Mesmas histórias nunca perdem a graça para quem serviu quartel nos anos 90
Tem coisa que mesmo contando mil vezes não deixa de ser engraçada e para os amigos que se conheceram em 94 é desse jeito
Sabe aquelas histórias que já está enjoado de ouvir, mas nunca perde a graça? Pois é, para os amigos que se conheceram no quartel em 1994 é assim. No último fim de semana, eles se reuniram em Campo Grande para matar a saudade dos velhos tempos. Foram 55 ex-militares que se sentaram em volta da churrasqueira para rirem juntos das gafes e punições que receberam no local.
“As novidades são poucas, mas as histórias ainda assim são engraçadas. É soldado que foi pego em operação, as bagunças. A maioria das histórias engraçadas é quando a pessoa entra no exército porque não sabe marchar e tem que correr em volta do quartel, as gírias”, conta Odair José Lima.
Aos 45 anos, hoje ele é advogado e relata que serviu quartel por quatro anos, de 92 a 96. “Entrei soldado depois virei cabo e saí. É um serviço temporário, o limite daquele período era quatro anos. Depois que saí, montei um bar lanchonete em frente ao quartel, continuei perto dos colegas e fiz novos amigos”, diz.
“Mas o meu contato e as amizades são com todos do 9⁰ Batalhão de Suprimentos, mais especificamente da 2⁰ Cia do Batalhão de Suprimentos, a chamada fazendinha, que fica na Fernando de Noronha, próximo ao cemitério Santo Amaro”.
Neste ano, foi Odair quem organizou a reunião com os amigos e deu quase 200 pessoas contando com as esposas e filhos dos ex-militares. Veio ex-soldado de Rondonópolis, Campinas, Guarará e até Brasília para curtirem um dia de churrasco, cerveja e boas risadas.
“Criamos um grupo no WhatsApp e adicionamos as pessoas que serviram o quartel. Alugamos um espaço, contratamos pessoas para servirem drinks e passamos o dia assim. A ideia do primeiro encontro foi de outro amigo e a partir daí resolvemos nos reunir anualmente”.
Odair comenta que sempre foi “caxias” no quartel, então não tem muitas coisas para contar, mais é ouvir. “É uma gíria que significa que fazia tudo certo”, explica ele. No encontro do fim de semana, sentou na roda dos amigos e com uma latinha na mão bebia e “rachava o bico” dos companheiros.
“Tem um caso de um tenente que chegou 1h no alojamento e deu um tiro de fuzil, simulando um ataque. Os soldados saíram do jeito que estavam para pegar armamento e entrar em forma. Tem o uniforme de dormir que chama 5° A e no meio da confusão um soldado estava só de cueca, que estava furada”, lembra Odair rindo muito do ocorrido.
Outra história que os amigos não esquecem é da vez que um soldado estava no primeiro dia de instrução e chamou a munição de bala. “O tenente ouviu e disse: 'se é bala então chupa'. Ele ficou lá a instrução inteira chupando a munição como se fosse bala”, recorda Ezequiel Costa Machado.
Hoje ele é caminhoneiro, mas ainda é conhecido pelo apelido de guerra. “Sou o Ratão, agora gosto desse apelido. Isso começou porque estávamos em forma e um tenente me viu e disse que parecia o Dumbo, passou a me chamar de super mouse e o povo continuou chamando assim, depois aprimoraram”, diz Ezequiel.
E foi assim, entre lembranças de histórias que todos sabem na ponta da língua, mas que nunca perdem a graça, que o encontro aconteceu, pois só quem viveu sabe como é a vida de gafes e punições de um soldado. A reunião encerrou ao final do dia, porém antes todos deram um pulo na piscina, beberam muito e aproveitaram a companhia dos colegas que devem rever em 2020.