Fazendo carão, mulherada aprende sambar com rainha de bateria da Mangueira
Com o encanto verde e rosa e um corpo invejável, Evelyn Bastos mostrou como se deve fazer para brilhar da cabeça aos pés em um Carnaval. Rainha de bateria da Estação Primeira de Mangueira, escola de samba campeã em 2016 no Rio de Janeiro, ela esteve em Campo Grande ontem ensinando um pouco do que aprendeu em um das maiores festas nacionais.
Quem pagou pelo curso queria mais do que samba no pé. Grupo de 15 mulheres aguardava a chegada da rainha na esperança de aprender a postura do correta, o carão de rainha e, claro, passos perfeitos em cima de um salto.
O Workshop Quebra de Mola ocorreu na quadra da Escola de Samba Igrejinha. Antes de soltar o som, veio o puxão de orelhas. "Cadê todo mundo de salto", disse a sambista às alunas que apareceram de tênis. Em pouco tempo, todo mundo arrumou o sapato alto para começar o aquecimento.
Evelyn mostrou que talento no samba depende do esforço, preparação física e técnicas. "Tudo que a gente precisa é um joelho bem trabalhado e assim vamos ter um quadril melhor", explicou fazendo as meninas mexerem o quadril sem tirar os pés do chão.
"Eu passar para vocês não será tudo, mas com esses passos, vão conseguir levar treinar na frente do espelho. Basta querer, porque a gente só consegue ser bom com muita dedicação", ensina a rainha.
Quem estava apreensiva, devagar foi se soltando enquanto Evelyn avaliava cada passo, ensinando também postura, paradinhas, rebolado e muita ginga para quem deseja fazer bonito na avenida.
Aos 36 anos, Cristiane de Almeida é rainha de bateria da Igrejinha e leva o samba no coração. Ansiosa pelo curso, o desejo era aprender a postura de diva na hora de sambar. "Ela é muito charmosa, tem toda uma imponência. É muito mais do que só aprender a sambar", diz.
Lara Dias Gomes, 15 anos, praticamente nasceu dentro do samba e o molejo da rainha mangueirense é inspiração para mais horas de treino. "Acho que ela vai passar muito do carão e do molejo dela. Tenho um carinho muito grande, cresci no samba e comecei a desfilar com 8 anos", conta Lara, que é musa na escola de samba Deixa Falar.
Fã de Evelyn Bastos, Carol Castelo, de 22 anos, veio de Corumbá quando soube que a rainha estaria na cidade. E não foi a primeira vez que se aventurou para encontrar a rainha de bateria. "Sou fã mesmo. Há pouco tempo fui ao Rio de Janeiro ter um aula com ela. Ela mostra a importância de cada detalhe no samba e quanto mais você pratica, tem a chance de ser melhor. Eu sempre a acompanho nas redes sociais, cada passo e cada coisa que ela ensina eu coloco como meta", explica.
O carnavalesco da igrejinha, Kevin Constantino, de 22 anos, foi um dos organizadores do evento. A ideia é incentivar a união entre os carnavalescos para fortalecer a festa por aqui. "Campo Grande tem potencial, mas acho que falta uma união. Decidimos por esse workshop para tornar a nossa festa ainda mais especial. Porque pra mim Carnaval é momento de união do brilho e das cores, independente do título. O que vale é a gente conseguir fortalecer a nossa festa e mostrar que todos nós temos um talento", comenta Kevin.