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Diversão

Depois de 3 meses viajando, ficam novos amigos, lembranças e lições

Lucas Arruda | 13/09/2015 08:14
Primeiro hostel que fiquei em Santa Cruz. Foram vários amigos feitos lá
Primeiro hostel que fiquei em Santa Cruz. Foram vários amigos feitos lá

“O mundo é como um livro aberto, quem não viaja só terá lido a primeira página”. Vi essa frase num hostel em Arequipa, no sul do Peru e depois de terminar meu mochilão sei que, no mínimo, o primeiro capítulo do meu “livro” já foi lido.

Eu sempre quis fazer um mochilão, mas o receio de largar tudo o que já foi conquistado, como emprego, família, amigos e algumas outras coisas sempre me impediu. A decisão de sair pela América do Sul não foi difícil de ser tomada, mas confesso que levou um tempo.

Saí do meu último emprego e na semana seguinte viajei para o Rio de Janeiro, onde fiquei por duas semanas. Fiz muitos amigos por lá, um até me incentivou bastante, o espanhol Nil. No hostel em que fiquei vi muitos europeus que vinham para o Brasil começar um mochilão pela América do Sul e comecei a me perguntar o porque não fazer um.

Tinha um dinheiro que estava juntando para comprar um carro, mas tenho a plena certeza que gastei muito melhor viajando, já que as lembranças e amizades durarão a vida toda.

Depois da estadia no Rio, enfrentei 24 horas de ônibus para chegar aqui em Campo Grande. Durante este tempo pensei muito e conversei bastante com alguns amigos pela internet e a maioria me incentivou. Eu e Nil até combinamos de nos encontrar no Peru, o que acabou não acontecendo.

Eu, Thomas, Ira e Lukas, que conheci em Santa Cruz. Acabamos virando companheiros de viagem por um mês
Eu, Thomas, Ira e Lukas, que conheci em Santa Cruz. Acabamos virando companheiros de viagem por um mês
Juste que conheci no ônibus indo de Cusco para Lima. Acabei parando com ela na cidade de Ica para conhecer o oásis local
Juste que conheci no ônibus indo de Cusco para Lima. Acabei parando com ela na cidade de Ica para conhecer o oásis local

Quando cheguei da Cidade Maravilhosa já havia tomado a decisão e foi só o tempo de resolver documentos e algumas coisas mais e comecei o mochilão.

Saí no início de abril daqui de Campo Grande. Fui sozinho e em alguns momentos tive um pouco de medo de acontecer alguma coisa, ter um pertence roubado, de não conseguir me comunicar, já que não falava praticamente nenhuma palavra em espanhol (hoje já estou fluente no portunhol).

Estes medos já foram deixados para trás no primeiro hostel que fiquei em Santa Cruz, onde comecei amizades e conheci o casal suíço Lukas e Ira e o francês Thomas. Viajamos juntos por um mês pela Bolívia, cada um cuidando um pouco do outro e sempre se ajudando. Mesmo depois das despedidas continuo a amizade com todos.

Como decidi sair em cima da hora não defini um roteiro e não li muito sobre os países que iria ir, aliás, queria ter conhecido muitos mais lugares do que nos quais passei, mas com certeza tudo valeu muito a pena.

A Bolívia me surpreendeu muito. Eu nunca tinha saído do país, quer dizer, ano passado tinha ido a Corumbá e atravessado a fronteira para Porto Quijarro. Nosso país vizinho é lindo e quando viajava por terra por lá não parava de tirar fotos e mandar para os amigos que ficaram aqui.

Conheci um pouco daquele país, que ainda é bastante pobre financeiramente, mas rico culturalmente.

Depois de um mês por lá foi a vez de conhecer o Peru. Já estava sem meus companheiros de viagem da Bolívia, mas sempre conhecia alguém para seguir viagem comigo, mesmo que só por alguns dias.

Fui a Machu Picchu depois de estar viajando há um mês e meio
Fui a Machu Picchu depois de estar viajando há um mês e meio
Ilha do Sol que fica no lago Titicaca. O lago parece o mar de tão grande
Ilha do Sol que fica no lago Titicaca. O lago parece o mar de tão grande

Fiquei um mês e meio no Peru até atravessar a fronteira para o Equador. Lá só conheci duas cidades, a badalada e pequena Montanhita, que fica no litoral e a capital Quito.

Por lá fiquei apenas dez dias e depois de conhecer a Metade do Mundo (ponto turístico de Quito), voltei quase pelo mesmo caminha que havia feito para ir, passando ainda em uma cidade ou outra para conhecer. Retornei para nossa cidade no início de julho.

Aprendi muito durante esta minha aventura e apesar de ter voltado com a conta bancária praticamente zerada, gastei em torno de R$ 4.500 nos três meses que viajei, voltei rico de histórias, novas amizades e conhecimento sobre a cultura andina.

Também aprendi um pouco sobre como viver a vida, muito sobre mim mesmo, passei por alguns perrengues neste meio tempo, e ainda conheci muitas pessoas que se tornaram meus amigos e lugares incríveis, como o Salar de Uyuni e Ilha do Sol, na Bolívia e Machu Picchu e Huaraz no Peru, isso só para citar esses que apareceram na lista dos 100 lugares mais lindos do mundo da Viagem e Turismo da editora Abril.

Durante este tempo vi que meus antigos empecilhos de viajar não são assim grandes problemas: emprego podemos conseguir outro; a internet nos aproxima dos amigos e família e nos faz suprir um pouco a falta deles; mesmo não sabendo a língua nativa do país pode ser dado um jeito de se comunicar.

Agora é me organizar durante um tempo e sair pela estrada de novo. Esse negócio de mochilar vicia.

Huaraz foi a última cidade que visitei, quando já estava na volta para Campo Grande. O lugar tem uma beleza natural incrível
Huaraz foi a última cidade que visitei, quando já estava na volta para Campo Grande. O lugar tem uma beleza natural incrível
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