De Minion à chuveiro, Fantasy mexe com o imaginário de 3,5 mil pessoas
Por volta das 5 horas da manhã ainda era possível ouvir o som dos DJs da festa Fantasy ecoando pelos bairros da cidade de São Gabriel do Oeste.
No espaço de eventos Pia Rohr, um pouco do público já tinha se esvaído, em busca de um descanso ou outra parada. Mas, horas antes, o clima no local beirava o encantamento, com altas doses de sensualidade e muito bom humor.
Não é exagero afirmar que a festa Fantasy é a maior do gênero em Mato Grosso do Sul. Com público estimado em 4,5 mil pessoas, onde todos topam usar fantasia, o município do interior do Estado prova que é possível envolver o público jovem na proposta, que ainda prioriza a música eletrônica. “Um encanta o outro, a curiosidade de um é ver o outro fantasiado. É um negócio diferente”, afirma um dos organizadores, Luciano Perini.
Na fila de espera para entrar na festa, que estava prevista para começar às 23 horas e atrasou mais de 1 hora devido a problemas no gerador de energia, já dava para perceber que a maioria leva muito a sério a brincadeira. Deixando de lado as tradicionais odaliscas ou bruxinhas, o que mais chamava a atenção era os que se preparavam para a premiação de melhor fantasia da noite.
De longe, os personagens Minions foram os mais populares. O casal Débora Quadros, 21 anos e Michel Viana, 25 anos, demoraram duas semanas para confeccionar a fantasia dele, feita de espuma e arame.
“Ele sempre fez a fantasia dele. Nós somos ambos nascidos aqui, mas moramos em Campo Grande. Há três anos a gente vem junto para a festa. Por causa do filme estava todo mundo falando e acabamos decidindo de última hora”, afirma a namorada, que é estudante de biologia.
Michel tinha até um copo com mangueira que ajudava na ingestão de bebidas. “Dá certinho. Até que está confortável aqui”, afirma. O analista de sistemas gastou R$ 180 na fantasia, enquanto a namorada investiu apenas R$ 80. “Queremos ganhar o prêmio para pelo menos pagar a nossa fantasia”, explica Débora. O primeiro lugar receberá R$ 1,2 mil, o segundo R$ 700 e o terceiro 400.
Para ajudar na escolha da melhor fantasia, que é eleita pelo público, durante a festa todos os inscritos são chamados ao palco. Isso rendeu um duelo de Minions entre Michel e o concorrente direto Fábio Juliane, 28 anos, que comprou a fantasia de um teatro de São Paulo. “Sempre temos um cuidado com a fantasia. Minha irmã está de Malévola. A fantasia é confortável, só está muito quente”, explicou Fábio.
Além dos dois, os personagens de filme foram os mais reproduzidos. Tinha de tudo, de Power Rangers, passando por Os Vingadores, Smurfs, Bela e a Fera e Chapeuzinho Vermelho. Por outro lado, há quem prefira seguir os memes da internet. Perdi as contas de quantos “Foda-se” vi na festa. O engenheiro Luis Otávio Sartori Xavier, 23 anos, era um deles. “Comprei um tecido e a costureira que fez. A barba e o cabelo foram os amigos que fizeram”, diz. Com dificuldade de falar até para dar entrevista ele confessa que esse ano a brincadeira deu trabalho. “É ruim demais”, ri.
Talvez, nem tanto, quanto quem foi de chuveiro. O empresário Tom Castro, 24 anos, teve a ideia durante um festival universitário em Jurerê Internacional e não teve dúvidas em copiar. “Eu que fiz sozinho, comprando as peças, com cano, com box de chuveiro, até dar certo a engenhoca. Tentei ter criatividade para copiar. Acho que gastei em torno de R$ 100”, acredita.
Com um grupo heterogêneo, tinha até um Onde Está Wally?, Tom disse que alugou uma casa por R$ 3 mil entre 9 amigos para curtir o final de semana em São Gabriel. “Fica cada um disputando com o outro para ver quem tem a fantasia mais legal. Ninguém sabia o que era a do outro. Em Campo Grande não tem uma festa assim. E ainda tem mais gente chegando. Quem não veio para fantasy, mas vem para o Leitão no Rolete ver os shows sábado e domingo”, reforça.
Se no Leitão do Rolete, quem manda é o sertanejo, na festa três DJ's comandaram as mesas. O interessante é que a maioria do público dificilmente parecia estar ali pela música. Os pulos de acordo com a batida eram tímidos, mas a procura por um paquera era constante. "A intenção era fazer uma festa para o público jovem e que agregasse ao Leitão. O pessoal comprou a ideia", aposta Luciano
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