Na alegria e na tristeza, Vila Carvalho comemora 50 anos e vira enredo em 2019
Escola abriu as comemorações de aniversário neste sábado e promete um Carnaval inesquecível.
Carnaval, é talvez a celebração mais plural e democrática ainda em Campo Grande. Festa que há 50 anos a Vila Carvalho realiza com orgulho. Neste fim de semana, a escola de samba mais antiga da cidade comemorou seu aniversário que será enredo de 2019 e promete levar à avenida a história mais bonita que o povo nunca imaginou escutar.
Com muito samba e o verde e rosa em destaque no barracão da escola, localizado na Vila Carvalho, o público saudou os mais antigos e aproveitou para falar da história desde que um morador, apaixonado pelo samba, deu início a agremiação.
Presidente há 45 anos, José Carlos de Carvalho, de 75, já assistiu várias transformações da Carvalho. Mas nada o emociona mais do que ver o amor que ainda resiste mesmo com um caminho de alegrias e tristezas. “É a alegria de vencer e a tristeza de perder. Essas duas coisas fazem parte da nossa história, é inevitável, mas quando vejo a força que a gente tem para recomeçar, isso até me arrepia”, descreve José.
Por isso, o enredo da escola no desfile de Carnaval em 2019 vai narrar essa história. “Carnaval dos carnavais, Jubileu de Ouro. A Vila Carvalho conta, canta e encanta nos seus 50 anos”, narra o presidente mostrando o enredo que já estampa a camisa oficial da escola.
E o que mantém viva a vontade de fazer um Carnaval irreverente e alegre na cidade é a tradição, característica que fez o comerciante Robson Simões, de 60 anos, hoje diretor cultural e que se apaixonou pela Vila há 14 anos. “O grande legado que a vila tem é a tradição, porque querendo ou não, em termos de regras de tradição, ela é fortalecida em raízes, ancestralidade, antepassados. Então existe alegria e tristeza que acabam dando um certo sabor para quem deseja ver a escola crescer e amadurecer cada vez mais”.
Com voz irreverente, Paulo Pereira, conhecido como Tim da Vila, de 50 anos, não se esquece dos primeiros instrumentos desde que os pais o levaram para a escola de samba ainda pequeno. “Eu lembro de mexer nos instrumentos e ficar apaixonado pelas cores, harmonia que encanta qualquer criança. Era meu destino continuar na escola”.
Intérprete e compositor ele tem o desafio de encantar o público com as palavras sem chance de perder o fôlego durante os 70 minutos de desfile. “São 365 dias de preparo definidos em apenas 70 minutos. A história de uma escola de samba é sempre essa. Por isso a gente precisa fazer tudo com muito amor e respeito, não tem outra regra”.
Se Carnaval combina com humor, dona Roselane Alves Varanis, de 60 anos, não perde a maestria do sorriso toda vez que vê a Vila Carvalho comemorar mais um ano. Porta-bandeira conhecida na escola, esse ano ela ganhou um destaque diferente, será homenageada em uma das alas da escola. “Eu fiquei tão feliz e emocionada que meu coração não está aguentando de ansiedade para ver como será tudo ano que vem”.
Ela conta que ficou sabendo da homenagem em janeiro, mas até agora sabe poucos detalhes e acredita que mais uma vez, a Vila Carvalho vai surpreender. “Eu amo essa escola porque além de fazer bonito, ela é escola que luta pelo Carnaval e pelo o que ele significa para a gente”, diz Rose.
Já dona Eda Alves, de 64 anos, chegou à escola do jeito que muita prefere ficar distante, pelo barulho. “Foi escutando o batuque da minha janela. Moro bem na frente da escola e um dia não aguente aquela barulheira e resolvi entrar no barracão. Foi amor à primeira vista”, conta.
Em 14 anos de história com escola, ela já levou as fantasias para casa e hoje é aderecista que bate a cabeça para que cada tudo fique pronto com muitos detalhes. “Eu sou chata, gosto de tudo muito bem feito, porque é um momento único e a gente não pode errar. Então cada adereço é feito com amor, não tem outro jeito”.
E para quem acha que levar uma escola à avenida é folia, o presidente ensina. “Tem gente que acha que fazemos a vida com dinheiro da escola. Mas aqui não existe lucro, o que fica para a gente é a felicidade em conseguir desfilar e o investimento é para fazer um Carnaval de verdade e manter a tradição. Porque ninguém se sustenta com o dinheiro da escola, mas a gente vive ela e respira o samba, isso sim é gratificante”.