial?
- Desfile de fantasias – Por que não liberar os pequenos para vestirem as fantasias que mais gostem e que utilizaram no carnaval dos anos anteriores? Quem sabe um desfile dos "campeões", com até prêmio de rei/rainha de carnaval.
- Caça ao tesouro – Esconda algum brinde pela casa (uma tiara/coroa, por exemplo) e espalhe pistas para os pequenos.
- Guerra de balões – Essa é para os dias de calor. Melhor jeito de curtir o carnaval é colocar água nas bexigas e simplesmente fazer uma guerrinha.
- Explode balão – Também dá para preencher as bexigas com confete de carnaval. Fica mais fácil colocar um funil na boca da bexiga, encher com confete e depois soprar o ar.
- Músicas – Ouvir e dançar marchinhas clássicas é uma boa opção de diversão em família. Na televisão, sugestão é deixar rolando o desfile das escolas campeãs do Rio ou São Paulo dos anos anteriores.
- Decoração – Explore decoração típica de carnaval pela casa, pelo menos par dar um ar carnavalesco ao ambiente e mostrar uma rotina diferente. Peça ajuda aos pequenos, eles também podem contribuir.
Situação feia – Acompanhando de perto a batalha contra a covid-19, a médica infectologista observa que a curva de casos e mortes da pandemia aqui em MS está pior que em 2020. Para ela, não é só ter consciência da situação, mas praticar tudo aquilo que é recomendado.
"Quanto maior o número de pessoas infectadas, mais o vírus se multiplica e maior fica a chance de surgirem mutações que podem, em teoria, desenvolver resistência ou capacidade de escapar à proteção vacinal. Estamos bem no início de imunizar a população, e isso é o maior temor", finaliza.
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