De mochilão, Juliano dá dicas de como fazer o roteiro mais incrível da Bolívia
Ao lado da namorada e uma amiga, ele encarou uma jornada cheia de aventuras pelo País vizinho.
Uma viagem inesquecível prova muitas coisas, a primeira delas é que com planejamento a chance de você ver a sua viagem dos sonhos dar certo é quase 100%, embora muita gente encontre desafios o que fica é aprendizado e aquele desejo de voltar ao destino que marca o coração de qualquer viajante.
Com um trio campo-grandense essa sensação não foi diferente. O publicitário Juliano Pinheiro encarou uma jornada pela Bolívia ao lado da namorada e veterinária Rayssa Jacobina, e da amiga Evelyn Gaspar, que é psicóloga. Todos aos 29 anos carregam a certeza de que o país vizinho tem boas surpresas, diferente de um lugar apenas pobre e sem estrutura como muita gente acredita. Como foi essa experiência, ele conta aqui na série Voz da Experiência.
O nosso principal destino era o Salar de Uyuni, na Bolívia, por ter o maior deserto de sal do mundo, por ser um País próximo e com um baixo custo para o mochilão. Fizemos o roteiro poucos dias antes da viagem, mas a vontade de viajar era enorme, portanto foi tudo bem detalhado e estudado.
Decidimos levar poucas roupas, escolhemos peças de frio, acessórios e capa de chuva. Cada um além do “mochilão” carregou uma mochila de ataque, que estava sempre conosco com documentos, capa de chuva, garrafa d'água, aperitivos, carregador portátil, câmeras e outros acessórios.
Com autonomia fizemos o nosso próprio roteiro. Saímos de Campo Grande de ônibus com destino a Corumbá, chegando à fronteira com Porto Quijarro, às 7h30, esperamos cerca de cinco horas para entrar na Bolívia. Pegamos o famoso “Ferrobus”, um trem muito confortável que nos levou até a rodoviária de Santa Cruz. Lá fomo à casa de câmbio e trocamos uma parte do dinheiro, cada R$ 1,00 vale dois Bolivianos. Fomos até o aeroporto de Santa Cruz de táxi que custa R$ 30,00. Apesar não precisar do passaporte, por ser um país do MERCOSUL, decidimos levar passaporte e carteira internacional de vacinação, que é obrigatória para entrar na Bolívia.
Algumas vezes durante a viagem fui parado por autoridades federais e até pela INTERPOL, no aeroporto de Santa Cruz, onde me pediram passaporte e até minha carteira de vacinação, mas como estava com todos os documentos regularizados não tive problemas. Há relatos de extorsão com turistas, policiais usam do poder para se aproveitarem de estrangeiros que não possuem esses documentos. Como tudo estava certo, continuamos com nossa programação e conseguimos um voo o primeiro destino: Sucre, a capital constitucional da Bolívia, que fica a 2.710 metros de altitude, cravada entre os picos da Cordilheira dos Andes. A passagem de avião até Sucre custa R$ 300,00 e nos hospedamos por dois em um hostel no Centro da cidade, cerca de R$ 40,00 a diária.
Com muita comida típica, pizzaria e lanches, nossas refeições foram sempre de muita fartura, comidas deliciosas, em lugares incríveis, em uma média de R$ 20,00 a R$ 30,00 por refeição. O que é uma surpresa agradável, porque muita gente pensa ao contrário sobre culinária e a limpeza na Bolívia.
Mas em Sucre há muitos lugares para conhecer. Morro do Coração de Jesus, Mirante, Plaza 25 de Mayo, La Casa de La Libertad, Igrejas e muitos barzinhos. Depois de muito role na cidade, comidas e souvernis.
Ao entardecer pegamos um ônibus para o deserto, cerca de nove horas de viagem. Durante o percurso, o ônibus teve uma falha mecânica às 2h da manhã, numa temperatura de 3 graus e em um local completamente isolado, no meio do nada.
O curioso é que os próprios motoristas são guias e mecânicos, as empresas de ônibus andam em comboio, então outros veículos pararam e não faltou ajuda para dar continuidade a viagem. Embora o susto, tivemos o privilégio de ter o céu mais estrelado que já vimos na vida.
