Documentário mostra a força de mulheres em meio ao amor à terra
A estreia será no dia 17 de setembro, às 19h, no Museu da Imagem e do Som
Com a vida de cinco mulheres rurais na fronteira do Brasil com o Paraguai, Campo Grande vai conhecer o novo documentário sul-mato-grossense: Esmalte do Alimento. A narrativa, com duração de pouco mais de 20 minutos, é conduzida pelo jornalista e diretor Sérgio Carvalho, e se destaca por sua abordagem sensível e profunda sobre o amor à terra e os desafios enfrentados por essas mulheres na busca pela sobrevivência e produção de alimentos.
A estreia será no dia 17 de setembro, às 19h, no Museu da Imagem e do Som. O filme é produzido pela TBX Audiovisual, com recursos da Lei Paulo Gustavo municipal de 2023.
Um documentário coletivo
O projeto "Esmalte no Alimento" surgiu da necessidade de documentar o amor e a dedicação ao trabalho na terra, e as dificuldades enfrentadas por mulheres que receberam terras por meio de programas de Reforma Agrária Brasileira. "O processo de produção e criação do documentário foi inteiramente coletivo", afirma Sérgio Carvalho, diretor. "Desde o momento da escolha do nome, até a linha de raciocínio que seguiríamos para construir o documentário, todo o processo foi coletivo. A produção, por exemplo, vem de uma experiência minha como roteirista e diretor no próprio campo de trabalho, no assentamento Itamarati."
A produção executiva é assinada por Gabriela Oliveira Xavier, enquanto a direção de fotografia e a finalização ficaram a cargo de Marcos Mendes. "Esmalte no Alimento" é uma homenagem aos olhares femininos e à pesquisa detalhada realizada pela produtora Sabrina Barros Xavier, cujo resultado final é um tributo às mulheres que, de sol a sol, produzem alimentos nas pequenas propriedades rurais do país.
Histórias de resistência e amor à terra
Sérgio Carvalho explica que a escolha das cinco personagens foi baseada em discussões sobre o roteiro, buscando mulheres com diferentes perfis familiares, estruturais e de conhecimento. "A ideia era encontrar mulheres que amam a terra, amam o que fazem e querem continuar na terra", diz o diretor. "Outro critério de escolha foi a posse verdadeira da terra. Duas das personagens, por exemplo, trabalham com seus maridos, mas quem dá a palavra final no que será feito na terra são elas."
As histórias dessas mulheres são narradas através de uma estrutura única, que associa cada uma delas a um dos cinco sabores – salgado, doce, amargo, azedo e umami. "Cada mulher, cada trecho da história, traz um sabor pra gente", comenta Carvalho. "A narrativa é conduzida pelos cinco sabores e o que cada um deles representa na trajetória dessas mulheres. Representa como elas encararam cada desafio que a busca pela terra proporcionou para cada uma."
Sabores que contam histórias de luta
A escolha dos sabores não é apenas uma metáfora poética, mas também um reflexo das experiências e desafios reais enfrentados pelas protagonistas. “Teve mulher que perdeu filho durante o processo de assentamento, quem precisou ficar com filho no hospital para tratamento de saúde, que pensou em desistir, quem sofreu assédio moral e sexual, quem formou os filhos em universidades e quem descobriu novos caminhos, mas nenhuma delas teve medo. Foi o único sentimento que não encontramos em nenhuma delas: medo. São relatos de mulheres corajosas e felizes com suas escolhas", explica Carvalho.
Ao longo da narrativa, o documentário revela que o verdadeiro sabor da vida está na conexão com a terra e na resiliência diante das adversidades. "De que tudo está ali, naquelas pequenas propriedades. Nossas vidas na cidade, ou onde quer que a gente esteja, num país tão rico, está na terra. A Reforma Agrária se mostra dessa forma. E essa transformação de vidas e de sistemas de produção está na pequena propriedade", reflete o diretor.
Mulheres que transformam a terra em vida
Sérgio destaca a diferença visível entre propriedades geridas por mulheres e aquelas geridas por homens. “Seria um sonho se essa pequena propriedade rural no Brasil estivesse nas mãos de mulheres produtoras rurais. É visível quando encontramos uma propriedade onde o homem auxilia a mulher e ela está no comando, e das propriedades que são geridas por homens. Tem muita diferença."
A sensibilidade das mulheres é um tema recorrente ao longo do documentário. Sérgio menciona o apego emocional das mulheres à terra, comparando-a a uma mãe. "Elas produzem, plantam, colhem, criam e sentem 'dor' quando precisam 'rasgar' a terra para ter água de poço, por exemplo. É lindo esse pensamento. Todas afirmam... 'a Terra é como se fosse nossa mãe'. É uma expressão intuitiva, verdadeira e simples."
Quem quiser assistir, a entrada para a exibição é gratuita e aberta ao público, proporcionando um espaço de diálogo sobre a importância da agricultura familiar, o papel das mulheres na produção de alimentos e a relevância da Reforma Agrária no Brasil.
Serviço:
- Exibição do documentário "Esmalte no Alimento" (classificação Livre)
- Data: 17 de setembro de 2024
- Horário: 19 horas
- Local: Museu da Imagem e do Som, Memorial da Cultura/Fundação de Cultura de MS – Av. Fernando Correa da Costa, 559, 3° andar.
- Entrada franca
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