Musas de escolas de samba de Campo Grande provam que não basta ter ginga
Além de meses de ensaios, rainhas de bateria passam por mudança na alimentação, dobram os exercícios físicos e apostam nas vitaminas para reforçar o organismo
Não basta ter samba no pé. É preciso muita preparação para resistir e fazer bonito nos mais de 4 km de extensão da Passarela do Samba de Campo Grande. Na última segunda-feira (12) e neste sábado (17) ocorreram os desfiles dos grupos de acesso e especial e as musas e rainhas de bateria brilharam.
Tratamentos estéticos, musculação, dieta, vitaminas e muita hidratação são alguns dos passos para aguentar mais de uma hora sambando, sorrindo e cantando o enredo das escolas.
A atendente Kellen de Souza, de 24 anos, desfilou na segunda-feira pela Escola de Samba Cinderela Tradição, do José Abrão, agremiação que já representa há três anos como rainha de bateria. A bateria puxada pela passista botou para quebrar na primeira noite de desfiles.
Contornada por belas curvas, Kellen aposta na hidratação. “É muito ensaio, mudança na alimentação, massa cima de tudo muita hidratação. Nos perdemos muito líquido durante o desfile e bom estar preparada”, disse.
A micro-empresária e fisiculturista Lielly Sambrana, de 32 anos, brilhou na avenida como rainha de bateria da Escola de Samba Unidos do Aero Rancho.
O corpo bem definido revela treino pesado na academia e, como resultado, maior facilidade para atravessar a longa passarela. “É cansativo, mas confesso que fica mais fácil por ser atleta. O desfile foi maravilhoso, estou muito feliz”, disse.
Comandando a bateria da Igrejinha há nove anos, Selminha prestígio, no auge dos 45 anos, brilhou muito mais que esperado, pois aderiu as luzes de leds, em parte de seus adereços da cabeça.
Os ensaios diários de mais de 4 horas, não são suficientes para aguentar a extensão da pista. “É preciso mudar a alimentação, praticar exercícios físicos e no lugar das “folhinhas” muita massa, carboidrato pra aguentar, senão desmaia”, alertou a passista.
Rebecca D’Albinie, 30 anos, tirou o fôlego de muita gente em sua passagem pela avenida. A passista já havia sido rainha da escola Carvalho em 2005, em 2006 passou a rainha da bateria e após uma pausa voltou a frente dos tambores há três anos. Fora da passarela, Rebecca, que é advogada, atua como servidora pública federal.
A alimentação da passista mudou em agosto de 2017. “Para complementar a dieta e aguentar o ‘cardio’ de samba frenético, me concentrei em treinos funcionais, além dos ensaios com a escola”, disse.
A adolescente Lara Morena, de 17 anos, comanda há dois a bateria da escola Deixa Falar, mas carrega o posto desde os 13 anos. A pequena grande musa é considerada a mais nova rainha de bateria do Estado.
Com samba na ponta do pé, a adolescente afirma não alterar a rotina, além dos ensaios e confessa que conta com a ajuda da idade para “dar conta” da passarela. “É muito ensaio, mas não faço nada diferente do que no resto do ano. Não mudo alimentação nem nada, é garra mesmo e vontade de fazer a festa bonita”, disse.
A rainha de bateria da escola Os Catedráticos do Samba Rhayssa Ortogosa, também tem 17 anos. A frente dos tambores há dois anos, a musa mirim também encontra mais facilidade para manter o “pique”, mas garante que a alimentação é muito importante.
Fora das passarelas, atualmente, Rhayssa só estuda e garante que os ensaios foram o segredo para a resistência. “Ensaios diários de quatro horas são um grande preparo, mas também tomo vitaminas para ajudar”, disse.
As demais rainhas de bateria não foram encontradas nos barracões ou após os desfiles.