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Diversão

Deluxe, tradicional festa LGBT, faz retorno em local inusitado e público aprova

A balada eletrônica tem 13 anos e já passou por vários lugares até chegar na casa de shows conhecida por bailes funk e sertanejo

Eduardo Fregatto | 30/07/2017 07:05
O momento bate cabelo no palco, com a cantora Lorena e convidados da plateia. (Fotos: Eduardo Fregatto)
O momento bate cabelo no palco, com a cantora Lorena e convidados da plateia. (Fotos: Eduardo Fregatto)

Em 2004, surgia na noite campo-grandense a festa LGBT Deluxe. Embalada à música eletrônica, a balada começou no extinto e pioneiro clube Garage, um marco da vida noturna da Capital, e depois ganhou vida própria em diferentes espaços da cidade, como as também já fechadas Neo e Feat Club, além de edições em chácaras e no Cafofo.

Este ano, em comemoração aos 13 anos, a Deluxe fez seu retorno, na noite deste sábado (29), mas num lugar muito inusitado: a casa noturna Jeremias, conhecida pelos shows de funk, pagode e sertanejo, com público de maioria heterossexual.

A pista principal ficou lotada.
A pista principal ficou lotada.
Lorena foi recebida com muitos gritos e aplausos.
Lorena foi recebida com muitos gritos e aplausos.

"Foi uma exigência da atração [a cantora Lorena Simpson] que houvesse uma estrutura com palco daquele porte. É o único lugar que comporta isso, conversamos e deu certo", explica o organizador do evento, Rodrigo Lochetti.

O Jeremias, que fica na Rua Brilhante, já deu sinais de que vai começar a trabalhar com o público LGBT. Para o fim de agosto, está marcado lá o show da cantora e drag queen Pabllo Vittar. "Nós queremos ser um espaço aberto a todos os públicos", enfatiza o proprietário Paulo Mello.

O Lado B foi até a Deluxe no Jeremias e encontrou o público satisfeito. A maioria entrava na casa noturna pela primeira vez. "Achei o lugar bem gostoso, não conhecia ainda, é espaçoso", afirmou o gerente de logística Maiko Oriozola, de 34 anos. "Fui na primeira Deluxe quando ainda era no Garage. Sempre gostei da música, da festa no geral", completou.

Cauê, Maiko e Diego não conheciam o Jeremias, mas aprovaram a escolha do local.
Cauê, Maiko e Diego não conheciam o Jeremias, mas aprovaram a escolha do local.

Apesar da aprovação dos frequentadores, a boate não encheu completamente. Ao contrário das outras noites de festa no Jeremias, a aglomeração de carros e pessoas em frente ao lugar era tímida. Lá dentro, a pista principal, em frente ao palco, estava cheia e muito animada, mas grande parte do salão permaneceu vazio. Para quem foi para curtir a festa, acabou sendo mais um ponto positivo. "Não está abafado, está até muito fresco lá dentro", disse Daiane Tibana, de 31 anos. Ela já é frequentadora Jeremias, gosta de sertanejo, e adorou a ideia da Deluxe acontecer ali também.

Entre a maioria do público LGBT, tinha um ou outro desavisado, que parecia não entender o que estava acontecendo. Um deles não quis se identificar, mas foi à casa achando que seria mais um dia de sertanejo ou funk. Heterossexual, levou um "susto" com o estilo da festa, mas decidiu ficar. "Eu já tô bêbado e a música é boa", resumiu.

Público atendeu pedido da cantora e "se jogou" na pista.
Público atendeu pedido da cantora e "se jogou" na pista.

Por volta das 2h, sem atrasos, a cantora de música eletrônica Lorena Simpson subiu ao palco. De Manaus e aos 30 anos de idade, ela é uma referência das baladas LGBT no Brasil e foi recebida com muitos gritos, palmas e animação. "Vamos se jogar", pedia a todo momento, cantando e executando passos de dança dignos de uma diva pop internacional. A cada abaixada e jogada de cabelo, a resposta do público era imediata.

Ali pertinho do palco estava a doméstica Odia Aparecida, de 41 anos. Ela era claramente a mais feliz e excitada em ver Lorena de perto. "Eu sou muito fã, ela é maravilhosa, a conhecia há 5 anos em outra boate daqui. É meu terceiro show dela", explicou rapidamente, voltando logo pra grade, de onde gritava elogios à cantora.

Em certo momento, Lorena chamou algumas pessoas da plateia para dançar junto no palco. Foi quando começou mesmo o bate cabelo. Uma das convidadas, Bruna, de cabelo azul, levou o público ao delírio com os movimentos rápidos da cabeça. A própria Lorena correu, pegou o celular e filmou o bate cabelo da campo-grandense. "É assim que quero ver todo mundo agora, na plateia também", cobrou.

Odia é fã de Lorena e estava muito feliz de ver o ídolo de perto.
Odia é fã de Lorena e estava muito feliz de ver o ídolo de perto.

Lorena cantou algumas de suas músicas, sucessos que ficam restritos ao universo das baladas, como "Hey Hey", e fez covers de canções das divas pop, como "Perfect Illusion", da Lady Gaga. Após o show, a festa ainda recebeu o DJ Hugo Warllen, de Brasília.

O convite da festa, pra pista, começou a ser vendido por R$ 30,00 e, às 2h30, ainda estava a R$ 40,00. No bar, as bebidas tinham valores razoáveis, como cerveja por R$ 5,00 e dose de vodka por R$ 10,00.

Quem já conhecia a Deluxe na roupagem antiga acabou gostando do que encontrou. "É quarta vez que venho na Deluxe. O lugar é espaçoso, tem bastante pessoas. Não é como uma The Week, mas estou gostando", avaliou o estudante de Medicina Marcelo Schmidt, 22 anos.

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