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Diversão

No norte do Peru lindas paisagens e um hostel que me fez sentir em casa

Lucas Arruda | 06/09/2015 09:24
Olhando para o azul turquesa incrível da Laguna 69 e pensando na vida (Foto: Arquivo Pessoal)
Olhando para o azul turquesa incrível da Laguna 69 e pensando na vida (Foto: Arquivo Pessoal)

Há quem diga que "não há lugar como nosso lar". Eu já acho que podemos ter um cantinho especial em cada lugar. Em Huaraz, no norte do Peru, encontrei um desses "santuários particulares".

Depois de decidir voltar a Campo Grande, saí de Quito e regressei para o Peru, resolvi conhecer Huaraz, situada no norte do país, aos pés da majestosa Cordilheira Branca.

Foram mais de 30 horas de ônibus direto para chegar a cidade, mas valeu muito a pena. De Quito peguei um ônibus por US$ 10 (R$ 31,50) para Guaiaquil, ainda no Equador. Depois peguei um por US$ 14 (R$ 44) para Piura, já no Peru. De lá peguei mais um para Huaraz por PEN 22 (R$ 22), agora já pagando em Nuevo Sol, moeda peruana.

Cheguei em Huaraz ainda de madrugada, às 5h da manhã, tinha o nome de um hostel que havia pegado o Caroline Family House, que era o mais barato, me custou PEN 15 (R$ 15) por noite.

Jantando com os novos amigos no hostel em Huaraz
Jantando com os novos amigos no hostel em Huaraz

Dormi e por ter acordado muito tarde não consegui fazer nenhuma tour próximo a cidade, mas me programei para o outro dia.

Durante o dia dei umas voltas pela cidade. No fim da tarde voltei ao hostel e fiz amizade com a suíça Eve, que estava hospedada ali há cerca de um mês. Ela me convidou para jantar com a família que tomava conta do hostel e fui jantar com eles.

Começamos a tomar umas cervejas antes da comida ser servida e na hora de servir apareceu mais gente, que também já estavam ali há semanas ou meses e tinham se tornado amigos da família.

Aquele lugar foi aonde estive mais perto de um cantinho para chamar de lar longe de casa, mesmo dormindo num quarto com quatro camas, pois estava com uma família muito acolhedora e fiz muitos amigos também.

Geleira de Pastoruri fica há três horas de Huaraz. Segundo o guia turístico ela derreterá em 5 anos
Geleira de Pastoruri fica há três horas de Huaraz. Segundo o guia turístico ela derreterá em 5 anos

Comemos e até algumas doses de absinto acabei tomando, afinal a garrafa apareceu na mesa e eu não podia recusar. Depois ainda rolou uma festinha com os hóspedes mais jovens do hostel, junto com os proprietários de mesma. Até virei DJ por alguns momentos, colocando samba a pedido dos novos amigos.

Na manhã seguinte, apesar da ressaca, fui conhecer um lindo lugar há três horas da cidade, a geleira de Pastoruri.
Saí com mais alguns hóspedes, cinco franceses, um português e um peruano, para a tour no meio da manhã. O passeio me custou PEN 45 (R$ 45) já incluso a entrada do parque de Pastoruri.

No caminho o guia falou um pouco sobre a região, afirmando que a neve da cordilheira derreterá dentro de 20 anos e, pior ainda, que a geleira de Pastoruri não existirá mais em no máximo cinco anos, tudo por conta da ação do homem. Fiquei um pouco aliviado de conhecer o lugar antes de sua extinção.

Lindas montanhas rodeiam o caminho de 40 minutos até a geleira
Lindas montanhas rodeiam o caminho de 40 minutos até a geleira
A vista também era deslumbrante no caminho para a Laguna 69
A vista também era deslumbrante no caminho para a Laguna 69

Foram três horas até a parada antes de ir a pé à geleira. Lá o guia disse que podíamos pegar chuva, ventania e até neve. Fiquei torcendo para nevar, já que não conheço a neve, em vão.

Já na caminhada dava para ver a grandiosidade e beleza do lugar. Foram uns 40 minutos de caminhada numa subida não muito íngreme até a geleira, que tem uma beleza incrível. Para os mais preguiçosos, são oferecidos cavalos para enfrentar a subida, mas o serviço custa PEN 7 (R$ 7).

Na geleira pude sentar e pensar um pouco sobre o fim da viagem, já que estava no caminho de volta. O lugar é incrível, mas a reflexão não durou muito, pois o frio só aumentava. A volta foi mais tranquila e voltei dormindo, o cansaço acumulado da noite anterior bateu.

Eu e Maissa, a amiga francesa feita no caminho para a Laguna 69
Eu e Maissa, a amiga francesa feita no caminho para a Laguna 69

Nesta noite não jantei com a família do hostel, acabei cozinhando e fui dormir cedo, no outro dia iria fazer uma nova tour e iria sair às 5 horas da manhã.

Saí bem cedo do hostel no outro dia, junto com a francesa Maissa (tinha muitos franceses por lá). Na van ora cochilávamos, ora conversávamos.

Estávamos indo para a Laguna 69 e dessa vez o esforço físico iria ser bem maior. Também foram três horas até a parada final com o carro. De lá o guia alertou que seriam três horas de viagem e que também poderia chover, ventar muito e nevar.

Dessa vez o guia foi mais certeiro: ventou muito, choveu até granizo durante o caminho até a lagoa, mas a neve não veio mais uma vez, só para me frustrar.

Apesar das condições climáticas não estarem muito favoráveis a uma longa caminhada e o caminho ser muito mais sinuoso do que o do dia anterior, cheguei a linda lagoa azul turquesa em pouco mais de duas horas.

Não conheço a Gruta Azul de Bonito, mas com certeza a Laguna 69 não deve ficar muito atrás em relação à beleza. A cor já chama atenção um pouco de longe e acima os picos de neve completam a linda paisagem. Com certeza aquele foi o lugar mais lindo que passei durante os três meses que viajei.

A água era muito gelada, coloquei minha mão para sentir a temperatura, que externamente já estava muito baixa, e ela quase saiu congelada.

A curitibana Carol, uma sul-coreana e eu na Laguna 69
A curitibana Carol, uma sul-coreana e eu na Laguna 69
Até chegar a lagoa azul turquesa peguei chuva, granizo e muita ventania
Até chegar a lagoa azul turquesa peguei chuva, granizo e muita ventania

Andando em volta da lagoa, junto com os outros turistas que tinham ido junto comigo, vi que tinha uma brasileira de Curitiba e fomos conversar, fazia algumas semanas que não exercitava o português.

A volta fiz com ela, muito mais tranquila por ser descida. Voltamos conversando e falando sobre o Brasil, até Huaraz. Nessa noite ainda jantei mais uma vez com a família do hostel, estreitando os laços de amizade.

No outro dia fui atrás de passagem até Lima, tinha que ir para o sul e por conta das montanhas teria que passar por cidades que já havia passado. Só encontrei passagens para a noite.

Durante o dia fiquei com os novos amigos de Huaraz, já me sentindo parte da família. Na tarde do meu último dia lá ainda jogamos uma partida de vôlei numa escola próxima.

A noite me despedi, já com uma ponta de saudades daquele lindo lugar e também de conhecer novos lugares pela América do Sul. Agora é voltar para casa!

Da parada até a Laguna 69 são quase três horas de caminhada
Da parada até a Laguna 69 são quase três horas de caminhada
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