Músicos reclamam de “calote” da Fundac e falam em mover ação coletiva
Artistas de Campo Grande que trabalharam em eventos promovidos pela Fundac (Fundação Municipal de Cultura), em 2013 e este ano, estão indignados com órgão. Pelo menos 100, segundo informações extraoficiais, estão há meses sem receber pelos serviços prestados e, pelo visto, terão de brigar na justiça. A dívida da fundação, de acordo com as denúncias, pode chegar a R$ 100 mil.
A reclamação parte de todos os cantos. Diretor do sindicato dos músicos, Raimundo Galvão, foi um dos que “botou a boca no trombone”, porque não viu a cor do dinheiro. Nesta quinta-feira (8), no Facebook, o músico disse que vai entrar em contato com outros artistas prejudicados para levantar o calote da Prefeitura e cobrar uma posição da fundação, a quem também tachou de caloteira.
“Um órgão que deveria zelar pelo a cultura e honrar os artistas está usando uma prática politiqueira e desonesta. Está dando um golpe nos pequenos cachês dos artistas de Campo Grande. É brincadeira. Isso é muito vergonhoso. Acabei de ser informado que esses pagamentos atrasados não serão pagos e ainda nos orientaram a entrar na justiça para receber”, escreveu.
Galvão foi um dos músicos que se apresentou na Cidade do Natal, no final do ano passado. O valor acertado com o município, para uma apresentação que durou 40 minutos, foi de R$ 700,00, e o prazo para pagamento, segundo ele, era de 15 ou, no máximo, 20 dias. Cinco meses se passaram e, até agora, o dinheiro ainda não foi disponibilizado.
“A Fundação de Cultura alega que a Procuradoria do Município não reconhece esses cachês porque são de contratos da gestão passada, mas isso é um absurdo. [...] Isso é ridículo. É ridículo judicializar a miséria, porque a fundação trata os artistas como mendigos miseráveis”, afirmou, ao comentar que a dívida do órgão, só com cachês atrasados, pode chegar a R$ 100 mil.
A cantora Ana Cabral relata o mesmo problema, menciona o mesmo valor e fica ainda mais indignada por saber que a Fundação não pagou os artistas regionais, mas trouxe, recentemente, a Oficina G3 para Campo Grande. “E, pelo que soube, pagaram a banda duas semanas depois da apresentação”, relata.
E Ana, que trabalhou na posse da secretária municipal de políticas para as mulheres, Jacqueline Hildebrand, em janeiro, ainda não recebeu. “O cachê é de R$ 1 mil e era para ser pago após 15 dias. Pediram toda a papelada. Fui à Fundac umas três, quatro vezes, fiz todo o procedimento e fiquei no aguardo, mas ficaram me enrolando e até hoje estou a ver navios”, conta.
Ela também não recebeu justificativa. Begèt De Lucena, outro cantor de Campo Grande, enfrenta a mesma situação. “Fiz um trabalho para a Fundac no ano passado, em dezembro, na Praça do Peixe. Deram prazo de 40 dias para o pagamento do cachê (R$ 600,00) e esse prazo foi se estendendo. Estamos em maio e eu ainda não recebei”, conta.
Hoje, Begèt ligou, novamente, para a Fundação, mas nada foi resolvido. “Disseram que mandaram os pedidos para a Procuradoria do Município e a resposta foi de que os cachês não seriam pagos e que, se a gente quisesse receber, teria de entrar na justiça”.
Os artistas prejudicados, os três ouvidos pela reportagem, pretendem se reunir para entrar com ação coletiva contra o município. O Lado B procurou a diretora-presidente da Fundac, Juliana Zorzo, mas não conseguiu contato.