Dupla deixou críticas para trás e levou turismo para dentro de casa
Jefferson e Edinéia decidiram criar passeios para quem é de fora conhecer plantas medicinais e culinária
Desde julho, Edinéia Miranda da Silva e Jefferson Fonseca Francelino deixaram de ver o turismo como algo distante e passaram a levar pessoas de fora para conhecer seu lar. Nos passeios, aquilo que é cotidiano para eles, como as plantas medicinais e comidas feitas em comunidade, tem sido transformado em experiências para quem muitas vezes só ouviu falar em tudo isso.
Indígenas da Aldeia Babaçu, na região de Miranda, eles são responsáveis por guiar os turistas pelas casas das artesãs, explicar sobre os alimentos típicos e mostrar a importância de cada detalhe cunhado na cultura terena. E, por serem indígenas, a forma de guiar e compartilhar as experiências parte de uma valorização essencial para que os conhecimentos sigam vivos.
Contando sobre como tudo começou, Edinéia explica que ela e Jefferson integraram uma turma de 27 participantes capacitados para serem guias turísticos em uma ação do Sebrae em parceria com o Ipedi (Instituto de Pesquisa e Diversidade Intercultural) e Bruaca.
Entre os participantes, os dois foram selecionados para serem os “responsáveis” pelas experiências na Babaçu. “Foi uma surpresa. Fizemos uma reunião com o capitão da nossa aldeia e fomos comunicados dessa seleção. Perguntaram se aceitávamos esse desafio e cá estamos, firmes e fortes”.
Em resumo, ela explica que o objetivo principal é pensar no melhor para comunidade, então tudo é pensado nesse sentido.
“Recebemos grupos maiores com apresentações das danças, comidas típicas, apresentações das nossas artesãs com produção das cerâmicas e cestarias. Também recebemos pequenos grupos de até dez pessoas e casais, por exemplo”.
Na segunda opção, há a visita na casa das artesãs para que os turistas possam “ver e sentir” a experiência de produção, como detalha a guia. Além disso, a dupla leva os visitantes para um passeio pela comunidade.
“Apresentamos as árvores, as plantas medicinais e, com muita sorte, podemos dar de cara com animais da região. Finalizamos com degustação da comida típica feita na oca da comunidade”, descreve Edinéia.
O destaque para os alimentos típicos se direciona com o Hihi (um bolo de mandioca que costuma ser acompanhado por carne seca ou outras temperadas).
E, apesar dos passeios turísticos serem vistos com bons olhos pela comunidade em geral, há ainda críticas sobre essa conexão entre os visitantes e os povos originários. Sobre o assunto, a guia explica que a ideia é entender as críticas, avaliá-las e buscar formas de evoluir ao lado de quem oferece apoio.
Sobre os passeios, a duração costuma ser de, no máximo, quatro horas. E, para consultar os valores e opções de agendamento, é necessário entrar em contato pelo perfil do Instagram @bruacabr.
Confira a galeria de imagens:
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