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Diversão

Interdição da antiga "rodô" não impede resistência de quem insiste em cultura

Adriano Fernandes | 01/11/2015 21:41
O SOS Subcultura Records: Cultura Interditada, evento realizado no último domingo, foi organizado para dar continuidade aos projetos culturais do espaço, criado pelo carioca Pietro Luigi de 39 anos. (Foto:Adriano Fernandes)
O SOS Subcultura Records: Cultura Interditada, evento realizado no último domingo, foi organizado para dar continuidade aos projetos culturais do espaço, criado pelo carioca Pietro Luigi de 39 anos. (Foto:Adriano Fernandes)

A Subcultura Records é uma das 49 lojas da antiga rodoviária de Campo Grande a ter de fechar as portas por conta da interdição do prédio na última terça-feira (27). Com música, poesia e literatura, o espaço movimentou o lugar por 1 ano e 7 meses e mostrou neste domingo que vai continuar fazendo barulho, independente do endereço.

Amigos, clientes e artistas colocaram na rua o "SOS Subcultura Records: Cultura Interditada", uma reação ao fechamento e uma forma de mostrar a contribuição à cidade de projetos culturais como os criados pelo carioca Pietro Luigi, de 39 anos, dono da loja.

Ele movimentava a antiga estrutura no bairro Amambaí com ideias como o Poesia na Calçada e o Trilha do Café, que distribuía café e pão com manteiga gratuitamente, todas as manhãs, enquanto rolava leitura e boas conversas sobre arte.

Para ele, a interdição acabou com um espaço que possibilitava o encontro de diversas tribos e culturas da cena alternativa. “O local permitia a interação entre as pessoas, a possibilidade de falar sobre qualquer assunto, curtir uma boa música e tudo de forma colaborativa”, ele conta.

Inah dos Anjos foi uma das organizadoras do evento deste domingo, realizado na Vila Planalto. Ela participa do movimento por acreditar que, ao interditar a antiga rodoviária, entra em jogo a construção de um ambiente que mostrou ter vocação para a arte, apesar da completa falta de investimentos. “Fechar um espaço como a antiga rodoviária, abala principalmente as pessoas que dependem daquele lugar. Nunca houve uma ação efetiva para um espaço tão bom, mas tão esquecido quanto aquele.”

Por meio da música, poesia e literatura, o espaço por um ano e sete meses movimentou um dos prédios mais esquecidos da Capital.(Foto:Adriano Fernandes)
Por meio da música, poesia e literatura, o espaço por um ano e sete meses movimentou um dos prédios mais esquecidos da Capital.(Foto:Adriano Fernandes)

O rapper Mano Xis, integrante do grupo Falange da Rima, sabe da importância de lugares onde o comercial não é o mais importante. “Era um espaço onde nós podíamos mostrar o nosso trabalho, a cultura que vem do gueto e que tem que ser levada a sério. Espaços como o do Pietro, divulgavam não só a música, mas a cultura do grafite, da poesia e que faz falta para a juventude.”

A primeira Subcultura foi aberta na Rua 26 de Agosto, mas se manteve por apenas seis meses. Desde então, o produtor cultural montou sebo, trabalhou em livrarias, mas o desejo de ter um espaço próprio se manteve.

Em 2013, uma segunda tentativa fez nascer a versão online, do que, no ano seguinte, se tornou a Subcultura Records, em uma das salas da antiga rodoviária. No local, além da venda de discos e livros, eram realizados shows e até festival de poesias. O nome fala de uma cultura produzida à margem, “marginal”, mas que nem por isso deixa de ser de qualidade.

Há esperança de que o prédio da antiga rodoviária volte a funcionar, mas com o movimento deste domingo Pietro quer encontrar parceiros para fazer o projeto vingar, independente de onde funcione a loja. “Quero voltar para minha antiga loja, mas, mesmo que a interdição permaneça, ela vai continuar existindo. Se não for na antiga rodoviária, vai ser em outro endereço, não sei nem como, nem quando, mas vai”, conclui.

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