Esperamos amanhecer em uma cafeteria local e contratamos uma empresa para fazer o roteiro no Salar, pagando cerca de R$ 400,00 por pessoa com direito ao café da manhã, almoço e hostel para os três dias, em um carro 4x4, com capacidade para até cinco pessoas.
Em nosso carro tivemos a companhia de duas novas amigas, Laís de São Paulo, que estava fazendo uma jornada sozinha e a Maria, uma espanhola que viaja o mundo conhecendo lugares novos para trazer clientes da sua empresa de viagem.
Ao chegar ao Salar do Uyuni, sentimos a gravidade. Sintomas como dor de cabeça e tontura eram frequentes, mas com o tempo nos acostumamos e os sintomas foram amenizando.
A primeira parada foi em um importante entroncamento ferroviário no meio do deserto, por onde passam os trens exportando minérios para os países vizinhos. Assim, o primeiro passeio é o famoso "cemitério de trens", onde várias carcaças de trens fazem um espetáculo em céu aberto.
A seguir, começa a entrar na planície de sal, paramos para almoço em um restaurante de sal desativado, ao lado da enorme escultura do Dakar (Uyuni é a "capital" boliviana do trajeto do rally) e da famosa instalação com bandeiras de países de turistas do mundo inteiro.
Finalmente, próximo ao final do dia, o motorista rodou a planície procurando algum ponto que tivesse uma lâmina de água no solo, para vermos o famoso pôr do sol com o céu refletido no espelho d'água do chão. Esse gigantesco espelho de água se forma todos os anos, quando as chuvas de verão formam uma fina camada de água sobre a superfície, confundindo o horizonte e o céu em uma paisagem totalmente surreal.
Conhecido como a maior planície salgada do mundo, o Salar de Uyuni possui uma área de aproximadamente 12 mil quilômetros quadrados, e calcula-se 10 bilhões de toneladas de sal. No segundo e terceiro dia continuamos no deserto, já não havia rede elétrica, banho também não era possível, mas garanto que todo mundo continuou limpo e cheiroso.
O dia seguinte começa logo às 4h da manhã, atingimos os cinco mil metros quando começou clarear o dia e vemos as fumaças, estávamos em Sol de Mañana. Com pequena distância entre elas, as fumarolas levantavam nuvens de vapor como fumaça que refletiam os primeiros claros do dia. Um cheiro forte de enxofre não deixava dúvidas de que a atividade vulcânica segue seu curso. A terra fervia. Inúmeras pequenas crateras estavam como se estivem cozinhando lama, borbulhando, salpicando respingos ferventes.
Passamos direto pelas Termas de Polques, uma piscina natural de águas termais, inclusive, quem quiser pode entrar na água com 30 graus. Paramos para fotos em frente ao Deserto de Dalí, encosta de areia com pedras de formatos surreais, que inspirou o pintor espanhol Salvador Dalí. Depois seguimos para Árbol de Piedra, uma formação rochosa, símbolo da região. Passamos também pela Laguna Colorada, Laguna Verde, na encosta do vulcão Licancabur, que marca a fronteira da Bolívia com o Deserto do Atacama, no Chile, com visual incrível e habitat de centenas de flamingos.
Para finalizar a viagem, passamos mais dois dias em La Paz, onde conhecemos o ponto mais alto da Bolívia, Chacaltaya, uma montanha pertencente à Cordilheira dos Andes. Existem formas diferentes de chegar ao Chacaltaya, a mais frequente é contratar os serviços de uma das muitas agências de turismo que existem em La Paz, o preço em todas as agências é o mesmo e te dá o direito de conhecer o Valle de La Luna. Paguei R$ 40,00 no transporte e mais R$ 15,00 no acesso ao Chacaltaya.
Não há dúvidas, Bolívia é um país que apesar da pobreza existente e dos costumes tão diferentes dos nossos, revela pessoas amáveis, receptivas e com uma cultura extremamente rica. Uma viagem única, indescritível e que esperamos retornar um dia.
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